Cotidiano

Programa de policiamento comunitário é implantado no Conjunto Pérola pela PM

Lançado na noite de sábado, iniciativa visa integrar ações conjuntas com os moradores de monitoramento e combate a ilícitos

Com objetivo de inibir o crescimento da criminalidade, a Polícia Militar de Roraima (PMRR), por meio do Comando de Policiamento da Capital (CPC), lançou na noite de sábado, 20, o programa de prevenção primária “Vizinhança Solidária e Segura”. Gerenciado pela Coordenadoria de Policiamento Comunitário e Direitos Humanos da PM, a iniciativa integra ações conjuntas de monitoramento e combate as ocorrências de ilícitos, aproximando a polícia da comunidade.

O Conjunto Habitacional Pérola do Rio Branco, no bairro Dr. Airton Rocha, zona oeste, foi escolhido como a primeira localidade a ser assistida pelo programa devido ao alto índice de violência na região. “O critério que nós utilizamos para instalar esse projeto de vizinhança comunitária se deu justamente em decorrência dos altos índices de roubos e furtos naquela localidade. Essa já era uma ideia que vínhamos idealizando nos últimos tempos aqui, no Estado. Diante disso, a própria comunidade se mobilizou e, juntamente com a Coordenadoria, idealizou uma proposta que visasse integrar ações conjuntas que poderia ser úteis para minimizar esses problemas”, afirmou o coordenador de Policiamento Comunitário da PM, major Miguel Arcanjo.

Conforme o major, devido à grande extensão de terras que abrangem aquele conjunto, vizinho ao Anel Viário, que é uma área desabitada, as ações do projeto vão ocorrer por meio da comunicação entre núcleos. Cada localidade será responsável pelo monitoramento de sua área, onde os membros poderão relatar, de forma rápida, qualquer tipo de anormalidade, facilitando o trabalho das equipes da PM.

“Por meio do Conselho Comunitário, serão realizadas reuniões onde os núcleos, que a gente chama de ‘Argolas’, passam a realizar a vigilância do perímetro onde estão inseridos, monitorando os problemas que por ventura possam acontecer. A comunicação entre as ‘argolas’ vão se dá por meio de redes sociais e aplicativo de mensagem Whatsapp, funcionando como câmeras naturais. Isso vai fazer com que o tenente responsável pela gerência do projeto na área, que definimos como ‘gestor’, consiga ter uma compreensão do problema que está ocorrendo naquela área, dando uma resposta mais célere para os moradores”, frisou.

Ainda segundo ele, a pretensão é estender o programa para outras localidades da cidade, havendo a confirmação dos estudos de implantação do projeto Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, também na zona oeste da Capital e local de várias ocorrências policiais. “A única diferença entre o projeto que está sendo implantado no Pérola do que vamos inserir no Vila Jardim é que este último dispõe de um policiamento específico, por meio de uma base comunitária instalada na Escola Irmã Maria Tereza Parodi, que foi militarizada pelo governo. Isso tem possibilitado um retorno positivo não só para a população, como também na execução das nossas ações de trabalhar o preventivo e aplicar o repressivo somente quando necessário. Atrelado a esse projeto, estamos inserindo junto a essas comunidades outras iniciativas, como o ‘Bom de Bola, Nota 10 na Escola’, que trabalha com aproximação das crianças com a polícia, o ‘Projeto Picasso’, que trabalha com o grafite como expressão de arte, dentre outras iniciativas que visam tirar os jovens da ociosidade”, complementou.

Por trabalhar a aproximação entre a população com as ações da PM, Miguel Arcanjo acredita que o projeto tem tudo para se tornar à solução no combate à marginalidade que vem crescendo no Estado. “A gente sabe que o ideal é que houvesse pelo menos uma viatura policial para cobrir ostensivamente cada bairro, no entanto, é sabido também que infelizmente existem as limitações, mas, apesar disso, a PM tem feito o que está ao seu alcance para atender a população como ela merece. E é por isso, que nós temos a plena certeza de que, trazendo a comunidade para perto das ações da polícia, teremos maior êxito no enfrentamento da criminalidade no nosso Estado”, destacou.

Moradores acreditam que parceria com a PM vai reduzir criminalidade
 
Criado há pouco menos de sete anos, o Conjunto Residencial Pérola do Rio Branco está localizado próximo à saída da Capital para o estado do Amazonas, fazendo parte do bairro Dr. Airton Rocha.  Sua concepção urbanística se deu graças à construção de casas destinadas a pessoas de baixa renda, por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

Considerado um marco para a expansão urbana da Capital, a localidade tem sofrido por conta do crescimento da criminalidade, sobretudo por conta do tráfico de drogas e ocorrências de roubo e furtos a residências e estabelecimentos comerciais. “Eu sou praticamente um dos primeiros moradores. Aqui era um bairro bastante tranquilo. A situação veio a piorar nos últimos quatro anos e, infelizmente, a polícia tem falhado ao tentar resolver os problemas daqui”, comentou o caixa de supermercado Izandro Mascarenhas, 32 anos.

Ele disse que o clima de insegurança é muito presente entre os moradores do conjunto, mesmo eles tentando a todo custo se protegerem do crescimento da criminalidade no bairro. Com o anúncio da implantação do programa de prevenção primária “Vizinhança Solidária e Segura”, da Polícia Militar, os moradores acreditam que haverá uma diminuição significativa nas ocorrências de furto na região, que tem se tornando uma dor de cabeça para muitos deles.

“Na minha casa, por exemplo, um bandido roubou o televisor. A gente liga pra polícia, mas há muita demora na pronta resposta. Eu espero que a implantação desse programa possa fazer com que essa onda de arrombamentos possa diminuir no nosso bairro”, comentou.

O sentimento do caixa de supermercado Izando é o mesmo da dona de casa Vlérida Martins, de 30 anos. Para ela, a ideia de tornar a comunidade parceira nas ações policiais fará com que grande parte dos problemas de segurança do Pérola passe a ser um obstáculo superado para o poder público e para os moradores.  

“É uma situação bem complicada porque, quando acontece alguma coisa, a polícia se atrasa e na maioria das vezes não consegue chegar a tempo para resolver. Inclusive, aqui na quadra atrás da minha casa, no ano passado, roubaram uma residência três vezes. Então, eu acredito que a implantação desse programa vai dar uma freada na ação desses criminosos aqui no bairro”, complementou. (M.L)