Cultura

Psiquiatra explica os sintomas da doença

Hoje em dia é muito difícil achar alguém que nunca ouviu falar em síndrome do pânico, mas até bem poucos anos atrás era um transtorno psiquiátrico muito pouco conhecido, os pacientes antigamente normalmente sofriam deste transtorno anos e anos sem tratamento, prejudicando muito sua qualidade de vida.
 
É normal qualquer pessoa entrar em pânico em situações específicas, como refém de um assalto, em um acidente de transito. Para a psicanálise, isto seria uma crise de pânico considerada “normal”.

“Existe pessoas que sofrem de fobias, como medo de barata, medo de elevador, medo de lugares escuros, esta crise de pânico que necessita de “contato” com o agente agressor chamamos de fobia. Tais fobias são específicas para um grupo de pessoas, não ocasionando crise na maioria das pessoas, o que seria então uma crise de pânico que se classificaria como síndrome do pânico? A resposta é simples, crises de pânico em situações que não são consideradas hostis para a maioria das pessoas, nem contato físico com o agente agressor, gerando medo intenso, com variados sintomas físicos e psicológicos”, explica o psiquiatra Alberto Iglesias.

Segundo ele, muitas vezes, o paciente está em casa assistindo televisão, lavando uma louça, se divertindo numa festa e a crise de pânico se manifesta.

As pesquisas recentes indicam que 1% da população tem pelo menos um ataque de pânico por ano, 5% das pessoas já tiveram um ataque de pânico pelo menos uma vez na vida, sendo 1% destes com agorafobia, o que chamamos “medo de ter medo”, levando o paciente a evitar sair de casa.
 
Entre os sintomas estão tonturas que levam ao pânico, arrepios e calores seguidos de ansiedade, falta de ar e apertos na garganta e no peito, falta de conexão com o que se passa à sua volta, preocupações obsessivas e pensamentos indesejados, batimentos cardíacos muito rápidos e formigamento no corpo, o paciente acredita estar tendo um infarto ou morrendo e um medo aterrorizador que o pânico vai fazê-lo passar dos limites.

Entre as situações que podem acontecer a pessoas com síndrome do pânico estão: Ir parar ao pronto-socorro ou ao hospital porque pensam que estavam a ter um ataque cardíaco, mas afinal era ansiedade ou quando o paciente tem medo de parar de respirar porque têm um aperto no peito e a respiração irregular.

O especialista também relata o medo que a pessoa tem de dirigir e ficar parada no trânsito, numa ponte ou num sinal vermelho, o nervosismo e medo de perder o controle e ficar maluco e desconforto em lugares fechados como shoppings, supermercados, cinemas, transportes públicos.

“Nervosismo e ansiedade em situações que antes eram normais, hoje, em decorrência dos sintomas perturbadores que acompanham o transtorno de pânico, frequentemente são confundidos com outras doenças em emergências de hospitais. Tal confusão pode agravar o quadro do indivíduo. Muitos exames devem ser feitos para descartar outras possibilidades, gerando ainda mais ansiedade”, ressalta o médico.
 
Tratamento

O tratamento do transtorno de pânico inclui medicamentos para ansiedade e psicoterapia. Durante as crises uma técnica simples pode ser utilizada para diminuir o mal estar, sobretudo no peito: inspirar o ar pelo nariz até que se infle totalmente a caixa torácica, prendê-lo por dois a quatro segundos, e soltar o ar bem devagar pela boca.

“O exercício pode ser repetido por algumas vezes até que se obtenha a melhora da sensação de dor ou desconforto no peito. O aprendizado de que o controle dos sintomas pode ser feito através do controle da respiração é extremamente útil no tratamento a longo prazo da Síndrome de Pânico”, explica o médico.

Os profissionais de saúde mental que tipicamente acompanham um indivíduo no tratamento do transtorno de pânico são os psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais. Para prescrever um tratamento medicamentoso para o transtorno de pânico, o indivíduo deve procurar um médico especialista (geralmente um psiquiatra).

“A psicoterapia é tipicamente assistida por psicólogo, enquanto que o psiquiatra é, por formação, o mais preparado para a prescrição de medicamento. Medicamentos ou técnicas modernas podem ser utilizados para quebrar a conexão psicológica entre uma fobia específica e os ataques de pânico”, finaliza.