Cotidiano

Quase 120 indígenas venezuelanos deixam RR e migram para o Amazonas

Governo do Estado vizinho realizou levantamento e constatou que 95% indígenas estrangeiros são da etnia warao, divididos em 31 famílias

Indígenas venezuelanos da etnia Warao estão migrando em massa para o Amazonas e vivendo da mesma maneira como viviam aqui em Roraima, em locais públicos, sujos, sem alimentação e esperando a caridade dos brasileiros. O motivo de os indígenas estarem ali é o mesmo alegado por eles quando estavam aqui: falta de comida e de dinheiro na Venezuela, que sofre grave crise econômica e humanitária.

Segundo informações obtidas com a Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Amazonas (Sejusc), diante da presença dos indígenas venezuelanos em Manaus, foi criado um Grupo de Trabalho, sob a coordenação da pasta.

O grupo é composto por 12 instituições públicas e da sociedade civil, dentre as quais, a própria Sejusc, a Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Federal e a Delegacia do Migrante, a Pastoral do Migrante, a Associação de Redução de Danos do Amazonas (Ardam), a Fundação Estadual do Índio (FEI), além da Fundação Nacional do Índio (Funai), que participa como convidada pelo fato de os imigrantes serem indígenas.

Um mapeamento realizado pelo Grupo, entre os dias 14 e 16 de fevereiro, constatou a presença de 117 venezuelanos, dos quais 95% indígenas da etnia warao, divididos em 31 famílias, vivendo em Manaus. Essas famílias estão espalhadas pelos bairros Educandos, na zona Sul de Manaus, no Centro e na Rodoviária.

De acordo com o governo amazonense, todos eles afirmam que não vão permanecer em Manaus, e que estão apenas de passagem. “Uma grande parte diz que vai embora em abril para outro local, sem especificar que local será este. Uns dizem que irão voltar para Roraima, outros para a Venezuela e outros afirmam que procurarão outros estados brasileiros”, informou.

Conforme a Sejusc, foi constatado que esta é uma característica deles, por serem nômades. “Prova disso é de que não aceitam a oferta de abrigo público, da Prefeitura ou do Estado. A maioria comporta-se como pedinte. Eles não têm ocupação econômica, apenas algumas mulheres fazem artesanato e vendem. São encontrados nos sinaleiros, geralmente mães ou avós com crianças fazendo mendicância”, afirmou. (L.G.C)