Cotidiano

RR ainda espera por ajuda e governo prevê caos com a migração em massa

Fluxo de venezuelanos cruzando a fronteira em direção a Roraima aumenta consideravelmente na medida em que crise avança no país vizinho

O fluxo constante de imigrantes venezuelanos cruzando a fronteira em direção ao Brasil, a partir do Município de Pacaraima, ao norte de Roraima, vem preocupando as autoridades. Em entrevista ao Programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, no domingo, 13, o chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Oleno Matos, afirmou que o Estado continua à espera da ajuda solicitada ao Governo Federal no dia 8 de agosto, para reforçar a segurança na fronteira.

Segundo ele, com base em estimativas, a previsão é que ainda este ano mais de dois milhões de venezuelanos vão procurar refúgio na Colômbia, país limítrofe com a Venezuela. “Em Roraima, este número pode chegar a 300 mil pessoas, que é aproximadamente a população de Boa Vista. Se isso realmente acontecer, será instalado um caos sem fim”, detalhou.

Conforme dados disponibilizados pela Casa Civil, desde o início do ano até o final do mês de julho, mais de seis mil estrangeiros adentraram o Estado por meio da fronteira em Pacaraima. O número é quatro vezes superior ao registrado durante todo o ano de 2016, quando 1.231 imigrantes entraram por esta mesma localidade.

Ele afirmou que esta entrada desenfreada aumenta a demanda por serviços públicos. “Na maternidade, 20% dos atendimentos são a imigrantes. Os números são ainda maiores quando se trata do Hospital Geral de Roraima [HGR]. Na educação, já temos mais de mil alunos imigrantes no ensino médio da rede estadual”, enumerou.

A imigração também contribui para o aumento da criminalidade. “Sabemos que muitos são bem intencionados e estão em busca de melhores oportunidades fugindo da crise humanitária, mas entre eles também existem pessoas que só pensam em fazer o mal. Atualmente, temos mais de 50 detentos venezuelanos em nosso sistema prisional. Pode parecer pouco, mas até pouco tempo atrás não tínhamos dez. Também são registrados diariamente boletins de ocorrência envolvendo imigrantes. O Governo Federal precisa reforçar a triagem [na fronteira]”, alertou Matos.

O chefe da Casa Civil destacou que a segurança na fronteira é de responsabilidade do Governo Federal. “Além de ser área de fronteira, boa parte da região é reserva indígena. O Estado faz o que pode, o que está ao alcance para controlar essa situação, mas não temos recursos e nem autonomia para isso”, frisou.

SOLUÇÃO – Essa semana o Exército já mandou mais ajuda para Pacaraima a fim de evitar entradas ilegais. Há alguns meses, o Governo Federal, por meio do Ministério da Defesa, enviou diversas barracas para Roraima, para que fosse montado um acampamento em Pacaraima, onde os imigrantes esperariam até passarem pela triagem. “Esse acampamento ainda não foi montado, pois espera a liberação da Funai [Fundação Nacional do Índio], que necessita aprovar devido à localidade fazer parte de uma terra indígena”, disse.

ELEIÇÕES 2018 – Ainda durante a entrevista ao Programa Agenda da Semana, o deputado estadual Oleno Matos, que faz parte do grupo de apoio ao Governo do Estado, afirmou que antes das eleições no próximo ano, a população deve avaliar os avanços da gestão de Suely Campos.

“Ela recebeu o Estado combalido. Teve que fazer mágica para honrar compromissos financeiros firmados por gestões passadas. Conseguimos sobreviver a essa dura crise que o país enfrenta e não deixamos de investir. Convocamos pouco mais de mil servidores aprovados em concursos que ainda estavam em prazo de validade. Recuperamos estradas, vicinais e pontes. Retomamos obras e ainda este ano iremos entregar o anexo do HGR e o Hospital das Clínicas. Esta semana também anunciamos a retomada das obras da penitenciária de Rorainópolis, ao sul do Estado, que irá desafogar o sistema prisional”, disse Matos.