Cotidiano

Reajustes diários de combustível inviabilizam vendas, afirma Sindpostos

Donos de postos estão demitindo servidores, ajustando o horário de funcionamento e reduzindo a oferta de serviços aos consumidores

Desde meados do ano passado, quando adotou uma nova política de preços para os combustíveis, a Petrobras já promoveu dezenas de reajustes no valor cobrado por litro de gasolina e diesel. Para o Sindicato dos Postos de Combustíveis de Roraima (Sindpostos), a estrutura de comercialização dos combustíveis está penalizando, com reajustes diários, os donos dos postos e os consumidores.

O presidente do Sindpostos, José Neto, detalhou que a nova política de reajuste dos preços de combustíveis adotada pela Petrobras tem provocado reflexos no mercado de forma negativa, impactando diretamente no consumidor, que sente no bolso o preço cobrado pelo litro.

“Em comum acordo, os 115 postos que integram o Sindpostos decidiram tornar público como está sendo feita a política de venda de combustíveis no país, inviabilizando totalmente os proprietários de postos, que, além de uma carga tributária excessiva, são obrigados a repassar para o consumidor este aumento exorbitante, que passa a ser diário para os proprietários de postos. Repudiamos a forma como o Governo Federal tem conduzido esta política, alinhando os preços nacionais, seguindo a variação do dólar”, comentou.

Segundo o presidente do Sindpostos, os revendedores de combustíveis tiveram que se adequar a essa nova postura de reajuste, penalizando diretamente seus colaboradores contabilizando uma redução em seu quadro funcional, ajustando o horário de funcionamento e a redução de oferta de serviços ao consumidor antes ofertado de forma gratuita.

“A maioria dos postos tradicionais na Capital e no interior estão passando por esta fase de adequação para não penalizar diretamente o consumidor. Da gasolina que compramos é deduzida uma série de impostos, paga à vista, antes mesmo da venda na bomba. Temos atualmente um quadro funcional estimado em 1.500 colaboradores diretos e em torno de 1.700 indiretos. A redução nas vendas tanto da gasolina e do diesel está nos obrigando a adotar medidas de redução drásticas, isso tudo por conta dessa política equivocada, para simplesmente contabilizar lucros nas refinarias em mais de 30% na gasolina e 26,68% no diesel, conforme dados apurados pela equipe do Valor Econômico. Não são dados fantasiosos, são reais e isso tem causado um efeito negativo em todo o país”, relatou.

CAMPANHA – José Neto adiantou que para esclarecer a população detalhadamente como está sendo distribuído o lucro para as revendas que absorvem a maior fatia deste processo de comercialização de combustíveis, nos próximos meses, será feita uma ampla campanha de esclarecimento, envolvendo todos os postos sediados em Roraima.

“Esta é uma intenção que já tínhamos decidido desde quando o Governo Federal começou a penalizar os revendedores de combustíveis, e precisamos tornar público este nosso descontentamento e as penalizações que recaem sobre o consumidor. O governo quer acumular riqueza em detrimento do consumidor. Isso está errado e precisa ser amplamente esclarecido, e assim possibilitar que a população saiba a origem destes reajustes abusivos, e possa cobrar de quem de fato deve adotar uma nova política em favor do consumidor. Os donos de postos de revenda de combustíveis não podem mais ser culpados, desrespeitados e penalizados por esta equivocada política imposta pelo Governo Federal com o intuito de beneficiar unicamente as refinarias, penalizando o consumidor com um reajuste de mais de 12,75% no acumulado de julho a outubro de 2017”, acrescentou.

OUTRO LADO – A reportagem da Folha entrou em contato com o setor de atendimento da Petrobras Distribuidora pelo número 0800-728-9001, em que foi solicitada uma demanda, registrado um protocolo e uma resposta seria encaminhada, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

População teve que adequar custos em razão dos altos reajustes

O consumidor também teve que se programar financeiramente, em razão dos constantes reajustes de combustíveis, a exemplo do servidor público Érico Martins de Oliveira, que detalhou que a família possui dois veículos. Com a alta no preço da gasolina e do diesel, teve que optar por utilizar apenas o veículo a diesel. “Trabalho no centro e minha esposa leciona no bairro Araceli. Antes cada um ia no seu carro, mas ficou inviável. Reduzimos a ida ao sítio e nos adequamos apenas com um transporte, utilizando o outro veículo a gasolina apenas para os finais de semana. Com o preço absurdo da gasolina, a solução foi cortar gastos, já que nosso salário não acompanha esta mesma evolução de alta”, detalhou.

Do mesmo modo, o gerente de vendas José Arlindo Noronha teve que optar para se deslocar até o trabalho com sua motocicleta e deixar o carro apenas para ser utilizado em caso de necessidade. “Até bem pouco tempo, a gasolina custava R$ 3,00 e eu utilizava o carro para todas as nossas atividades, tanto para o trabalho como o lazer. Hoje, nesta nova adaptação ao preço exorbitante de R$ 4,30 em alguns postos, tivemos que investir na reforma da moto e utilizá-la com mais frequência. Aconselho o consumidor a realizar uma pesquisa antes de abastecer”, disse. (R.G)