Política

Remídio defende Censo de imigrantes

A ideia é fazer um levantamento da quantidade de estrangeiros para definir uma política de acolhimento

A questão migratória tem afetado tanto a população local, quanto os estrangeiros que chegam ao estado. Os parlamentares federais dizem estar atentos ao problema e há tempos tentam dialogar com o Governo Federal em busca de solução para a crise.

Um dos que dizem ter buscado soluções é o deputado federal Remídio Monai (PR). Em entrevista ao programa Agenda Parlamentar na Rádio Folha 1020 AM, sábado, 10, o deputado lembrou a reunião que parte da bancada teve com o presidente Michel Temer (PMDB) e ministros para falar sobre a imigração.

Conforme ele, a reunião foi solicitada após o agravamento da crise e a vinda em massa de venezuelanos para Boa Vista, o que já vinha acontecendo há pelo menos dois anos, se concentrou no início de 2018.

Na reunião marcada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que contou com a presença da deputada Shéridan e dos deputados Hiran Gonçalves e Carlos Andrade foi entregue um documento com propostas para enfrentar o drama.

Uma delas trata da suspensão da entrada de venezuelanos pela fronteira entre Roraima e Santa Helena. Sobre a medida, o deputado esclareceu que o fechamento seria temporário.

“Nossa sugestão é que fosse suspensa provisoriamente a entrada de venezuelanos no Brasil e não de fechar a fronteira. A ideia seria a interdição por cerca de 15 dias, para que pudéssemos fazer um levantamento e saber quantas pessoas estão realmente em Roraima”, afirmou.

O parlamentar defendeu que os órgãos fiscalizadores não têm a real avaliação da quantidade de pessoas que estão no estado e isso dificulta a administração do problema.

Parte das pessoas que chegaram são indígenas, sendo do conhecimento público que os índios têm suas próprias culturas e normas, muitos não falam português, nem espanhol e não têm documentação.

“Como temos uma fronteira seca, muitos grupos passam distante do controle migratório da Polícia Federal (PF). Não sabemos exatamente quantas pessoas estão aqui. A PF tem o nome dos que passam por eles. Ninguém está sendo vacinado, ou seja, sem controle”, completou.

O deputado disse que a medida foi negada pelo Itamaraty, por conta dos acordos entre Brasil e Venezuela, impedindo o fechamento das fronteiras. “A nossa lei migratória é das mais liberais e não adianta contestar. É lei, está em vigor e deve ser cumprida”.

Apesar da negativa, o parlamentar salientou que a bancada ainda tenta uma suspensão provisória. Ele se diz preocupado com a possibilidade de a crise venezuelana afetar a segurança pública do Brasil.

Destacou que órgãos de controle do país averiguam a extensão do problema para evitar o crescimento da violência. “Uma das razões para a reunião no Suriname com os ministros foi para tratar da segurança pública dos países localizados nos arredores da Venezuela”, pontuou.

Governo Federal é omisso, acredita Remídio Monai

O deputado acrescentou que o Governo Federal tem ciência que o problema não começou em janeiro deste ano e pouco fez para ajudar na questão. “Ao longo dos últimos dois anos teve um agravamento da imigração. É lamentável que o Governo Federal tenha sido omisso”, afirmou.

Para Remídio, era preciso que o Governo Federal reforçasse as atividades federais no estado, talvez, com envio de agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e órgãos de saúde.

O parlamentar acredita que a omissão do Governo Federal reflita a falta de apoio político. Lembrou o caso do Acre quando recebeu recursos federais após a chegada de haitianos àquele estado, por conta de desastre natural.

“Queremos que o Governo Federal faça o que fez no Acre. Repasse recursos para saúde e segurança. Defina parceria com outros governadores para que recebam o excedente de imigrantes. Nós enfrentamos uma questão política com o Governo Federal e não recebemos recursos para suportar esse crescimento”. (P.C)