Cotidiano

Roraima está abaixo da média nacional

Ano passado o índice de partos cirúrgicos no Estado era de 37% e neste ano caiu para 35%

Dados do Ministério da Saúde revelam que a maioria dos partos realizados no Brasil foi cesariana (55%). Em Roraima, o quadro é diferente. No Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré (HMI), onde são feitos mais de 90% dos partos no estado, os cirúrgicos representam 35% dos nascimentos. Apesar de estar abaixo da média nacional, a gestão adota medidas para reduzir ainda mais este percentual. 

Ao contrário dos índices nacionais, as cesarianas em Roraima vêm caindo desde 2015. Naquele ano, foram realizados 3.057 partos, dos quais 1.131 (37%) cesarianas. Até novembro de 2017, a maternidade registrou 5.460 nascimentos, sendo 1.910 (35%) de partos cirúrgicos. Em que pese os números absolutos, houve redução percentual de aproximadamente 2%.

Apesar de estar abaixo da média nacional, o número ainda é preocupante e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) busca reduzir este índice por meio de ações, com envolvimento dos municípios.

Conforme a apoiadora técnica do HMI (Hospital Materno Infantil), Márcia Monteiro, ainda há falta de informação sobre o tema. “Grande parte da população tem uma ideia equivocada de que é necessário fazer cesariana quando a paciente tem pressão alta ou diabetes, por exemplo. Mas não é assim. Essas mães têm ainda mais riscos com cesariana do que com parto normal”.

Ela informou que durante a permanência na maternidade, as mães recebem informações sobre a importância e benefícios do parto normal. Porém, o ideal é iniciar as orientações durante o pré-natal, que pelo SUS é feito nas Unidades Básicas de Saúde.

Caso haja fatores de risco, a gestante deve ser encaminhada para acompanhamento especializado e realizará consultas e exames tanto no posto de saúde mais próximo, quanto no Centro de Referência da Mulher.

Risco da cesárea sem indicação

A médica Márcia Monteiro disse que a antecipação do parto pode prejudicar a saúde da mãe e do bebê. “Considerando que o bebê pode não estar com o sistema respiratório amadurecido, ele pode apresentar complicações respiratórias, o que aumenta as internações em unidades de terapia intensiva neonatal”.

Entre os riscos de uma cesariana desnecessária estão embolia pulmonar, trombose, hemorragia. Tal procedimento retarda a descida do leite materno, fazendo com que o bebê seja menos reativo ao nascer e tenha mais dificuldade para mamar do que os bebês que nascem de parto normal.

O parto normal faz com que a criança se adapte mais rápido ao mundo externo, com amadurecimento do pulmão e contato com as bactérias benéficas da mãe, reduzindo a incidência de doenças infantis, além de proporcionar a recuperação mais rápida do útero e do corpo da mulher.

No HMI, uma série de cuidados é oferecida às gestantes durante o trabalho de parto, como a prática de exercícios utilizando a bola suíça, cadeiras especiais, chuveiros com água morna. Há ainda um jardim para caminhada com acesso às salas de parto, equipe multidisciplinar qualificada para orientar e sanar dúvidas da mãe sobre os benefícios do parto normal.

Compõem a equipe fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros obstetras, médicos neonatologistas e obstetras. No entanto, em algumas situações, o médico poderá indicar a cesariana quando ela for realmente necessária.