Cotidiano

Roraima registra maior crescimento proporcional da produção de soja no País

A expansão de área plantada de 25 mil para 32 mil hectares, da última para a atual safra, gerou um aumento de 28%

A passos largos no crescimento da produção agropecuária no Brasil, Roraima caminha para um desenvolvimento produtivo cada vez maior de seu principal produto de exportação: a soja. A expansão de área plantada de 25 mil para 32 mil hectares, da última para a atual safra, gerou um aumento de 28%, que coloca Roraima na posição de Estado com o maior crescimento proporcional em todo o Brasil.

Este ano, a quinta edição da abertura oficial da Colheita da Soja será nos dias 1º e 2 de setembro com variada programação. No primeiro dia, o evento contará com palestras técnicas no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), da Universidade Federal de Roraima (UFRR), a partir das 19h, com duas apresentações de pesquisadores renomados. No segundo dia, a celebração será na Fazenda Tucumã, localizada na região do Taiano, no município de Alto Alegre, norte de Roraima, a 77 km de Boa Vista, com a largada da Colheita, exposição, show dançante e almoço.

Antes de dar início à colheita do grão, produtores e empresários do ramo se reuniram, na manhã de ontem, 18, e anunciaram em coletiva de imprensa o lançamento da abertura da Safra 2017, que promete render faturamento bruto de R$ 120 milhões.

Um dos pontos destacados pelos produtores é que a produção de soja em Roraima, segundo eles, não agride o meio ambiente. Conforme o Sistema de Informação Geográfica de Roraima (Sigerr), a reserva legal do Estado é de 80% nos imóveis situados em área de florestas. Isso significa que somente 20% podem ser explorados. Nas áreas de lavrado, a reserva legal é de 35%, mas neste caso, 65% de imóveis podem ser usados em atividades produtivas.

Segundo o anfitrião do evento, o produtor rural Geraldo Falavinha, dos 11 mil hectares para plantio da Fazenda Tucumã, apenas cinco mil são utilizados. O empresário é um dos muitos agricultores do Estado que conseguem gerar grande produção em pouca terra, com a tomada de cuidados na contenção da erosão do solo. “Quando cheguei aqui se plantava 13 mil hectares e estamos hoje na casa dos 32 mil hectares. Achamos que é muito pouco. Para sermos fortes economicamente precisamos chegar aos 100 mil. Só assim iremos representar a capacidade de desenvolvimento do setor primário em Roraima”, disse.

INTEGRAÇÃO – A integração entre lavoura e pecuária é a forma que esses trabalhadores encontraram para mudar a base da economia do Estado. Após a colheita, muitos produtores em Roraima reutilizam o solo para o plantio de capim com finalidade de engorda do gado, ou até mesmo para produção de pequenas culturas, como o milho.

Estima-se que todas essas atividades do ciclo do agronegócio roraimense vão arrecadar quase R$ 1 bilhão nos próximos anos. “Temos certeza que a vocação de Roraima é a produção de alimentos. É a única forma de mudar a matriz econômica e gerar emprego e desenvolvimento. A soja é o grande carro-chefe para isso, pois temos áreas boas e produtivas”, destacou o presidente da Colheita da Soja 2017, Antônio Denarium.

A expectativa, com o avanço da produção do grão, é que empresas de agroindústria, como fábricas de ração, granjas de porcos e frangos, se instalem no Estado. “Acredito que a partir de 80 mil hectares plantados do grão poderemos chegar na instalação de pequenas empresas produzindo ração para animais de corte e barateando o custo de manutenção. Isso gera emprego, renda e beneficia a economia”, ressaltou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (FAERR), Sílvio de Carvalho.

COLHEITA – O grão é plantado entre os meses de abril e maio e a colheita inicia ainda na segunda quinzena de agosto por cerca de 50 produtores dos municípios de Alto Alegre, na região centro-oeste, Bonfim, a leste, e na capital, Boa Vista.

VARIEDADE – Cerca de 95% da área plantada com soja é da variedade BRS Tracajá, um tipo convencional com alto potencial de rendimento e com ampla adaptação e estabilidade de produção. Os outros 5% pertencem às variedades BRS 8381 e 7980, que, aos poucos, vêm ganhando espaço entre os produtores após estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mostraram a precocidade da produção e a possibilidade da implementação de novas culturas depois da colheita.

EXPORTAÇÃO – A exportação de soja foi um dos fatores determinantes para a Balança Comercial de Roraima encerrar 2016 com superávit. Somente em outubro do ano passado, devido ao período da colheita do grão ter ocorrido em grande escala, o volume de exportação do grão no Estado chegou a U$$ 7.591.978,00 milhões, representando 69,67% do total registrado no período.

Toda soja plantada e colhida em Roraima é transportada por carretas pela BR-174 até o Porto do município de Itacoatiara, no Amazonas. De lá, o grão se junta com as produções dos estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará.

Ao custo de R$ 80,00 a saca, uma das mais valorizadas do País, toda a produção é exportada para a China e para o mercado europeu. Além do país asiático, Holanda e Rússia estão entre os principais compradores do grão roraimense. A estimativa é que, com as 100 mil toneladas produzidas este ano, o faturamento bruto chegue a aproximadamente R$ 120 milhões.

CUSTOS – Roraima produz na entressafra brasileira, devido parte do território estar localizada no Hemisfério Norte do planeta. Ou seja, enquanto os produtores do restante do Brasil estão plantando, o Estado está colhendo a soja. Por ter oferta disponível numa época em que o Brasil praticamente já exportou todo seu excedente, Roraima tem um mercado diferenciado.

Mas plantar grãos em uma região isolada do País, como Roraima, tem um preço elevado, porém com várias vantagens. No Estado, o desembolso para o cultivo da soja fica em torno de R$ 1,8 mil por hectare e o custo total em mais de R$ 2,3 mil por hectare. Os preços passam de R$ 80 por saca, bem acima dos pagos em praças tradicionalmente valorizadas.

A estimativa da Embrapa é que até o ano de 2020 sejam cultivados em torno de 100 mil hectares de soja integrados à bovinocultura de corte, com uma repercussão financeira de R$ 500 milhões ao Estado. (L.G.C)