Cotidiano

Secretária quer fazer política de Estado

A titular da Sesp, delegada Giuliana Castro, quer estabelecer 24 pontos nos bairros, em pontos chaves da cidade, onde se possa realizar reuniões mensais da polícia junto com a população

Empossada há cerca de um mês na Secretaria Estadual de Segurança Pública de Roraima (Sesp-RR), a delegada Giuliana Castro definiu medidas que considera prioritárias para auxiliar no combate à criminalidade. Entre elas, o restabelecimento do Gabinete de Gestão Integrada (GGI), do Conselho Estadual de Segurança Pública e a implantação efetiva da Polícia Comunitária.

Segundo Giuliana, há alguns anos a Sesp tem o papel integrador das forças policiais estaduais, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e os departamentos penitenciários. “A gente espera fazer essa integração, por entendermos que cada polícia tem a sua atribuição. Um dos nossos focos é o restabelecimento do GGI”, disse a delegada durante o programa Agenda da Semana, na Rádio Folha AM 1020, no domingo, 10.

Segundo Giuliana, o Gabinete de Gestão Integrada foi criado através de decreto há alguns anos, porém, os membros não estão se reunindo. “É composto por todo mundo que participa das políticas de segurança, como o Poder Judiciário, Ministério Público. É um órgão deliberativo, consultivo e é o local adequado para definir, por exemplo, o Plano Estadual de Segurança Pública. Infelizmente, há algum tempo não se faz nenhuma reunião no GGI. Esperamos começar 2018 com uma discussão sobre a imigração venezuelana”.

Para a delegada, existem outras duas estratégias a serem tomadas pela Sesp, que são os Conselhos Comunitários de Segurança através da efetiva implantação da Polícia Comunitária, que funciona nos bairros e os próprios moradores podem opinar e participar da gestão junto com a PMRR, a Civil e a Sesp e o Conselho Estadual de Segurança Pública.

“O GGI já está definido, mas a gente espera fazer uma coisa inédita em Roraima, que é o Conselho Estadual de Segurança Pública. Um conselho onde a gente estabeleça políticas e monitore as ações que estão sendo feitas, porque isso é importante. A gente tem que sempre ter retorno do que estamos fazendo”, informou.

“Além disso, queremos que o Conselho Estadual funcione com a participação das forças de segurança, Poder Judiciário, Ministério Público Estadual, forças federais por viverem a situação de fronteira e também com a participação de representantes dos trabalhadores, para que a gente possa desenvolver políticas públicas”, completou.

COMUNITÁRIA – Outro foco da gestão da titular da Sesp-RR é estabelecer a Polícia Comunitária como política de Estado e não de governo. “Quando a gente analisa o mundo, nos locais onde a redução do crime deu certo foram por investimentos na Polícia Comunitária. A mesma situação na pacificação das favelas. Ou seja, quando a política está ao lado do cidadão. É isso que queremos reativar”.

A delegada ressaltou que é preciso, primeiro, identificar os policiais que tem o perfil de estar ao lado da população, de conversa e diálogo, quem estiver disposto a fazer o trabalho e voltar a realizar o patrulhamento na comunidade. Giuliana disse ainda que muitas das vezes, os conselhos comunitários não funcionaram devido a ausência até mesmo da polícia civil, por falta de efetivo, mas agora, a Sesp tem a intenção de assumir a responsabilidade dos conselhos e voltar a ter um diálogo com a sociedade.

“A população sabe onde se vende droga, qual o vizinho que bate na esposa, a população sempre sabe. Às vezes, as pessoas não querem registrar um boletim de ocorrência por medo de retaliação, mas querem denunciar o problema. A gente quer fazer uma campanha de voltar a ter o disk-denúncia estadual, incentivar as pessoas a passarem informações de forma anônima e mostrar à população que vamos agir e que ela pode confiar no nosso trabalho”, completou.

A titular da Sesp esclareceu que no momento, a proposta é estabelecer 24 pontos nos bairros, em locais estratégicos da cidade, com reuniões mensais. Mas, em princípio, algumas reuniões itinerantes terão início esta semana, no próximo sábado, 16. “A primeira ocorre no bairro Senador Hélio Campos, no local conhecido como “Campo do Cachorrão”, onde vamos ouvir a população. É importante que os moradores compareçam. A partir do momento que a população mostrar seus anseios, nós poderemos nos adequar para atendê-la”.

A delegada acredita que um dos motivos da Polícia Comunitária não ter dado certo até o momento foi a falta de continuidade das ações, algo que quer mudar na sua gestão. “A Polícia Comunitária infelizmente ainda não virou política de Estado e a gente quer implantá-la desta forma, inclusive, com projeto de lei, se for o caso”. (P.C)