Cotidiano

Secretário afirma que penitenciária onde houve mortes é ‘herança maldita’

Em entrevista coletiva, secretário relembrou que em 30 dias um novo presídio começará a ser construído em Roraima

O secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Uziel Castro, em entrevista coletiva, ontem pela manhã, disse que a atual administração recebeu uma “herança maldita de governos anteriores”, referindo-se à Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), na zona rural da Capital, onde 33 presos foram brutalmente assassinados por outros detentos no último dia 06.

Após uma breve explanação sobre a atual situação nos presídios de Roraima, o secretário foi direto ao assunto lembrando que nos últimos sete anos durante a gestão do então governador José de Anchieta Júnior (PSDB), a penitenciária não recebeu investimentos, o que colocou todo o sistema carcerário roraimense em xeque, uma vez que se trata da maior unidade prisional do Estado.

“Nós recebemos esta herança maldita de gestões passadas. Na verdade, o atual governo recebeu um Estado falido, com mais de um bilhão de reais de dívida. Em gestões anteriores, a penitenciária não recebeu sequer um centavo de investimento, mas agora a governadora Suely Campos (PP) já direcionou mais de R$ 4 milhões para a penitenciária e o Governo Federal vai investir mais de R$ 44 milhões no sistema prisional roraimense”, disse Uziel Castro.

Suely Campos mandou ontem pela manhã um ofício ao presidente da República, Michel Temer (PMDB), solicitando em caráter de urgência o envio de 100 policiais da Força Nacional de Segurança para auxiliar, principalmente, no controle da Penitenciária Agrícola (veja mais na página 05A). No ofício, a governadora também solicita recurso federal para concluir o presídio do Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, que teve as obras iniciadas e abandonadas na gestão passada.

A governadora ainda solicitou recursos para concluir um anexo na Cadeia Pública de Boa Vista, na Capital, com capacidade para mais 600 vagas. Pediu também atenção especial do presidente sobre a necessidade de transferir para presídios federais oito presos roraimenses, líderes de facções criminosas. A transferência, segundo Suely, poderia diminuir a tensão e o risco iminente de conflito dentro da Penitenciária.

A resposta para as solicitações feitas pela governadora deve sair ainda nesta semana, mas o secretário adiantou que é praticamente certo o envio dos policiais da Força Nacional. O Governo do Estado, segundo Uziel Castro, vai adquirir ainda este ano, scanners corporais, máquinas de Raio-X e outros aparelhos para evitar a entrada de celulares, drogas ou armas nas unidades prisionais.

“Fazemos revista constantemente, principalmente na Penitenciária, e hoje a apreensão de celulares caiu de forma drástica. Antes eram apreendidos até 40 aparelhos, mas agora encontramos só dois ou três. Devemos observar que isto ocorre em todo País e aqui não é diferente. Mas aqui estamos intensificando as revistas e investigando a entrada desses aparelhos”, frisou Castro.

Sobre a ampliação de vagas no sistema prisional, o secretário adiantou que daqui a 30 dias um novo presídio começará a ser construído em Roraima. O processo de licitação já começou. Uziel também adiantou que provavelmente o Governo do Estado irá abrir concurso público para que os agentes penitenciários atuem na nova unidade prisional, prevista para ser inaugurada daqui a oito meses, e no anexo da Cadeia Pública. O secretário não deu data para a realização do concurso.

Ontem pela manhã, 1.467 presos estavam encarcerados na Penitenciária Agrícola, mas o secretário observou que a entrada e saída desses detentos é rotativa, uma vez que a Justiça todo dia manda presos para lá e também solta. “Como disse. Recebemos uma herança maldita de gestões passadas, mas o governo agora investe em melhorias”, ressaltou. (AJ)