Política

Senadora Ângela Portela deixa o PT após 10 anos no partido

A parlamentar por Roraima assina nesta quarta-feira sua filiação ao PDT

A senadora Ângela Portela (PT-RR) formaliza hoje, 12, seu pedido de desfiliação do Partido dos Trabalhadores, ao qual é filiada há 10 anos. A informação foi dada com exclusividade para a Folha, confirmando uma notícia já ventilada há algum tempo nos bastidores, por conta das dificuldades que ela teria em se reeleger. A senadora não ficará sem partido, pois assina ainda hoje sua filiação ao Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Em entrevista, ela disse que a decisão foi precedida de muita reflexão e conversas com aliados. Ângela Portela disse que as circunstâncias políticas mudaram radicalmente no último ano. “Agora temos instalado um sistema de poder que é preciso enfrentar e derrotar com toda força disponível. O PT foi muito agredido por esse sistema. A guerra política afeta muito o PT, que está às voltas com uma reformulação interna necessária. Prefiro seguir adiante com o PDT, onde posso focar mais nos problemas de Roraima”, disse.

Com a mudança para o PDT, Ângela reafirma seus compromissos políticos. “Não vou alterar um milímetro sequer minha trajetória de luta em favor da educação e saúde públicas, dos direitos das mulheres, das camadas menos favorecidas da sociedade”, assegurou. Ela disse também que vai se manter firme no combate “às medidas antipopulares de Temer, que trazem desgraça ao Brasil inteiro e iludem Roraima com promessas, sem nos ajudar de fato a solucionar os nossos problemas”.

“Minha avaliação, amplamente discutida com as forças progressistas em Roraima, é de que é preciso fortalecer e organizar melhor as correntes políticas de oposição ao governo Temer e a tudo o que ele representa”, disse a senadora. “O PDT é o partido onde posso contribuir melhor para essa tarefa, nas circunstâncias que vivemos”, declarou.

Para a senadora, o mais importante é manter a união para evitar a aprovação da reforma da previdência e evitar retrocessos, como o fim da política de recomposição do salário mínimo e a terceirização irrestrita em todas as atividades, que ameaça diretamente a CLT e os direitos trabalhistas.

O objetivo da senadora é lutar contra a política do “rouba, mas faz” que está impregnada no Estado. “Nosso estado, ainda tão dependente de recursos federais, não pode seguir como se fosse uma oligarquia de um político, da velha prática do ‘rouba, mas faz’. E mesmo que fizesse algo – o que não é verdade – ainda assim não poderíamos aceitar esse jogo nefasto da corrupção, da compra de votos”, afirmou.

DESENVOLVIMENTO – Ainda sobre Roraima, a senadora disse que é preciso lutar pela independência real do Estado. “Fomos território federal até outro dia e a nossa economia ainda depende muito da União”, afirmou.

Nesse sentido, a parlamentar enfatizou que é preciso destravar a conclusão do Linhão de Tucuruí, finalizar o processo de regularização de terras e dotar o estado de melhor infraestrutura. Mas isso deve ser feito a partir de planejamento e políticas públicas consistentes.

“Não conseguiremos avançar enquanto Roraima for o território federal de um único político, ainda mais alguém de conduta tão suspeita. Não podemos ser a propriedade privada dele, de sua turma e dos seus interesses, que certamente não são os de nosso estado”, avaliou.

Para a senadora, o governo Temer acentua a situação de abandono do estado, a despeito de ter apoio de quase todos os parlamentares federais. “Pagamos a tarifa de luz mais cara do Brasil, para viver no escuro.

Temos um serviço péssimo de telecomunicações. Milhares de pessoas não têm a titulação de sua terra. Falta emprego para os adultos e mais ainda para os jovens. Nossa vocação agropecuária é mal explorada. Agora enfrentamos uma crise humanitária gravíssima, com a migração de venezuelanos. Cadê o governo federal para nos ajudar a resolver esses problemas?”, questionou.