Cotidiano

Setor da construção civil tem reagido à crise, mas imigração tem preocupado

Sinduscon acredita que construção civil crescerá em 2018 e que a estabilização da crise tem provocado mudanças positivas

Embora a crise ainda persista, o setor da Construção Civil já começa a dar os primeiros sinais de recuperação. Com a inflação estabilizada, novos postos de trabalho começam a ser abertos, voltando a aquecer um dos setores mais importantes da economia do país. Em Roraima, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de janeiro a setembro deste ano, a criação de postos de emprego com carteira assinada no setor foi superior ao número de demissões: foram 2.213 contratações contra 1.542 desligamentos, um aumento de 0,22%. 

“Ao contrário do que ocorre em outros setores, a recuperação do setor da construção civil não é rápida quanto à derrubada, ou seja, a retomada de postos de trabalho se dá de forma um pouco mais lenta. Apesar disso, os números atuais indicam que, mesmo de forma bem tímida, o setor vai retomando aos poucos o nível e renda no Estado, e isso é bastante positivo”, afirmou o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Roraima (Sinduscon-RR), Clerlânio Holanda.

Segundo ele, desde o segundo semestre de 2013, o país vem sentindo os reflexos da instabilidade econômica, acumulando uma queda de 14% no número de contratações, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a taxa Selic estabilizada em 7,6%, a economia começa reagir aos poucos, abrindo perspectivas positivas para 2018.

“Nesse período, dos 2,7 milhões de trabalhadores desempregados no Brasil, quase 1 milhão foi da construção civil, mas, aos poucos, esse número vem se modificando, apesar de muito lentamente. No segundo semestre de 2017, o número de demissões foi inferior ao de admissões. Ou seja, muito que timidamente, a gente começou a empregar mais do que desempregar, e tem também alguns fatores que contribuem para esse número”, destacou.

Ainda segundo Holanda, outro fator que deve impulsionar a geração de empregos no setor é a implantação da Lei da Reforma Trabalhista, que entra em vigor este mês. “Essa flexibilização da negociação entre patrão e empregado faz com que o setor acredite que vá aumentar bastante o número de empregos formais na construção civil, sem tirar nenhum direito do profissional da construção civil. Com a nova reforma, a terceirização foi regulamentada, então o setor vai não só poder terceirizar a atividade meio como também a tarefa fim, que faz com que otimize os processos produtivos do setor. Tudo isso a gente vê com bons olhos e acredita que o setor tenha uma retomada de crescimento para 2018”, frisou.

DESAFIOS – Apesar das perspectivas positivas, Clerlânio Holanda ressalta que o setor em Roraima também deverá se preparar para novos desafios, sendo um deles a questão da imigração venezuelana. “Roraima também vem passando por uma situação bem atípica, que é a vinda dos venezuelanos para o Estado. Isso faz com que aumente o desemprego. A gente percebe que muitos deles já estão ingressando no setor da construção civil, várias empresas já estão admitindo pessoas que estão legalmente no país, com sua carteira de trabalho devidamente registrada e assinada, com os mesmo direitos do cidadão brasileiro”, avaliou.

Segundo ele, de certa forma essa nova realidade também acaba influenciando nas estatísticas oficiais do mercado de trabalho. “Apesar disso, de uma forma geral, o Sinduscon acredita na retomada do crescimento econômico da construção civil para 2018”, pontuou.