Cotidiano

Sindicato de Enfermagem convoca servidores para protesto no HGR

O Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (Sindprer) está convocando todos os servidores da área que atuam dentro das unidades de saúde do Estado para participar de uma manifestação nesta sexta-feira, 29, às 7 horas, em frente ao Hospital Geral de Roraima (HGR).

O ato tem como objetivo chamar a atenção da sociedade e do poder público sobre a dura realidade enfrentada pelos profissionais de enfermagem, visto que a categoria tem atuado em condições desfavoráveis, conforme informou o presidente da entidade, Melquizedek Menezes. “Há muito tempo que nós, trabalhadores de enfermagem, estamos lutando em favor de um bom atendimento à população. Somos os profissionais que estão diuturnamente, 24 horas, ao lado do paciente, no entanto, temos convivido com a falta de respeito por parte da Secretaria Estadual de Saúde [Sesau], em relação às condições dignas para realizar esse trabalho para a população”, afirmou.

Segundo o sindicalista, a falta de materiais básicos, como compressas, gaze, aventais descartáveis, seringas e até mesmo medicamentos nas unidades de saúde, tem prejudicado os trabalhos realizados pelos profissionais, que se sentem cada vez mais sobrecarregados com o aumento de demanda da população.

“A sobrecarga nas unidades de saúde é muito grande. Só no Grande Trauma do HGR, por exemplo, o trabalho é constante e a falta de materiais básicos prejudica ainda mais a realização de atendimento aos pacientes. Como é que a gente vai prestar um serviço digno para a população se não temos condições básicas? Então, essa mobilização está sendo adotada justamente para que os responsáveis por isso tenham dignidade com o servidor, com o trabalhador”, destacou.

Além de exigir o cumprimento de pontualidades expostas em manifestações anteriores, o ato de sexta-feira também cobrará maior respeito por parte da secretaria, principalmente no que diz respeito à valorização dos profissionais da enfermagem e o fim do assédio moral nas unidades de saúde.

“Recentemente, nós tivemos profissionais que atuam no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth devolvidos para Sesau sem nenhuma justificativa. Nós enviamos ofícios exigindo não só uma explicação, mas também a devolução desses trabalhadores para a maternidade, uma vez que são pessoas qualificadas, além do fato daquela unidade necessitar desse apoio. Infelizmente, o que a gente vê é que a secretaria tem agido dessa forma unicamente para penalizar aqueles que exigem apenas melhorias nas condições de trabalho. Por esse motivo, o fim do assédio moral será um dos pontos que faremos questão de enfatizar”, salientou.

O Sindprer conta com mais de 1.700 profissionais associados, entre enfermeiros e técnicos de enfermagem. Questionado sobre a possibilidade do protesto não alcançar o objetivo de sensibilizar a secretaria em relação às demandas dos trabalhadores, o sindicalista disse que uma paralisação geral poderá vir a ser adotada como resposta. “Até hoje nós buscamos diálogo com a Sesau, já que todas essas situações vêm ocorrendo há bastante tempo. Caso eles não nos escutem, nós teremos que partir para um segundo momento, que é a possibilidade de uma paralisação ou até mesmo uma greve por tempo indeterminado”, complementou.

SESAU – Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) afirmou que respeita o direito de manifestação dos servidores, mas frisou que a atual gestão é a que mais tem investido para garantir melhores condições de trabalho para os servidores e uma melhor assistência para a população.

“Uma das maiores queixas da categoria, a sobrecarga dos servidores, tem sido amenizada com a convocação de quase mil pessoas, fazendo o número de servidores da pasta crescer em cerca de 30% de 2014 até os dias atuais”, destacou.

A nota ressalta que o Governo do Estado também irá solucionar a superlotação no HGR com a inauguração do Hospital das Clínicas, o que além de acabar com o problema das macas nos corredores, também irá aliviar a carga de trabalho dos servidores. “Após um verdadeiro malabarismo com as contas da pasta, resgate de convênios parados há anos e apoio dos parlamentares por meio de emendas, foram inauguradas seis unidades de saúde novas, garantindo uma sede estruturada a servidores que há décadas trabalhavam em locais totalmente improvisados”, frisou.

Com relação aos materiais e medicamentos, a Sesau disse que a maior parte dos itens em falta já está em fase de aquisição e parte deles será entregue nos próximos dias. Ressaltou que a pasta tem trabalhado para iniciar os processos de compra de medicamentos e materiais antes de os itens se esgotarem, no entanto, vários fatores, que não dependem da secretaria, têm impedido que estas compras tenham sucesso.

“A gestão deve seguir o limite máximo estipulado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Deste modo, considerando que Roraima é um estado distante dos grandes centros, muitas vezes a venda não se torna vantajosa para a maioria das empresas, o que faz com que muitas licitações resultem como desertas ou fracassadas”, complementou.

Afirmou ainda que o secretário estadual de Saúde, Paulo Linhares, reconhece que por estes motivos, a Sesau passou por momentos críticos, mas graças ao empenho de toda a equipe, tem recebido nos últimos dias vários carregamentos de medicamentos e materiais, o que permitiu amenizar a situação. Segundo ele, o Estado deve regularizar o abastecimento nos próximos dias e está trabalhando para reduzir as chances de novos desabastecimentos. “Estamos com vários processos em andamento para aquisição de mais materiais e medicamentos para garantir o estoque”, disse.

Sobre os supostos atos de assédio moral praticados nas unidades, a Sesau ressaltou que não compactua com práticas abusivas ou perseguições pessoais alheias à rotina do trabalho e defende que o servidor deve cumprir seus deveres e ser respeitado em seus direitos. As mudanças de lotação, por exemplo, são realizadas conforme a necessidade buscando sempre melhor atender ao público. “Caso algum servidor se sinta agredido em seus direitos, uma denúncia deve ser formalizada à secretaria para que seja realizada uma investigação mais aprofundada para que sejam adotadas as medidas necessárias”, frisou. (M.L)