Política

Suely afirma ter pedido barreira sanitária na fronteira, mas não foi atendida

Preocupada com a possível entrada de doenças até então erradicadas no Brasil, como o sarampo e a difteria, a governadora Suely Campos pediu ao presidente Michel Temer a instalação de barreira sanitária na fronteira com a Venezuela, durante videoconferência realizada em dezembro de 2016. Na ocasião, Suely relatou ao presidente a vulnerabilidade da fronteira.

“Nós recebemos naquele período, diversos relatórios da Coordenação de Vigilância em Saúde da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), que apontavam a frágil atuação das autoridades de saúde venezuelanas, no tocante à prevenção destas e outras doenças. Inclusive de possíveis epidemias se espalhando naquele país. Ao mesmo tempo, o número elevado de imigrantes em Roraima nos levou a solicitar à época ao presidente Temer a instalação de barreiras sanitárias com vacinação na fronteira”, disse.

Após o pedido da governadora, Temer disse que iria atender a demanda. “Estou ao lado do secretário de Vigilância em Saúde e ele acaba de me comunicar que suas postulações foram anotadas e logo tomaremos providências para ajudá-la nestes pleitos. Nós compreendemos a situação do seu Estado em face da Venezuela e, por isso mesmo, a nossa atenção será maior em relação a Roraima”, garantiu à época o presidente.

Mas a barreira sanitária prometida acabou não sendo instalada e hoje Roraima registra casos de sarampo em crianças venezuelanas. Para evitar um possível surto da doença, o Governo do Estado iniciou uma ação para vacinar imigrantes venezuelanos que estão nos abrigos e, nas próximas semanas, vai realizar uma campanha de vacinação em massa de toda a população de Roraima.

“Estamos fazendo a nossa parte, mesmo com limitações. Essa é uma questão de extrema gravidade e não podemos deixar de imunizar a nossa população. Hoje, Roraima é a porta de entrada para os imigrantes venezuelanos para o restante do Brasil e é preciso ter um controle epidemiológico dessa população. Se não for controlada, a doença pode ultrapassar as fronteiras de Roraima, uma vez que muitos imigrantes seguem para outros Estados brasileiros”, finalizou Suely.

PREVENÇÃO – Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade, devido à maior exposição a indivíduos de outros países que não adotam a mesma política intensiva de controle da doença.

As crianças devem tomar duas doses da vacina tríplice viral. A primeira, com um ano de idade; a segunda, entre quatro e seis anos. Adolescentes, adultos (homens e mulheres), principalmente no contexto atual do risco de importação de casos, também devem tomar a vacina tríplice viral ou dupla viral (contra sarampo e rubéola).

“Uma das principais formas de conter a doença é manter a população imunizada. Por isso, a Sesau também está incentivando os municípios a reforçarem estas ações. Recentemente foi realizado, pela primeira vez no Estado, treinamento em um método para supervisionar as ações de vacinação e melhorar adesão da população às campanhas”, explicou a coordenadora estadual de Vigilância em Saúde, Daniela Souza.