Política

Suely descarta contrair empréstimos do BNDES para a Segurança Pública

Governadora entregou lista de pedidos para Temer durante reunião com os demais chefes dos Executivos estaduais

O presidente Michel Temer anunciou ontem, dia 1º, em reunião com governadores no Palácio do Planalto, uma linha de financiamento de R$ 42 bilhões – a maior parte oferecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) – para investimentos em segurança pública, como reequipamento das polícias estaduais.

Dos recursos anunciados por Temer, R$ 33 bilhões terão que ser buscados pelos governadores no BNDES. A previsão é de liberação de apenas R$ 5 bilhões para serem divididos entre os 27 estados em 2018. Esses recursos, no entanto, dependem da aprovação da diretoria do banco.

A governadora Suely Campos disse que os empréstimos não interessam ao governo, que já está fortemente endividado, pagando R$ 22 milhões todos os meses para quitar financiamentos feitos na gestão passada. “Vamos acessar os recursos disponibilizados pelo Ministério da Segurança Pública, inclusive já apresentamos sete projetos”, informou.

Segundo ela, os projetos protocolados nessa quinta-feira, no Palácio do Planalto, contemplam a construção de quartéis da Polícia Militar nas fronteiras, delegacias, radiocomunicação, dentre outros sistemas e aparelhos de segurança. “É muito importante investir em inteligência, isso representa segurança para o nosso Estado”, complementou a governadora, ao informar que os projetos atendem às 11 propostas apresentadas pelo presidente Temer quando esteve em Roraima, no dia 12 de fevereiro, para tratar sobre a questão migratória.

No seu discurso durante a reunião, ela lembrou que Roraima tem a segunda maior faixa de fronteira do país, atrás apenas do Amazonas, e ponderou que os estados fronteiriços devem ter um olhar diferenciado do Governo Federal, com atenção especial para a integração das polícias.

A maior cobrança foi pela criação de um sistema unificado de segurança, para que União e estados dividam as responsabilidades e recursos para estancar a crise nacional de segurança. “As fronteiras precisam estar plenamente guarnecidas e equipadas, pois é por onde entram as drogas e as armas que financiam o crime organizado no Brasil. Então, precisamos atacar o problema na sua origem”, defendeu.

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA – O pedido feito pelo Governo de Roraima requer o aparelhamento das Polícias Civil e Militar, com aquisição de viaturas, armamentos e munição, radiocomunicadores; aquisição de sistemas de inteligência e de armazenamento de dados; construção de delegacias da Polícia Civil para combater o crime organizado e destacamentos da PM na fronteira, além da capacitação dos policiais e de sistemas para integrar as polícias, através do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciops) e do Poder Judiciário.

Os projetos tratam também da aquisição de scanners veiculares para monitoramento das cargas que entram no Brasil por meio da Venezuela e da Guiana. “Nós esperamos que os projetos sejam avaliados e aprovados o mais rápido possível e que as ações agora coordenadas pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública efetivamente cheguem aos Estados, que não têm nenhuma condição de enfrentar sozinhos esse problema do crime organizado, agravado pela fragilidade das fronteiras brasileiras”, complementou a governadora.

PRESÍDIOS – Durante a reunião, Temer pediu um “esforço” aos governadores para que usem uma verba federal destinada para a construção de penitenciárias nos estados e que não foi utilizada no ano passado como é o caso de Roraima.

“Essa verba foi ‘redestinada’ neste ano. Tem verba para a construção de 25 penitenciárias e cinco penitenciárias federais. Iria pedir aos senhores que se esforçassem para essa abertura de vagas porque sabemos que o sistema penitenciário está lotadíssimo. Precisamos tentar desafogar. Mesmo essas 30 penitenciárias não serão suficientes para tanto”, afirmou Temer.

OUTRAS PROPOSTAS – Além da segurança pública, a governadora cobrou do Governo Federal o repasse das parcelas remanescentes dos dois convênios para implantação da Casa da Mulher Brasileira, no valor total de R$ 7.490.669,00. Outro pedido foi de alteração do Decreto n° 9192, de 6 de novembro de 2017, para pagamento imediato da indenização pelo patrimônio da Companhia Energética de Roraima(CERR), no valor de R$ 297 milhões.