Política

Suely diz que quer banir termelétricas para substituí-las por energia limpa

Governadora diz que busca parceria para mudar o abastecimento do Estado, que hoje é feito por energia da Venezuela e usinas termelétricas

Falando a representantes de agências de fomento, instituições financeiras, projetos empresariais com foco em sustentabilidade, organizações da sociedade civil, populações tradicionais e indígenas, além de autoridades brasileiras e internacionais, no Museu de Arte Moderna de Bonn, na Alemanha, a governadora Suely Campos (PP) disse que Roraima busca parceria para implementar um programa de energia limpa e renovável em todo o Estado. Hoje o abastecimento é feito por um sistema híbrido, com energia hidrelétrica importada da Venezuela e usinas termelétricas movidas a diesel. 

A governadora participou do Painel 2, realizado durante o Amazon-Bonn, o dia da Amazônia na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU ), o COP 23, com o tema Desafios e Oportunidades para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, ao lado do secretário de Meio Ambiente do Maranhão, Marcelo Coelho; do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Roberto Jaguaribe; do empresário rural Pedro Paulo Diniz, que investe na produção de orgânicos; e do diretor para a Promoção de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional do Índio (Funai), Rodrigo Faleiro.

“É um contrassenso que na Amazônia usinas caras e poluentes ainda estejam em funcionamento. Necessitamos de investimentos para banir o sistema termelétrico e substituir por energia limpa e renovável, como a energia solar, eólica e biomassa. Fizemos contato com representantes do governo da Alemanha e da Noruega para tratar de parcerias. O projeto que reconfigura nossa matriz energética está sendo elaborado e essa é a nossa prioridade na pauta de discussões na Alemanha”, afirmou.

Durante o discurso, Suely Campos explicou, mostrando no mapa, o comprometimento de Roraima com a preservação ambiental, que tem 66% de áreas protegidas por terras indígenas e unidades de conservação e observou que preservar e produzir com sustentabilidade exige investimento que precisa vir das nações desenvolvidas e do setor privado.

Ela apontou como desafio para o desenvolvimento sustentável de Roraima, a desburocratização do acesso aos fundos já existentes para financiar as ações contra o aquecimento global. “Outra importante iniciativa é o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, implantado recentemente pelos nove governadores. Acredito que esse instrumento vai integrar e otimizar a captação e aplicação de recursos na Amazônia”, disse.

Para o governador de Tocantins, Marcelo Miranda, o Consórcio será uma das maiores forças tarefas do mundo. “Se não fosse o Consórcio, esse Fórum de Governadores não estaria sendo realizado aqui hoje, inclusive trazendo para a mesa de conversas, personalidades importantes para o Brasil e o mundo. A Amazônia é o Brasil que pode dar certo”. Miranda encerrou o Amazon-Bonn, representando os demais chefes dos executivos da região.

Além de Suely e de Marcelo Miranda, também estiveram presentes os governadores Pedro Taques (Mato Grosso), Tião Viana (Acre), Simão Jatene (Pará) e o vice-governador de Rondônia, Daniel Pereira.

ABERTURA – O Amazon-Bonn foi aberto pelo ministro do Meio Ambiente, Zequinha Sarney, que falou da redução do desmatamento na Amazônia como contribuição brasileira para conter o avanço do aquecimento global.

“Tivemos uma queda no desmatamento na Amazônia de 16%, e nas unidades de conservação federais, de 28%. Ao mesmo tempo, tivemos um aperfeiçoamento dos sistemas de controle, recuperação da floresta nativa, fortalecimento da fiscalização e atualização da lista dos municípios prioritários para o combate ao desflorestamento. Porém, é preciso ampliar os esforços e intensificar as ações rumo ao desmatamento zero em 2030”, afirmou.
Falando em nome dos governadores, o chefe do executivo do Pará, Simão Jatene, ressaltou que o evento tem simbolismo histórico. “Pela primeira vez os governadores unidos vêm dizer ao Brasil e ao mundo sobre possibilidades, limites e compromissos. Afinal, homem e natureza têm de conviver em permanente construção, e não destruição”, disse.

Já o ministro de Meio Ambiente da Noruega, Vidar Helgesen, que também discursou na abertura, disse que para alcançar os resultados necessários é preciso ação contínua. “Liderança e parceria são a chave, principalmente entre governo, sociedade civil e setor privado. O Brasil tem as ferramentas. O crescimento econômico pode caminhar junto com a conservação ambiental”, ponderou.

Na ocasião, um acordo foi assinado entre a Alemanha e o Fundo Amazônia para uma nova contribuição de 33,92 milhões de euros para o Brasil, pela taxa reduzida de desmatamento na Amazônia em 2015.

INDÍGENAS – No primeiro dia de evento, Roraima assinou a Declaração de Rio Branco, documento que norteia a política ambiental e o desenvolvimento sustentável dos estados que compõem a Força Tarefa dos Governadores para o Clima e Floresta, o GCF, entidade da qual Roraima ingressou como membro em setembro.

Agora, Roraima poderá acessar os recursos do GCF, que já disponibilizou 400 mil dólares para investir em ações de governança na elaboração de projetos de sustentabilidade em comunidades indígenas de Roraima.

“Vamos elaborar os projetos e apresentar ao GCF. Nossa prioridade é investir em um programa de energia limpa e renovável para as comunidades indígenas, que hoje são abastecidas de forma precária por motores movidos a diesel. Nosso projeto é atender 450 comunidades indígenas. Paralelo a isso, estamos buscando financiamento junto a outros órgãos internacionais para substituir toda a matriz energética de Roraima por energia limpa, como a solar, eólica e biomassa”, declarou.