Polícia

Suspeito de matar policial militar do Amazonas é preso em Caracaraí

Morte, com requintes de crueldade, aconteceu no final do mês de maio e ‘Filé’ é apontado pelos comparsas como executor

Na manhã do último sábado, 24, uma força-tarefa desencadeada pela Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), em parceria com o Departamento de Informações e Inteligência (DII) da Polícia Militar de Roraima, e policiais civis do Amazonas, resultou na prisão de Bruno Medeiros Mota, vulgo “Filé”. Ele estava foragido do sistema prisional do estado vizinho e é o principal suspeito de matar o policial militar Paulo Sérgio Portilho, de 34 anos, em uma comunidade que fica nas proximidades do bairro Nova Cidade, zona norte de Manaus. A prisão de Bruno aconteceu no município de Caracaraí, região centro-sul de Roraima. Na manhã de ontem, 25, as autoridades policiais deram entrevista em coletiva de imprensa para esclarecer a prisão.

A Delegacia de Homicídios e Sequestro do Amazonas foi quem deu início às investigações e pediu apoio quando soube que o bandido estava em Caracaraí. “Estava havendo uma integração entre nossa polícia e a polícia do Amazonas. A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestro do Amazonas acionou a Divisão de Inteligência e Captura da Sejuc, junto com a Inteligência da Polícia Militar, informando a possibilidade desse indivíduo estar no município de Caracaraí e as equipes deslocaram-se ao município e atuaram por dois dias até encontrarem Bruno Medeiros Mota, vulgo ‘Filé’”, explicou o diretor do Departamento do Sistema Prisional (Desipe), Elisandro Diniz Aguiar.

O suspeito estava escondido na casa de alguns familiares e conhecidos. Como o elemento não ficava em uma única residência, os policiais tiveram dificuldades para localizá-lo. “É sempre assim, sempre tem alguém. Às vezes a pessoa que dá apoio nem sabe do crime. Conhece o criminoso, mas não sabe o porquê ele está pedindo moradia”, afirmou o subcomandante da Polícia Militar, coronel Paulo Macedo.

O foragido estava numa embarcação no Porto de Caracaraí, às margens do Rio Branco, Quando foi avistado pelos policiais, momento em que foi cercado e sua prisão efetuada antes que ele desconfiasse da ação policial e tentasse fugir. No momento em que foi cercado pelos policiais Bruno portava um celular que foi apreendido e será entregue à perícia da Polícia Civil do Amazonas, considerando que algumas informações relacionadas ao crime possam estar no aparelho.

Bruno contou aos policiais, no ato de sua prisão, que é membro de uma facção criminosa do Amazonas que atua em Roraima. Nós colhemos essas informações, principalmente depois dos eventos de morte que ocorreram em 2016 e 2017. Nós precisamos saber quem é faccionado e uma forma de fazer esse procedimento é apresentando um formulário ao preso. Como sabemos que existe essa guerra entre as organizações criminosas, nós separamos os grupos para resguardar a integridade física e evitar mortes no Sistema Prisional”, informou o chefe da Dicap, Roney Cruz.

Depois da prisão, o elemento foi conduzido ao prédio da Dicap e será levado para o Amazonas, uma vez que o crime aconteceu no estado vizinho e todo o inquérito policial foi instaurado em Manaus. “Como o crime aconteceu no estado do Amazonas, tudo vai ser apurado por lá. O que nós fizemos foi uma integração com a polícia de lá no intuito de capturar esse indivíduo. É importante ressaltar que essa parceria das Polícias Militar e Civil com as forças policiais do Amazonas geralmente traz êxito nesse tipo de situação. Tanto quando o indivíduo pratica crime aqui e é capturado lá, como quando o indivíduo pratica crime lá e é capturado aqui. É muito importante que a gente veja o Sistema de Segurança Pública como uma unidade. Quando essa unidade se articula de maneira correta consegue o êxito nas prisões de criminosos ou elucidação de um fato criminoso”, explicou o diretor do Desipe.

Para a condução até o estado do Amazonas, nesta segunda-feira, dia 26, uma equipe de Roraima foi designada para acompanhar os policiais que atuam em Manaus. “Vai acontecer de forma integrada. Policiais daqui vão auxiliando, porque conhecem o território”, disse o chefe da Dicap. (J.B)

‘Filé’ fugiu do Compaj durante massacre de 1º de janeiro

Bruno é natural de Roraima, mas não responde por crimes cometidos no estado de origem, somente no Amazonas. Ele estava foragido do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na região rural de Manaus, desde o massacre que aconteceu no dia 1º de janeiro deste ano. “Ele fugiu do presídio depois daquelas mortes. Lá cumpria pena por tráfico de drogas, portanto ele era foragido do Sistema Prisional do Amazonas. A prisão aconteceu porque há integração entre as polícias. Essa parceria já existe há alguns anos”, enfatizou o chefe da Dicap, Roney Cruz.

O CRIME – O policial militar Paulo Sérgio Portilho desapareceu no dia 26 de maio deste ano depois que teria ido à invasão Vovó Maroca, perguntando sobre terrenos que estavam à venda no local. Na ocasião apareceram alguns elementos, que chamaram o chefe do tráfico na comunidade, conhecido como “Gigante”. O PM foi revistado e os criminosos acharam um revólver 38 na cintura dele.

Paulo Sérgio Portilho ainda teria se identificado como policial, mas os bandidos o atacaram com pedaços de pau, em seguida foi arrastado para dentro da invasão, na própria moto e depois de ser esfaqueado e enforcado, enterraram o corpo que só foi localizado no dia 30. Depois de encontrarem objetos que poderiam ser do PM, os policiais intensificaram as buscas até encontrar o lugar onde o cadáver foi enterrado em pé. O corpo foi enterrado a quase dois metros de profundidade em um terreno na invasão. A localização só foi possível com o auxílio de uma cadela farejadora especializada em encontrar cadáveres.

Um familiar explicou à polícia local que Paulo trabalhava no Comando Geral da PM, no bairro Petrópolis, na zona sul, e no fim de semana prestava serviço para uma pizzaria localizada no bairro Tarumã.

O crime causou muita repercussão no Amazonas, uma vez que os assassinos agiram com requintes de crueldade. “Eles arrastaram o policial no meio de uma comunidade, mataram depois a facadas. Bruno foi apontado por todos os outros que foram presos como o autor do homicídio. Eles também informaram quem emprestou a faca, quem é o dono do terreno onde a morte aconteceu e onde o corpo foi ocultado. Eles cavaram um buraco e enterraram o policial em pé. O corpo foi encontrado quatro dias após o crime com o auxílio de cão farejador especializado em buscas de cadáver”, citou Roney Cruz.

A polícia amazonense apontou que há pelo menos 15 envolvidos na morte do PM, dentre eles Bruno, como o responsável pela execução. “Ele é o principal acusado do fato que ocorreu no Amazonas contra o Polícia Militar Paulo Sérgio Portilho. Há informações de que ele seja o executor”, esclareceu o diretor do Desipe, Elisandro Diniz. A suspeita é que Filé tenha fugido para Roraima logo após o crime. “A captura desse assassino vai trazer alívio ao coração da família do policial militar e para a família da Polícia Militar, porque isso causa uma comoção no âmbito policial”, destacou o subcomandante da Polícia Militar. (J.B)