Cotidiano

Taxistas reajustam em 42% o valor da passagem à cidade de Pacaraima

Embora taxistas cobrem R$ 50,00, presidente de cooperativa diz que passageiros não são obrigados a pagar o valor

Quem precisou viajar nos últimos dias de Boa Vista ao Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Norte do Estado, notou a diferença no preço da passagem cobrada pelos taxistas. Um táxi intermunicipal, que costuma levar aproximadamente cinco passageiros, cobrava R$ 35,00 por pessoa. Desde dezembro do ano passado, o valor subiu para R$ 50,00. A elevação ocorreu após o fechamento da fronteira pela Venezuela, no dia 13 de dezembro de 2016.

O aumento de 42% no valor ocorreu porque os taxistas não puderam mais abastecer o veículo no país vizinho, onde o combustível custa mais barato. “Assim que foi reaberta a fronteira, os taxistas não voltaram a cobrar o preço anterior. Continua sendo cobrado até hoje o valor de R$ 50,00, sendo que a gasolina que os taxistas compram hoje não custa nem R$ 2,00 [o litro na Venezuela]. Se comprassem a gasolina exclusivamente em Boa Vista, de quase R$ 4,00, não veria nada demais no aumento. Enfim, para os taxistas reajustarem o valor seria necessária uma votação na Câmara dos Vereadores, mas não foi feita. É uma falta de respeito com quem necessita do serviço”, reclamou um passageiro que preferiu não se identificar.

Na manhã de ontem, a Folha foi até o Terminal Firmino Sampaio, localizado no bairro Buritis, zona Oeste de Boa Vista, onde os taxistas aguardam passageiros para seguir viagem. Quando questionado sobre o valor da passagem, um dos taxistas respondeu de imediato que custava R$ 50,00. “Aumentou um pouco porque tudo está mais caro hoje. Estamos acompanhando os aumentos. O próprio ônibus que faz a mesma viagem antes cobrava R$ 30,00 e agora R$ 40,00”, afirmou.

Outros taxistas também foram indagados e as respostas foram semelhantes. “A gente costuma levar de cinco a sete pessoas por viagem. Se for necessário, podemos buscar a pessoa até em casa, basta ligar. Tudo pelo cliente. Chegando lá [Pacaraima], a gente abastece e volta no mesmo dia se tiver passageiro”, relatou outro taxista.

COOTAP – A Folha de Boa Vista entrou em contato com a Cooperativa de Transporte Alternativo de Pacaraima e Boa Vista (Cootap) e conversou com o presidente Antônio dos Santos, conhecido como “Dino”. Segundo ele, o valor ainda não passou por reajuste, mas os taxistas estão pedindo apenas ajuda de custo aos passageiros, uma espécie de “incremento” no valor da passagem.

“É bom deixar claro que os taxistas não estão exigindo, e sim pedindo um acréscimo de R$ 15. É uma ajuda apenas, e não é obrigatório. Explicamos isso aos passageiros. O preço da gasolina subiu, assim como a manutenção do veículo, peças e pneus. Há mais de quatro anos que os taxistas intermunicipais não têm reajuste no valor da passagem e hoje tudo está muito mais caro. Com esse preço [R$ 35] não está dando para trabalhar”, afirmou.

A Cootap possui uma frota de 78 veículos operando, mas é apenas uma das três cooperativas que fazem o percurso até Pacaraima. Somando, são 135 taxis. “Todos os taxistas, incluindo os de outras cooperativas, estão pedindo essa ajuda aos passageiros. Nós explicamos a nossa situação e pedimos compreensão. Temos dificuldades até para abastecer na fronteira, porque agora é preciso pagar uma taxa para entrar na fila e só funciona de 8h até 11h30, no máximo”, disse Dino.

Outra dificuldade alegada pelo presidente é a quantidade de veículos operando na linha atualmente, fato que tem diminuído a renda de cada taxista associado às cooperativas. “São muitos veículos e, como trabalhamos em regime de escala, cada taxista está fazendo só uma viagem por dia, mais ou menos. Falta passageiro para tanto táxi. Cada sócio da cooperativa tem o seu veículo, e o valor recebido por viagem é dele. A cooperativa serve para organizar. Todo mês, cada associado paga uma taxa destinada aos custos básicos, como telefone, tributos, entre outros”.

Uma reunião foi marcada com a Prefeitura de Pacaraima para resolver a situação dos taxistas, segundo Dino, e estava prevista para acontecer ainda esta semana. “Acredito que vai acabar ficando para a semana que vem. Vamos levar nossa situação e esperar que os vereadores votem e que o reajuste seja concedido”, frisou.

PREFEITURA – De acordo com o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, uma reunião foi solicitada para tratar do reajuste. Por telefone, ele informou que aguarda apenas os próprios presidentes das cooperativas agendarem a data.

“Já me procuraram, sim, mas eles [presidentes] ficaram de reunir todas as cooperativas para marcarmos uma reunião e até agora isso não aconteceu. É preciso primeiro elaborar um projeto e então enviá-lo à câmara dos vereadores para votação. No entanto, a Câmara está em recesso e só retorna aos trabalhos no dia 14 de fevereiro. Se for necessário, solicito uma sessão extraordinária. O importante é resolver essa questão o mais rápido possível”, esclareceu.