Cotidiano

Terceirizados da segurança cobram pagamento de salários atrasados

Servidores da empresa terceirizada de segurança ForteVip Vigilância e Empreendimentos denunciaram o atraso no pagamento dos salários. Contratada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima (IFRR), a empresa é responsável pela segurança de um prédio do instituto em construção, situado no bairro Conjunto Cidadão, no local um segurança da empresa foi morto meses atrás.

Um servidor, que pediu para não ser identificado, disse que a situação é séria, pois todos estão com seus compromissos atrasados, tendo em vista que a maioria são pais de família e têm filhos com idade de até 10 anos. “Eu ainda estou me virando, mas tenho colega que teve energia cortada, outros estão ameaçados de despejo por conta do aluguel atrasado, cartão de crédito correndo juros. Muito complicado”, afirmou o funcionário, que está há dois meses sem receber.

Outro servidor, que também não quis ser identificado, relatou que a empresa alega a falta de uma assinatura por parte do IFRR e que isto gerou os atrasos e que, enquanto a questão não for solucionada, não há previsão para o pagamento. “É muito difícil para nós. Eles dizem que é uma confusão por conta de documentação e nós e nossas famílias estamos pagando. Corremos risco de vida para termos nosso dinheiro digno, um colega nosso já foi assassinado aqui e ainda não recebemos”, relatou.

IFRR – Em nota, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima informou que, visando garantir a continuidade do serviço de vigilância e os direitos dos funcionários que prestam o serviço na estrutura em obras do Campus Boa Vista Zona Oeste, notificou a empresa contratada ForteVip, que deixou de efetuar o pagamento dos profissionais que atuam na segurança da unidade de ensino, desde o último mês de agosto.

Segundo o diretor de Orçamento e Planejamento do CBVZO, Igor Sales, como a empresa deixou de entregar alguns documentos comprobatórios da prestação do serviço, conforme prevê o contrato, o pagamento não pôde ser efetuado. No entanto, ele destacou também que, conforme contrato, o IFRR tem o prazo de até 90 dias para fazer o repasse do pagamento à empresa, o que obriga também a contratada arcar com os pagamentos sempre até o 5º dia útil, conforme prevê a legislação trabalhista e o contrato firmado.

“É obrigação da empresa efetuar esse pagamento mesmo que ainda não tenha recebido do Instituto e isso por um período de até 90 dias, que é nosso prazo máximo para pagamento. A empresa contratada precisa ter previsão orçamentária justamente porque situações como essa podem ocorrer. Nós estamos seguindo o contrato e eles estavam em falta com o que é previsto para o devido repasse do dinheiro. Não há justificativa de atraso porque o erro foi deles e eles precisam ter essa reserva para o pagamento dos profissionais, que são contratados por eles e, portanto, o pagamento também deve ser efetuado por eles, não pela instituição que terceiriza o serviço”, explicou.

Sales informou que somente na noite da segunda-feira passada, dia 6, é que a empresa entregou o restante da documentação exigida para o andamento do processo, dentre elas a frequência dos funcionários e o livro de ocorrências. De posse da documentação completa, agora o Instituto dará andamento ao processo e o repasse do pagamento da empresa deverá ser regularizado no máximo até esta amanhã, dia 8.

“Mesmo assim o IFRR seguirá com as medidas administrativas adotadas contra a empresa em razão de descumprimento contratual e no intuito de garantir que problemas como esses não ocorram mais, prejudicando a prestação de um serviço essencial como a segurança e, sobretudo, lesando os profissionais disponibilizados para o trabalho. A contratada tem até esta quinta-feira, dia 8, para responder à notificação”, informou.

FORTEVIP – Procurada pela equipe da Folha, a empresa informou que não iria prestar nenhum esclarecimento sobre a situação. (E.S)