Polícia

Três municípios do interior são alvos de atentados criminosos

Um suspeito de atuar no atentado do Cantá foi preso e outros dois foram presos em Caroebe

Simultaneamente aos crimes ocorridos na capital, outros da mesma natureza aconteceram no interior do Estado. As ocorrências se deram nos municípios de Caracaraí, na região centro-sul, Cantá, a centro-leste, e Caroebe, região sul. Destacamento de Polícia, agência bancária e caminhão de lixo foram os alvos dos bandidos. Os atentados foram registrados no começo da madrugada de ontem, dia 30.

Em Caracaraí, os bandidos jogaram uma garrafa com combustível dentro de uma agência bancária, causando danos na parte interna, sobretudo no forro. Os caixas eletrônicos não foram atingidos pelas chamas. A Polícia Militar foi acionada e fez buscas pelas imediações, mas não conseguiu encontrar nenhum suspeito.

Segundo o Comandante de Policiamento do Interior em exercício, coronel Matos, como havia uma grande quantidade de policiais nas ruas, os bandidos não obtiveram êxito na tentativa de incendiar o prédio do Cras, naquele município. Mesmo assim, houve uma tentativa frustrada. Durante toda a madrugada, o policiamento ostensivo foi intensificado em Caracaraí. Até o fim da tarde de ontem, ninguém foi preso como suspeito dos crimes.

CANTÁ – Por volta de 1h da madrugada de ontem, 30, foram registrados no município de Cantá dois ataques utilizando coquetéis Molotov. O primeiro na delegacia do município, onde duas garrafas em chamas foram lançadas. Uma explodiu na calçada, provocando danos, e a outra atirada contra o carro de um agente, quebrando a janela. O segundo ataque ocorreu no destacamento da Polícia Militar e causou danos à estrutura do prédio porque houve um princípio de incêndio que foi apagado pelos próprios policiais.

Na tarde de ontem, agentes da Delegacia do Cantá prenderam Halisson do Nascimento Souza, como principal suspeito de ter participado dos atentados no município. Ainda na madrugada, as investigações começaram a ser realizadas pelas equipes que, com o auxílio de informantes, conseguiram identificar o elemento. Dentro da residência do indivíduo, a Polícia encontrou o material utilizado para a fabricação das bombas caseiras. “Foram encontradas garrafas, pavios e diesel que resultam em fortes indícios do envolvimento do suspeito nos ataques. Há também testemunhas que apontam a participação dele”, disse o delegado Uziel Castro, que responde atualmente pela delegacia do Cantá.

O indivíduo foi levado para a Delegacia, mas durante depoimento negou a autoria e participação nos crimes, afirmando que não integra qualquer organização criminosa e que todo o material ilícito foi implantado em sua residência como meio de incriminá-lo. Por outro lado, uma testemunha informou que uma reunião aconteceu na casa de Halisson, na noite do domingo, dia 29. Suspeita-se que os elementos tenham se juntado para tramar as ações.

A autoridade policial decidiu lavrar o Auto de Prisão em Flagrante (APF) contra Souza e encaminhá-lo para audiência de custódia. Ele já responde por crimes como tráfico de drogas, roubo e tentativa de homicídio. Outros indivíduos podem ser presos à medida que novas testemunhas são ouvidas.

CAROEBE – Passava da meia-noite quando um caminhão coletor de lixo, adquirido recentemente pelo município, e uma retroescavadeira, ambos patrimônio da Prefeitura, foram queimados no atentado criminoso. Os policiais foram acionados para atender a ocorrência e receberam uma denúncia anônima de quem seriam os autores do delito.

As investigações do grupo de inteligência resultaram na prisão de dois indivíduos, identificados como Gabriel José de Souza Neto, vulgo “Biel”, de 22 anos, e Welber Soares Stein, vulgo “Loirinho”, de 19 anos. Eles estavam escondidos dentro de uma casa, às margens da BR-210, quando foram abordados pelos militares por volta das 6h de ontem.

Os dois suspeitos estavam sendo investigados há algum tempo porque faziam uma série de depósitos na conta bancária de um indivíduo que seria o líder da facção à qual fazem parte. “Loirinho” confessou a autoria no crime. O comparsa, segundo informações coletadas pela PM, foi batizado na facção há três dias.

Eles foram conduzidos à Delegacia de São João da Baliza para serem ouvidos pela autoridade policial e, ao fim dos procedimentos, serão levados para audiência de custódia com a Justiça. Nenhuma arma ou material ilícito foram encontrados com a dupla. (J.B)

Comandante da PM diz que população deve se tranquilizar

Em tom incisivo, o comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Edison Prola, afirmou que a PM já sabia da iminência dos atentados que ocorreram na Capital e no Interior, destacou o combate contra o crime organizado e acalmou a população do Estado para que mantenha a rotina e confie nas forças de segurança.

Prola confirmou que a ordem para execução dos ataques partiu de dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) pelas lideranças de uma facção criminosa. “Então, nós fizemos um trabalho de inteligência desde o sábado, dia 28, mas os ataques não aconteceram. Os serviços de inteligência da Polícia Militar e da Dicap (Divisão de Inteligência e Captura) conseguiram fazer o levantamento e antecipar às ações dos marginais”, frisou.

Segundo o comandante, no domingo, a Polícia Militar se preparou novamente para os ataques. “Nós conseguimos trazer mais policiais para as ruas, aumentamos os números de viaturas e espalhamos em toda a cidade. Com isso, os ataques foram diminuídos sensivelmente. Conseguimos inibir vários ataques, além disso, os marginais até erraram os lançamentos de coquetel Molotov. Tentaram atacar o ônibus da base da PM no Vila Jardim e lá a Polícia conseguir prender três homens e uma mulher. Vamos deixar bem claro que a Polícia Militar tinha o conhecimento disso horas antes e, por este motivo, conseguimos nos antecipar às tentativas. No interior do Estado as guarnições estavam avisadas, mas é muito difícil saber em que local eles vão atacar”, ressaltou.

Quanto à identidade do mandante dos ataques, o coronel explicou que o trabalho de investigação está sendo feito pela Inteligência da PM e Dicap para que os mandantes e autores dos crimes sejam responsabilizados. De acordo com o coronel, o que é possível imaginar é que a ordem partiu de dentro do presídio por conta da revista realizada na sexta-feira, [27], pela PM e pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).

“Encontramos oito buracos cavados pelos presos que seriam utilizados para uma fuga em massa da Penitenciária. Nós conseguimos impedir essa fuga, apreendemos mais de 30 celulares e anotações do crime organizado. Então acreditamos que esse tenha sido o verdadeiro motivo pelo qual os presos resolveram atacar. Um espécie de represália criminosa”, salientou.

Para a população do Estado, Prola disse que todos devem seguir a rotina normalmente, que precisam confiar na PM, nas instituições de Roraima, como a Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e todos os que fazem a segurança. “Porque nós não vamos deixar bandido criar nome. Facção criminosa nenhuma vai implantar terror em Roraima, nem na Capital nem no interior do Estado. Nós não vamos deixar isso acontecer e eu quero tranquilizar toda a população de Roraima”, garantiu (J.B)