Cotidiano

UFRR celebra hoje convênio com Agência da ONU para Refugiados

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) assina hoje, 17, um convênio com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e passa a ser a primeira universidade do Norte do país a integrar a Cátedra Sérgio Vieira de Mello. Um dos objetivos é estabelecer um Termo de Referência para adesão à iniciativa dentro das três linhas de ação: educação, pesquisa e extensão voltada à população em situação de refúgio.

O convênio foi possível após iniciativa do professor do curso de Relações Internacionais da UFRR, Gustavo Simões. De acordo com ele, essa parceria vinha sendo pensada há mais de um ano, quando um plano de trabalho foi elaborado e enviado à ACNUR. “Conheço o programa há algum tempo, entrei em contato com a Agência, manifestei interesse e participei do encontro das Cátedras em São Paulo no ano passado. Demorou mais ou menos um ano de negociação, enviei um plano de trabalho com algumas ações que já desenvolvíamos por aqui e que pretendemos desenvolver nos próximos anos e, por fim, deu certo. Hoje celebramos esse convênio, com membros da ONU presentes em Roraima”, disse o professor, que hoje é coordenador local da Cátedra.

Apesar de Roraima estar abrigando atualmente milhares de refugiados da crise venezuelana, o convênio foi pensado muito antes de isso acontecer. “Roraima tem por excelência essa vocação migratória. Fazemos parte da fronteira Norte do país. Somos um estado estratégico. Desde muito antes, já recebíamos uma quantidade grande de haitianos, bem menor em relação ao Acre e ao Amazonas, mas recebíamos mesmo assim e continuamos a receber. Também temos uma situação histórica com os migrantes cubanos. Acabou conciliando esse convênio com a situação que vivemos atualmente em relação à quantidade de venezuelanos que hoje abrigamos. Essa parceria só vai favorecer a ajuda a essas pessoas”.

Após o convênio, algumas ações serão realizadas dentro das três linhas de ação. No quesito “ensino”, será implantada a disciplina “Direito Internacional dos Refugiados” no curso de Relações Internacionais e no curso de pós-graduação em Sociedade e Fronteiras da UFRR. Já em “pesquisa”, alguns projetos já estão em andamento e outros serão fomentados a partir da parceria firmada com a ACNUR.

“Temos hoje um projeto de pesquisa de integração de refugiados em centros urbanos. Temos também outra pesquisa sobre o observatório das migrações, que é ligada à Universidade de Brasília (UnB), ainda em processo de estruturação. Será elaborado um perfil socioeconômico dos venezuelanos em Roraima. Ainda não há previsão para finalizarmos, porque ainda estamos fechando acordo para financiamento, contando ainda com pesquisadores do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], para conhecer a fundo o perfil dessas pessoas aqui no Estado”, disse.

Em “extensão”, ainda conforme Simões serão realizadas várias ações coordenadas pela Cátedra em Roraima. “Temos, por exemplo, um projeto da ‘Rede Acolher’, da Cátedra, que promove ensino de português para refugiados, atividades recreativas com as crianças no abrigo, auxílio jurídico, orientação para o mercado de trabalho, entre outros. Isso já está acontecendo. São acadêmicos de vários cursos que participam”, citou.

A intenção é continuar a realizar outras ações, após a celebração da parceria entre a UFRR e a ACNUR, como seminários e palestras sobre o tema. “Quem sabe também produção e divulgação de conteúdo e conhecimento sobre o tema? Criar extensões voltadas à comunidade em geral. Trabalhar diretamente com os refugiados em projetos comunitários, algo que diversas universidades já têm desenvolvido”, afirmou.

O evento de celebração do convênio está marcado para iniciar às 11h de hoje no auditório do Centro de Ciências Humanas (CCH), no campus Paricarana da UFRR, e contará com a presença de representantes da sede da ACNUR, localizada na Genebra (Suíça), e também de representantes da ONU no Brasil. “Será um evento rápido, curto e vale ressaltar que é aberto a quem quiser conferir de perto. É um marco histórico para a nossa universidade e de grande importância, tanto que o tema está repercutindo no mundo inteiro”.