Cotidiano

União autoriza ampliação do estoque de combustível nas termelétricas

O pedido de ampliação do volume de combustível em estoque para operação das termelétricas que atendem o sistema de Boa Vista gerou questionamentos sobre uma possível suspensão do fornecimento de energia elétrica que vem da Venezuela por meio do Linhão de Guri.

A solicitação feita pela Eletrobras Distribuição Roraima foi autorizada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em publicação na edição do Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira, 15 de dezembro, por meio da Portaria 483/2017, que concedeu de modo excepcional a ampliação do volume de combustível em estoque para oito dias de operação das usinas.

A norma prevê também que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adote as providências necessárias para a execução da Portaria, inclusive quanto ao enquadramento na sistemática de rateio da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC), que dilui os custos de operacionalização do parque térmico entre consumidores de todo o País.

Questionada sobre o pedido de aumento do estoque de óleo diesel das usinas termelétricas, que só funcionam em caso de corte de energia do Linhão de Guri, a Eletrobras em Roraima afirmou, em nota, que o fornecimento de energia do sistema Venezuela continua normal e que a solicitação foi feita por questões técnicas, para que o reservatório fique com a capacidade total e evite o desgaste de óleo e comprometimento das máquinas quando for usado.

Em agosto deste ano, o presidente da distribuidora, Anselmo de Santana Brasil, havia afirmado em entrevista à Folha que a autonomia atual das termelétricas para atender ao Estado em caso de suspensão imediata do fornecimento de energia por Guri era de oito dias, período igual ao que foi concedido à empresa na semana passada.

Conforme a Eletrobras, os custos operacionais das termelétricas são 75% mantidos pela Conta de Consumo de Combustível e 25% pela própria Distribuidora. O parque térmico do Estado, com quatro termelétricas, possui capacidade de geração de 220 Megawatts. O consumo de energia em Roraima, segundo a estatal, gira em torno de 180 Megawatts.

Enquanto a burocracia impede a continuidade das obras do Linhão de Tucuruí, que irá integrar o Estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio de Manaus (AM), as usinas termelétricas são utilizadas como alternativa para minimizar a crise energética em Roraima, que é o único Estado brasileiro que não faz parte do SIN e depende, desde 2001, do fornecimento de energia elétrica que vem da Venezuela, país que passa por grave crise política e econômica.

O único problema é que as usinas termelétricas geram energia até oito vezes mais cara que as hidrelétricas, em termos comparativos. Além disso, por ser movida a diesel, é mais poluente e agressiva ao meio ambiente.

Atualmente, são gastos R$ 1 milhão por mês apenas com combustível para abastecer o parque térmico. Caso haja suspensão do fornecimento por meio do Linhão de Guri, a conta deve subir para R$ 3,5 milhões mensais.

ANEEL – A reportagem da Folha entrou em contato com a Agência Nacional de Energia Elétrica para saber se haveria aumento na tarifa de energia elétrica em Roraima por conta do aumento no volume de estoque de combustíveis das termelétricas. Em nota, o órgão respondeu apenas que as áreas técnicas estão avaliando o que cabe à Agência regular em virtude da publicação da Portaria. (L.G.C)