Cotidiano

Vendedores dormem nos quiosques em parque do Asa Branca para evitar roubos

Donos de lanchonetes localizadas no parque aquático abandonado se revezam à noite para manter segurança

O Parque Aquático do bairro Asa Branca, na zona oeste de Boa Vista, localizado próximo à Casa do Estudante, encontra-se em completo estado de abandono, sem segurança, com mato, lixo, calçadas e bancos quebrados, além de acúmulo de água parada nas piscinas. Os comerciantes que ainda permanecem no local encontraram uma alternativa para evitar serem vítimas de assalto: dormir nos quiosques.

De acordo com a dona de uma das lanchonetes, que preferiu não se identificar, a solução de passar a noite no local, foi a única encontrada para não perder seus pertences e eletrodomésticos que utilizam para a venda de produtos alimentícios. “Se eu sair daqui, de manhã, quando vier, não acho nada. Já me roubaram quatro vezes em cinco anos, duas vezes somente no ano passado. Se eu pudesse, eu dormia em casa, na minha cama. Trabalho o dia todo, cansada e ainda tenho que dormir aqui, na rede, com um ventilador. Só por necessidade”, afirmou.

Segundo a dona do quiosque, a família mora próximo ao ponto de trabalho e tem que se revezar com familiares e os outros comerciantes para manter a segurança. “Eu ficava preocupada quando ia para a igreja. Agora nós revezamos. Quando eu vou, os donos do outro ponto observam para mim e eu pra eles”, disse.

A comerciante ainda criticou a ação da polícia no dia que sofreu uma tentativa de assalto. “No dia que eu chamei, depois de meia hora chegaram, mas ladrão não espera. Me falaram que eu não podia dormir aqui. Eu respondi que eu ficava lá para cuidar das minhas coisas, não são eles que vão cuidar”, reclamou.

Um casal do Amazonas começou a trabalhar numa lanchonete na área há seis meses em razão da desistência do antigo dono. “Levaram tudo dele, por isso ele desistiu”, informaram. Quando questionados como era feita a segurança no local, responderam: “Só Jesus. Jesus que nos guarda aqui”.

Comércios próximos ao parque aquático abandonado também são alvo de ladrões

Rivonete Pereira é moradora do bairro Asa Branca e tem um comércio próximo ao parque aquático há doze anos. Nesse período, ela já foi assaltada 14 vezes. “Teve um que foi solucionado, outro eu tomei a iniciativa, apesar de não aconselhar ninguém a fazer isso. E último foi a pior coisa da minha vida, porque eu tive que ver meu filho apanhando e ele teve que me ver apanhar, de pisarem na cabeça do meu filho e eu não poder fazer nada, só rezar”, afirmou.

Segundo a comerciante, o assaltante chegou a voltar ao mesmo local para tentar cometer um novo roubo na área, mas, desta vez, a população conseguiu interceptar a ação e chamar a polícia. “Fui para audiência, registrei queixa e sabe o que me disseram? Perguntaram para mim se eu não tinha como mudar de profissão”, disse Rivonete. “Eu tenho medo, mas eu tenho coragem para trabalhar. Eu vivo e sustento meus filhos disso aqui”.

A moradora ainda criticou o abandono do parque aquático. “Isso só funcionou direito na época do Ottomar Pinto [ex-governador já falecido]”, disse. Sobre a possível revitalização, a comerciante disse que preferia que fosse construído uma praça no local. “Não é obrigado a manter a piscina. Pode até fechar tudo, fazer uma quadra de esporte. Desse jeito fica só juntando água e mosquito”, reclamou.

Governo promete revitalizar parques, mas não dá prazo para terminar obras

A Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou que os parques aquáticos do Caçari, Caranã, Parque Anauá, Asa Branca e Jardim Primavera vão passar pelo processo de revitalização, no entanto, não informou a previsão de conclusão da obra de reforma. “No momento, o Parque Aquático do Caçari passou pela parte de limpeza e está iniciando a parte de pintura. O do bairro Caranã está sendo limpo”, informou.

Segundo o governo, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), parceira na ação de revitalização dos parques, vai cumprir procedimentos internos de segurança para poder dar continuidade aos trabalhos e estipular um prazo para a conclusão dos serviços, já que conta com a participação de reeducandos em regime de remição de pena.

SEGURANÇA – Sobre o policiamento nesses locais, o Governo do Estado afirmou que a Polícia Militar de Roraima tem reforçado as rondas policiais a fim de evitar qualquer tipo de ação criminosa e tem se aproximado da população por meio do programa Polícia Comunitária. “Vale ressaltar que a população é parceira ao denunciar atitudes suspeitas por meio do 190”, frisou a nota. (P.C.)

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