Cotidiano

Vendedores reclamam do valor da taxa e instalam barracas do lado de fora

Insatisfeitos com o valor de R$ 400,00, cobrado para uso das barracas, vendedores se instalaram na frente do Parque Anauá

Um grupo de ambulantes procurou a Folha para reclamar da organização da 26ª edição do Arraial do Anauá, promovido pelo Governo do Estado no Parque Anauá. Eles reclamam do valor da taxa cobrada pelas barracas e denunciaram a intimidação por parte da Polícia Militar aos ambulantes que circulam pelo evento e aos que instalaram barracas do lado de fora do parque.

Conforme o presidente da Associação dos Ambulantes de Roraima, Reginaldo Oliveira, os vendedores também passaram por dificuldades com a Prefeitura, no início do Arraial Boa Vista Junina, mas logo que eles manifestaram o descontentamento, a equipe municipal convocou uma reunião e fez um acordo com os ambulantes, o que não aconteceu com o Governo do Estado.

Segundo Oliveira, a maior dificuldade foi o preço da taxa pelas barracas de 2mx2m para o período do evento, de 24 de junho até 02 de julho. “No ano passado, as barracas custaram R$ 150,00 e hoje custam R$ 400,00. Disseram que foi porque houve mudança, mas a única modificação foi uma placa de acrílico com o nome da barraca. Essa placa está valendo R$ 150,00. A energia, que disseram ter passado por mudança, está faltando nas barracas”, reclamou. Em comparação, Reginaldo Oliveira disse que as barracas disponibilizadas no arraial da Prefeitura era de 3mx3m e a taxa foi de R$ 100,00.

Segundo ele, a maioria dos ambulantes não pôde pagar o valor, por isso os vendedores montaram uma praça de alimentação do lado de fora do portão do Parque Anauá. Ele disse que por conta disso foram enviados policias militares para intimidar os ambulantes e forçar que eles saíssem do local. “Mandaram a PM tirar a gente de lá. Não mexeram, mas ficaram lá de plantão. Disseram que a ideia era ficar lá intimidando. Tem mais de 80 ambulantes do lado de fora. A própria PM falou que não era função deles fazer isso, mas eles tinham que cumprir ordens. Nós não saímos, continuamos no mesmo local e vamos permanecer”, frisou.

Reginaldo Oliveira disse que hoje, 28, a categoria irá se reunir para debater sobre a possibilidade de uma ação judicial para que o trabalho deles fosse permitido. “Estamos procurando os meios de interceder. Não vamos nos retirar de lá, mas não vamos medir forças com eles. Somos todos pais de família e não queremos problemas”, destacou.

RECLAMAÇÕES – Os ambulantes que trabalham nas barracas dentro do parque disseram que estão passando por dificuldades. Uma vendedora do setor alimentício disse que o espaço é muito pequeno, de dois metros quadrados. “Não dá para colocar praticamente nada. Não tem como arrumar tudo na barraca”, reclamou.

Ela disse que os ambulantes rotativos que trabalham vendendo seus produtos caminhando entre as pessoas, como algodão doce e pipoca, também foram proibidos de ficarem circulando no evento. “Eu vi uns deles parados e perguntei o motivo de estarem ali. Eles me falaram que tinham sido proibidos, que disseram para eles que não podia circular e que tinham que ficar parados”, explicou. “As barracas também ficaram muito distantes. Quando começa o show, não dá para o cliente vir comer ou beber algo e curtir a apresentação ao mesmo tempo”, acrescentou.

Secult afirma que segue os mesmos critérios adotados no ano passado

A Secretaria de Cultura (Secult), responsável pelo evento, afirmou que todos os critérios publicados no edital de N° 04/2017 são os mesmos utilizados, no ano passado, visando tornar transparente o processo para Permissão de Uso de Espaço para Exploração Comercial de Serviços durante o XXVI Arraial do Anauá, com a intenção de manter a organização e ordem no local.

Segundo a secretaria, as taxas referentes aos produtos e serviços foram cobradas por categoria e que, além da limpeza do espaço, disponibilizou aos comerciantes toda infraestrutura, instalação elétrica e segurança durante os dias do arraial.

Para vendedores de comida regional foram destinadas 30 barracas de madeira, em compensado e telhado com telhas galvanizadas, com instalação elétrica, esgoto, pia e exaustores, iluminação e parte elétrica interna e externa, porta na parte de trás do quiosque com tranca para colocação de cadeado, janela basculante e ventilador de exaustão e extintores de incêndios.

Já para ambulantes de bebidas e alimentos, 80 barracas de lona foram padronizadas, com luminária e parte elétrica instaladas, colocadas dentro do circuito do Arraial em locais pré-determinados pela organização.

Além disso, foram disponibilizados 20 espaços alternativos para a comercialização rotativa de pipoqueiros, assadores de queijo, picolés, dindins, algodão doce, maçãs do amor, milho verde, balas e venda de balões infantis com gás. Também 20 espaços destinados à comercialização de bolas, brinquedos e outros produtos, o que inclui a venda de bijuterias. Outros 15 para venda de churros, sorvete, crepe, pizza, cachorro quente.

SEM RESPOSTA – O Governo do Estado não se manifestou sobre as reclamações dos ambulantes sobre intimidação por parte dos policiais para quem montou barracas do lado de fora e proibição de circulação dos vendedores ambulantes. (P.C.)