Saúde e Bem-estar

Vergonha e preconceito atrapalham tratamento contra depressão

Segundo o especialista, o principal medo das pessoas que necessitam de acompanhamento é ter seu caso associado a algum tipo de doença mental ou fraqueza

Muitos pacientes ainda têm preconceito e vergonha na hora de buscar o tratamento contra a depressão. Segundo o psiquiatra Alberto Iglesias, quando as pessoas começam a sentir tristeza, melancolia, e desânimo, elas tendem a se isolar, a não querer mais contato social e acabam vivendo esse sofrimento de natureza psicológica de forma individualizada. E, muitas vezes, são acusadas de serem fracas e preguiçosas.

Para o especialista, isso auxilia na hora de criar um estigma ao paciente que não procura ajuda psiquiátrica. Segundo ele, ainda há uma pressão muito grande da sociedade para não ir ao psiquiatra, ou se fizer isto somente em último caso, o que não é indicado.

“Após o paciente buscar uma lista quase interminável de outras possíveis “soluções” que só atrasa o tratamento psiquiátrico e psicológico, ele busca pela ajuda médica. O fato é que nem todas as pessoas possuem esse tipo de esclarecimento e, muitas vezes, deixam de procurar um especialista por puro preconceito ou desinformação”, relata.

Na medida em que se passa a falar sobre o tema, essas pessoas começam a perceber que não são as únicas a experimentar essas sensações e que existe tratamento. Abrem-se portas para conversar com amigos e familiares e, eventualmente, sejam encorajadas a procurar atenção profissional.

O médico ressalta que é recomendado procurar um psiquiatra quando forem identificadas alterações no comportamento que comprometam o indivíduo no trabalho, na convivência com as pessoas e na percepção da realidade, além de mudanças repentinas de sensação, percepção, humor e capacidade de entendimento.

De acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), a depressão é um transtorno mental frequente. A doença acarreta à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar.

Para Iglesias, à medida que a imprensa e a mídia em geral passaram a falar de depressão, pânico, fobia, ansiedade e outros sintomas, se reduz um pouco o estigma relacionado às doenças mentais e emocionais.

“Cada vez que as pessoas começaram a conhecer melhor o tema, aumenta a possibilidade de reduzir o preconceito da doença para que a pessoa procure ajuda médica o mais rápido possível. Às vezes, o preconceito está dentro delas mesmas e não procuram o psiquiatra para tratar ou da família, que pode pensar que não é nada, que é frescura, que vai passar”, reforça o médico.