Polícia

Vídeos de segurança comprovam inocência de policial

Agente da Dicap está sendo perseguido pelo crime organizado por conta de desaparecimento de presos

Um bilhete escrito à mão foi deixado como recado de uma facção criminosa para autoridades do Estado. Foram ameaçados além de autoridades, o chefe da Dicap (Divisão de Inteligência e Captura), Roney Cruz. A intenção dos elementos é intimidar o Estado diante do que eles chamam de “opressão” dentro do sistema prisional. 

Procurado pela reportagem da Folha, Roney explicou que eles o ligam ao desaparecimento de detentos mas garante que já liberou para a polícia vídeos que comprovam que no momento dos desaparecimentos dos detentos ele estava em sua residência e só saiu de casa na manhã da segunda-feira.

“Apresentei imagens de praticamente dois dias de filmagem sem nenhuma edição e de diferentes câmeras que comprovam onde eu estava e o que estava fazendo quando esses fatos ocorreram. O Estado alega que os presos fugiram, os familiares de presos alegam que eles foram tirados da unidade , mas eu posso provar, como provei que nada tenho a ver com isso, pois estava com minha família, na minha residência”, disse.

O chefe da Dicap contou que as câmeras de segurança de sua residência mostraram que de domingo para segunda-feira ele estava dentro de casa. “Todos esses detalhes estão nas filmagens. Eu levei para a Justiça as imagens sem corte desde a tarde do domingo até o dia seguinte quando saí para o trabalho. Até as imagens das câmeras do fundo da minha casa eu entreguei”, esclareceu Cruz.

Em relação ao bilhete, o policial ressaltou que não fujo das responsabilidades, que sabe dos riscos da profissão e assume suas ações, por isso afirma estar sendo acusado indevidamente, e da mesma maneira que luta para que a justiça seja feita, também quer justiça.

“Fui acusado indevidamente, representei contra algumas pessoas por calúnia, contra as que eu consegui identificar, que ventilaram algo a respeito disso, sem provas, inclusive já tenho audiência marcada na justiça para semana que vem. A legislação brasileira é bem específica ao declarar que ‘o ônus da prova cabe a quem acusa’, então quem acusa tem que comprovar, por isso estou tranquilo”, enfatizou.

Roney atribui as ameaças às atividades que exerce, pela conduta profissional que vem aplicando no combate ao crime, principalmente ao crime organizado, que tem como maioria de integrantes os detentos, totalizando cerca de 80%, de modo que se sentem atrapalhados pelo trabalho desenvolvido pelas forças de segurança.

Até o presente momento nenhuma informação concreta em relação aos detentos desaparecidos foi divulgada. “Foi criada uma força tarefa que deve investigar e chegar a uma conclusão dos fatos. O certo é que de imediato e voluntariamente eu procurei, por ter se tornado público através de redes sociais, inclusive áudios com meu nome, me defender, porque não devo nada”, salientou Cruz. “A investigação cabe à Polícia Civil. O que quero esclarecer é que não tem como eu estar em dois lugares ao mesmo tempo e isso eu tenho como comprovar. Vou até as últimas consequências, já estou processando por calúnia quem identifiquei e quem for identificado também vou tomar a mesma medida, porque tenho uma postura profissional a respeito disso e não fujo das minhas responsabilidades”, destacou.

FORÇA-TAREFA – A PCRR (Polícia Civil de Roraima) informou por meio de nota que a investigação em questão está em andamento e tramita no Núcleo de Pessoas Desaparecidas e corre em segredo de justiça. E acrescentou que outras informações não podem ser repassadas no momento para não atrapalhar as investigações.

DIREITOS HUMANOS – A Comissão de Direitos Humanos da OAB Roraima (Ordem dos Advogados do Brasil) também comunicou por meio de nota que ao receber denúncia de familiares de detentos, afirmando o ‘desaparecimento’ dos presos que estavam na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), em abril deste ano, de imediato encaminhou os relatos ao Ministério Público Estadual e à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), pedindo providências para o caso.

“Não é crível que as investigações sobre as denúncias feitas há mais de 90 dias, dentro do sistema prisional, ainda não tenham sido concluídas. É preciso que haja o efetivo e célere esclarecimento dos fatos ocorrido a fim de que se possa dar uma resposta aos familiares e a sociedade. A OAB vem acompanhando o caso e cobrando do Executivo Estadual o resultado das investigações a fim de apurar as devidas responsabilidades”, afirma o presidente da Seccional Roraima, Rodolpho Morais. (J.B)