Vigilância Sanitária reforça ações de fiscalização à venda de carnes

A Vigilância Sanitária Municipal iniciou fiscalização em todos os supermercados, comércios e mercados da Capital com o intuito de verificar a condição de produtos de origem animal comercializados. A ação é uma consequência direta da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na sexta-feira, 17, que investiga 40 empresas brasileiras do setor alimentício envolvidas em um esquema de corrupção. 

Segundo o diretor da Vigilância Sanitária Municipal, Fernando Matos, esse tipo de ação fiscalizatória já é realizada de forma corriqueira pelo órgão. No mês de fevereiro, 72 estabelecimentos receberam visita dos agentes da Vigilância. “Mesmo assim, voltaremos a todos os estabelecimentos que comercializam esse tipo de produto para novas fiscalizações. A intenção é vistoriar se os novos produtos de origem animal que estão chegando ao Estado, que levam a marca das empresas investigadas, estão dentro do padrão de qualidade e se estão aptos ao consumo”, frisou.

Quesitos como armazenamento, data de validade, exposição, cor, cheiro, entre outros serão analisados pelos agentes da Vigilância. “As inspeções serão feitas em todos os estabelecimentos, sem exceção. Até o momento, não tivemos nenhum problema ou incidência em Boa Vista. Nenhum consumidor entrou em contato fazendo denúncia, mas estamos nos antecipando”, disse Matos.

Caso sejam encontrados produtos irregulares durante as vistorias, os agentes retirarão algumas amostras, que serão analisadas posteriormente, e o restante será descartado no aterro sanitário da Capital. “Já estamos fazendo uma análise preliminar. Nossa orientação acontece através da ajuda da mídia. Por isso, aproveitamos para pedir ao consumidor que, caso encontre uma carne ou produto que não esteja fora dos padrões de qualidade, que procure a Vigilância. Basta trazer esse produto até aqui, ou ligar para o número 156, que tomaremos as providências cabíveis”, complementou.

SUPERMERCADOS – A Folha visitou três grandes supermercados da Capital, na manhã de ontem, 20. Em um supermercado na Avenida Ville Roy e outro na Avenida Getúlio Vargas, no Centro, haviam produtos expostas das empresas investigadas pela operação. Aparentemente, nenhum parecia fugir dos padrões de qualidade.

Em um dos locais, algumas carnes foram retiradas da embalagem a vácuo, e embaladas novamente em bandejas de isopor. Os produtos estavam expostos em frízeres. A Folha tentou contato com os gerentes e responsáveis pelas vendas de ambos os estabelecimentos. O jornal não foi atendido e nem recebeu retorno das ligações.

OPERAÇÃO – A Operação Carne Fraca foi deflagrada na sexta-feira em sete estados e envolveu 1,1 mil agentes. A Justiça Federal do Paraná expediu 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 conduções coercitivas e 194 mandados de busca e apreensão. Segundo as investigações, o esquema consistia no pagamento de propina a fiscais sanitários para que produtos sem condições sanitárias para consumo pudessem ser comercializados.

Durante as apurações, a PF constatou que empresas usavam substâncias químicas, como o ácido ascórbico, para “maquiar” o estado de conservação de produtos como carnes e processados. Indícios do inquérito revelaram que carnes eram vendidas fora do prazo de validade, misturadas com papelão e até com substâncias cancerígenas.

O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. A expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais, que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos à sociedade.

NOMES – Os frigoríficos e marcas envolvidas na Operação Carne Fraca são: BRF (Sadia, Perdigão e Chester), JBS (Friboi, Seara, Big Frango, Swift e Maturatta), Frigorífico Oregon S/A, Frango Dm Industria e Comercio de Alimentos LTDA, Seara Alimentos LTDA, Peccin Agro Industrial LTDA – EPP, Frigorífico Argus LTDA, Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes LTDA, Indústria e Comércio de Carnes Frigosantos LTDA, JJZ Alimentos S. A.,

Balsa Comércio de Alimentos Eireli – ME, Madero Indústria e Comércio S. A., Frigorífico Rainha da Paz LTDA – ME, Indústria de Laticínios S. S. P. M. A. LTDA, Breyer & CIA LTDA, Frigorifico Larissa LTDA, Central de Carnes Paranaense LTDA – ME, Frigorífico Souza Ramos LTDA, E. H. Constantino & Constantino LTDA, Fábrica de Farinha de Carnes Castro LTDA, Transmeat Logística, Transportes e Serviços LTDA.