Cotidiano

Violência psicológica encabeça lista de atendimento a mulheres vitimizadas

Outros tipos de casos mais registrados pelos profissionais do Chame são violência moral, física, patrimonial e sexual contra a mulher

O Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) realizou, de janeiro deste ano até o momento, 1.888 atendimentos às vítimas de violência doméstica do Estado. Só em setembro, 100 atendimentos já foram realizados entre o inicial, o atendimento de orientação e o retorno. Em agosto, 179 casos foram denunciados à entidade. Segundo a coordenadora do Chame, deputada Lenir Rodrigues, o trabalhou se tornou referência da mulher contra a violência doméstica.

A violência mais praticada em 2016 até a presente data é a psicológica. Foram 177 casos denunciados junto ao Chame desde o início de 2016, seguidos de violência moral, física, patrimonial e sexual. Em relação aos atendimentos, 583 foram de teor jurídico; 388, psicológicos; 359, sociais; e 32, atendimentos psicossociais. Segundo a coordenadora, as mulheres estão se sentindo mais protegidas e imponderadas para denunciar.

“Às vezes, elas não sabem que estão sofrendo a violência sexual em razão do casamento. A pessoa é casada, está sofrendo a violência, mas como é casada acha normal, quando pode estar sendo violentada ou até estuprada pelo marido”, disse. Apesar da realidade, Lenir disse que percebe que as mulheres estão buscando descobrir mais sobre os tipos de violência doméstica familiar.

Segundo ela, o órgão também realiza um trabalho com palestras nos postos de saúde dos demais municípios de Roraima. Para ela, a violência doméstica não é só uma consequência social, como também de saúde pública, já que a violência sexual, por exemplo, traz diversos problemas e doenças, como o câncer. “É um trabalho amplo, apesar do contingente baixo”, lamentou.

A parlamentar ressaltou que se mais entidades se preocuparem, e se o poder público se manifestar em fazer um trabalho da mesma natureza, a meta do Chame é implantar uma sede da entidade em cada município de Roraima, protegendo mais as mulheres do Estado e dando assistência psicossocial aos homens para que ele não cometam a violência doméstica novamente.

Pela dimensão do trabalho, a coordenadora relatou a importância do sigilo em relação aos dados e casos a fim de evitar que as informações caiam na rede de tráfico. “Não podemos identificar dados ou localidades”, frisou ao acrescentar que cabe à Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e demais órgãos que tratam do tema ter os dados junto a eles em segurança.

HOMOLOGADOS – Conforme a coordenadora Lenir Rodrigues, de dois em dois meses saem as homologações dos casos enviados ao juiz. Em março de 2016, foram 18 sentenças da Justiça Itinerante homologadas; 20, no mês de julho e, atualmente, o Chame está preparando as novas homologações ao juiz.

Lenir relatou que desde o início da gestão tem procurado fortalecer o trabalho a fim de que possam participar efetivamente da rede de atendimento contra a violência. “As pessoas têm segurança de ir para ter o problema resolvido em razão do tratamento humanizado que recebem”, disse.

Segundo ela, as 38 sentenças que foram homologadas são em relação à separação, divórcio, dissolução de união estável, guarda dos filhos, regulamentação de visitas e tudo que pertencer à área da família para que o casal se separe, cada um siga sua vida, mas as crianças tenham a pensão e que ele tenha direito de continuar visitando os filhos, se for o caso.

“O Chame não é contra os homens”, frisou a deputada ao falar sobre o grupo reflexivo Construir, que presta um trabalho psicossocial aos homens para que se tratem e não cometam mais a violência familiar, visando que uma futura companheira não sofra mais a violência. No total, 11 homens foram atendidos pelo Chame desde o início de 2016 até o momento. (A.G.G)

Zap Chame já fez 139 atendimentos

O aplicativo Zap Chame, criado em abril de 2016 para receber denúncias de mulheres vítimas de violência doméstica, já realizou 139 atendimentos até o momento em Roraima. Em agosto, 35 casos foram registrados, o que corresponde a um aumento de cerca de 45% em relação aos 24 atendimentos fornecidos no primeiro mês. O aplicativo faz parte do serviço do Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame).

Entre os tipos cometidos, 38 casos de violência psicológica foram denunciados até o momento, seguidos de violência moral, física, patrimonial e sexual. A coordenadora do Chame, deputada Lenir Rodrigues, disse que não basta saber que houve uma violência doméstica familiar, como também é importante detectar os tipos para que possam elaborar ferramentas e até atividades que possam prevenir o tipo de violência mais acentuada.

Segundo ela, o aplicativo já registrou casos de atendimentos até para outros estados e países. “Prestamos o atendimento e orientamos os casos ao Disque 100 e Ligue 180”, relatou. Apesar de a Procuradoria-Geral da Mulher ter o próprio serviço da entidade, o Chame e o Núcleo de Proteção às Vítimas do Tráfico de Pessoas, Lenir frisou que o aplicativo pode atingir milhares de pessoas por estar na internet, podendo fornecer serviços ao próprio núcleo.

“De repente, a pessoa está sofrendo uma violência advinda do tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, por exemplo, ou que está sofrendo trabalho escravo em outro lugar. Então, o Zap Chame tem auxiliado nesses casos”, disse. (A.G.G)