Cotidiano

Vítimas de acidente de trânsito são principais usuários do TFD

Vítimas de acidentes solicitam a ortopedia de alta complexidade, que responde por 35% dos benefícios concedidos em 2016 pela Sesau. Tratamento envolve cirurgias e próteses

As vítimas de acidentes de trânsito, principalmente de moto, respondem por 90% dos solicitantes do Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Em 2016, foram 1.114 pacientes que utilizaram o benefício no Estado e 35% deles recorreram à ortopedia de alta complexidade. O restante precisou de procedimentos de retina, cirurgias cardíacas e transplantes. O benefício também foi bastante utilizado para casos de câncer e problemas renais.

O diretor do Departamento de Regulação da Sesau, José Deodato de Aquino, comenta que diariamente há uma grande entrada de motociclistas no setor de trauma do Hospital Geral de Roraima (HGR). Porém, apesar de existir tratamento em muitas situações, ele afirmou que alguns pacientes necessitam de atendimento em um grau de complexidade acima do que os médicos do Estado podem oferecer.

“Os nossos centros de saúde são mais generalistas. Em outros estados há lugares especializados naqueles tratamentos, conseguindo absorver a demanda mais facilmente”, explicou. Para uma cirurgia em que será colocada uma prótese, conforme explicou Deodato, é preciso levar um jogo de peças para a mesa de operação a fim de garantir que pelo menos uma se encaixe no paciente.

No primeiro semestre deste ano, está previsto um mutirão de atendimento do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), com sede no Rio de Janeiro. “Eles viriam em dezembro do ano passado, mas tiveram um problema e remarcaram para este ano”, explicou Deodato.

Segundo ele, a própria Sesau também tem investido em cirurgias e, em agosto, inaugurou o Centro de Tratamento e Prevenção de Câncer de Colo e Mama Silvana Helena Souza Gomes, com o objetivo de diminuir a demanda pelo TFD.

ESPERA – A ajuda de custo para pacientes de até 12 anos e 11 meses é oferecida pela Prefeitura. A partir dos 13 anos é pelo Estado. O diretor explicou que é feito o cadastramento do usuário na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), que é quem verifica a disponibilidade dos centros de saúde em todo o Brasil.

Um médico da Sesau examina o paciente e aprova a sua necessidade do tratamento. Ao mesmo tempo, os hospitais de outros Estados analisam os laudos e respondem se aceitarão ou devolverão o caso para Roraima.

A espera pode durar de 30 dias a vários meses. “Dependemos da resposta de fora, por isso não podemos afirmar o tempo exato. Temos um paciente que no dia 25 de agosto foi cadastrado, no dia 26 foi aprovado pelo médico do Estado, no dia 26 de janeiro foi aprovado pela CNRAC para utilizar o benefício e será consultado no dia 20 de março no Rio Grande do Sul”, frisou.

Há famílias que procuram a Justiça para pedir o benefício antes mesmo de saberem se irão precisar dele, como forma de garantia. No caso de cirurgias, os médicos daqui viajam até as determinadas cidades para avaliar se as pessoas já podem retornar. Muitas continuam em outros estados fazendo os pós-operatórios e demais tratamentos. “Ainda é mais viável para o Estado continuar pagando o TFD para estes pacientes”, disse. (NW)