Cotidiano

Voluntários que atuam no abrigo para imigrantes fazem apelo para doações

A quadra poliesportiva Ottomar de Souza Pinto, localizada no bairro Pintolândia, zona Oeste da Capital, se tornou abrigo de venezuelanos refugiados da crise enfrentada pelo país vizinho, após determinação do juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude, Parima Veras. Atualmente, o local conta com mais de 200 pessoas, incluindo 56 crianças de 0 a 13 anos, e necessita de doações, principalmente de redes e colchonetes.

Quem administra o abrigo é a Defesa Civil do Estado e também missionários da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional, uma instituição não governamental que presta serviços de auxílio humanitário. De acordo com a missionária Irmã Clara, o principal apelo hoje é que as pessoas façam doações para manutenção do local.

“Já contamos com o incrível apoio da Defesa Civil em relação a quase tudo, mas não temos suporte da Prefeitura. As alimentações são doadas, algumas vêm de apreensões da Receita Federal em fronteiras e outras vamos pedir em feiras e supermercados. Tudo aqui é doação. Hoje estamos precisando muito de colchonetes e redes. Também de uma espécie de geladeira ou freezer para armazenar os perecíveis”, disse a missionária.

Segundo ela, hoje o ginásio abriga não só indígenas venezuelanos, mas também pessoas refugiadas de outros países, como Colômbia, Haiti e Cuba. “As pessoas vêm em busca de refúgio, de melhora na qualidade de vida e oportunidades de emprego. Algumas ficam por aqui, outras passam apenas temporadas”.

Quando a equipe da Folha chegou ao local, os imigrantes estavam na escolha de peças de roupas que foram doadas. Os missionários organizavam as pessoas em fila para não haver tumulto. “Precisamos estar sempre de olho, mas não estamos aqui 24 horas por dia. Não temos vigilantes, mas eles mesmos aprenderam a fechar tudo durante a noite. Não temos mais problemas com bebidas entre eles ou brigas, porque não permitimos”, afirmou.

Um dos principais problemas entre os imigrantes atualmente, segundo a Irmã Clara, é o de saúde. “Muitos chegaram a pegar doenças infectocontagiosas, como tuberculose, malária, algumas sexualmente transmissíveis, como Aids e sífilis. É uma situação bem complicada eles estando aqui sob nossos cuidados. É bem melhor, porque temos acompanhamento médico diário, através de voluntários, e distribuição de medicamento. Se estivessem nas ruas, além de estarem expostos e perigando piorar a situação, poderiam ser focos de transmissão à sociedade”, disse.

Enquanto a Folha esteve no local, uma das missionárias atendeu a um bebê indígena venezuelano que completou um mês de vida recentemente. Segundo ela, a criança estava com insolação. “Isso acontece por conta da exposição ao sol. Eles estavam nas feiras da cidade. Quando vi o bebê em um estado crítico, me desesperei. E ainda tem o fato da comunicação, pelo menos com os indígenas, ser mais complicada. A mãe não conseguia me explicar o que a criança tinha”, afirmou a missionária Denise Mendes.

FRATERNIDADE – A Fraternidade (A Federação Humanitária Internacional) possui sede no Brasil no sul de Minas Gerais. Atualmente, 15 missionários estão em Roraima e são profissionais de diferentes áreas: psicologia, medicina, enfermagem, entre outros.

A maioria reveza a temporada em Boa Vista, dando vez a outros missionários de localidades diferentes do país. A entidade é a principal responsável pelo abrigo dos imigrantes no ginásio do Pintolândia e têm como objetivo praticar e disseminar a fraternidade.