Cultura

Artista macuxi analisa arte e cultura roraimense

Jaider Esbell fala sobre a arte contemporânea indígena feita em Roraima

Alguns especialistas afirmam que muito pouco se cria no mundo de hoje. Outros críticos vão além e decretam que a cultura indígena está desaparecendo e que, em pouco tempo, não existirá mais que referências históricas dessas populações.
Para o artista roraimense, nascido em Normandia Jaider Esbell, a cultura roraimense  contraria essas afirmações. Para ele, a cultura no Estado é uma verdadeira onda de criatividade e mostra ao mundo algo novo e, com isso, indica que a cultura indígena continua viva, pulsante e tão dinâmica como a vida nas grandes metrópoles.

“A comunicação e a abertura da mídia para expressões individuais e coletivas revelaram ao mundo que os indígenas estão novamente em contato, só que em uma outra perspectiva. Unidos por demandas históricas, como a luta por dignidade e pelo direito à vida em comunidade na terra ancestral, o “novo índio” precisa de muito mais” explicou.
Para ele, a cultura indígena tem uma nova missão, além de expressar sua identidade, o índio precisa provar que ainda existe, precisa acompanhar os avanços tecnológicos e os desdobramentos das manobras políticas que acabam por inviabilizar ao índio, viver como tal.
“Foi exatamente na arte contemporânea que os povos indígenas encontraram importante aliança. Quando o assunto é levar mais longe os apelos de sobrevivência” disse.
Jaider Esbell é da etnia macuxi, e um dos artistas que ressalta a arte indígena contemporânea como algo novo no mundo, por diversas razões.
Na avaliação do artista, destacam-se alguns fatores na prática das artes plásticas, visuais ou literária entre os indígenas. “Primeiro é o fato de, pela primeira vez desde que ocorreram os primeiros contatos com os europeus, os povos indígenas por meio de seus artistas, falam diretamente de suas experiências, visões de mundo e de suas relações com o sobrenatural, sem que se tenha a interveniência de um pesquisador, de um tutor ou missionário não indígena” relatou.
Outro ponto importante é a legitimidade com que o artista indígena trabalha elementos culturais, especialmente saberes e fazeres que estavam ameaçados de entrar em desuso, ou cair no esquecimento.
“Com a arte é possível falar dos mitos, das lendas, dos seres fantásticos que sabemos que existem, têm vida mas que não são visíveis ou palpáveis para a maioria das pessoas. Com a arte é possível inovar, ampliar o sentido de artesanato, artefato e incorporar novos valores e elementos” comentou.