Cotidiano

Fedentina causa transtornos a moradores

Devido à realização de uma obra, esgoto sem tratamento está sendo lançado no igarapé Caxangá, provocando um fedor insuportável

O mau cheiro que exala do igarapé Caxangá, onde está sendo despejado esgoto sem tratamento por causa de uma obra, tem se tornado rotina na vida dos moradores das avenidas Nossa Senhora da Consolata e Ville Roy, entre o bairro São Vicente e o Centro. Até mesmo os condutores de veículos que passam pelo local, no final da tarde e à noite, sentem a fedentina que exala do local.

Segundo a dona de casa, Daniele Sousa, a situação se agravou após início de obras realizadas pela Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer). “Esse problema veio a acontecer há aproximadamente um mês. É um odor tão forte que, às vezes, a gente não consegue ficar fora de casa por muito tempo. Eu tenho duas crianças pequenas que não podem nem sequer brincar no quintal de casa, por conta do mau cheiro”, comentou a moradora da Avenida Consolata.

Outra que também está preocupada com essa situação é Jéssica Horrana. A dona de casa disse que, além do incômodo, o cheiro forte está começando a prejudicar a saúde dela e de sua família. “A gente tenta se virar como pode, mas às vezes fica muito difícil respirar. Eu também tenho criança pequena em casa e, quando o cheiro fica muito forte, a gente a coloca na frente do ventilador, mas nem isso adianta. A gente já comunicou várias vezes à Caer sobre isso, mas até agora nada foi resolvido”, disse.

Na Avenida Ville Roy, o problema é semelhante. A situação piora porque ali se concentra grande número de empresas, entre elas restaurantes. Há proprietários de lojas que já pensaram até em adotar máscaras para seus trabalhadores conseguirem cumprir sua jornada de trabalho sem adoecer por causa da fedentina.

Uma das moradoras que ligou para a Folha, reclamando da situação, disse que as pessoas estão adoecendo, sentindo náuseas e forte dor de cabeça por causa do forte cheiro. Segundo ela, as famílias não conseguem mais sequer se alimentar direito.

ESGOTO – O problema ocorre porque uma das tubulações que passa pelo igarapé Caxangá está despejando esgoto sanitário nas águas do igarapé Caxangá, que deságua no Rio Branco, o principal manancial de água potável do Estado. A lama escura e fétida transborda de bueiros à margem da avenida.

“Os clientes reclamam bastante e os funcionários me relatam, inclusive, que eles não conseguem ficar aqui por muito tempo, tudo por conta do forte odor. Tudo isso veio a acontecer depois que a Caer resolveu fazer uma obra na outra avenida, e agora é esgoto derramando direto no igarapé. É difícil acreditar que o Ministério Público não veja uma coisa dessas, porque isso é um crime ambiental”, reclamou o comerciante da Avenida Ville Roy, Milton Lourenço.  

GOVERNO – Em nota, o Governo de Roraima afirmou que lamenta os problemas causados e ressaltou que o fim das obras irá refletir em um benefício importante à população. Esta obra faz parte da substituição do coletor principal da estação elevatória do Caxangá, uma vez que essa estrutura tem mais de 30 anos, necessitando de reparos. A obra está sendo executada pela empresa Renovo e tem prazo de execução de 60 dias.

A nota destaca que, para assegurar que os trabalhos fossem conduzidos dentro dos limites permitidos, em prol da coletividade e da preservação do meio ambiente, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), junto à Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público de Roraima (MPRR).

A empresa responsável pela obra também assinou o TAC, com interveniência da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinf), Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) e Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas (SMGA).