Opinião
Opiniao 13 10 2014 142
Crescer para quê? – Tom Zé Albuquerque* Ontem foi o “dia das crianças”. Para a maioria da sociedade é um dia de alegria, só sorrisos e presentes. Embora se condene ser o dia 12 de outubro uma data própria para fomentar o consumo de brinquedos, mas esse momento é valioso pois externa bem mais sentimentos e reflexões, em especial a capacidade que as crianças têm em ensinar aos adultos. Segundo Platão e Aristóteles, a admiração é o princípio da filosofia, conquanto, da faculdade de conviver com a razão. Tanto os filósofos antigos, como também para os modernos, por exemplo, Descartes, a admiração está no âmago da dúvida, da interrogação e da investigação. Nesse particular, é próprio do pensar infantil a imensa capacidade de admirar o mundo,num processo contínuo de construção de significados, princípios e valores. O adulto, ao contrário, já tem suas certezas, seus posicionamento engessados e está enrolado com tantas preocupações cotidianas (muitas vezes descabidas), a tantos desencantamentos (provocados por eles mesmos), que perde a capacidade de admirar-se perante a existência e os fatos pueris, responsáveis pela verdadeira alegria, só expressa sem falseamentos no rosto de uma criança. Os adultos deveriam sempre ser crianças, mesmo com tantas responsabilidades, mas se manterem crianças. Engraçado é ver um Pai envergonhado em brincar de bila (bolinha de gude) ou chutar bola no meio da rua com um filho. Alguns adultos, por serem vitimados pela sociedade a serem sisudos se constrangem em brincar de mergulho ou descer em tubos de água com seus filhos em clubes públicos. Veja que encarceramento social… o temor de que as pessoas “reparem”. As crianças riem em demasia, tratam a realidade de forma amena. Enquanto nós, adultos… como disse Einsten: “O estudo em geral, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido ficar crianças toda a vida”. A vida é um tanto estranha, pois nascemos e passamos não mais que uma década brincando, desacorrentados das agruras sociais. Ao chegar a adolescência, a responsabilidade bate a nossa porta, as cobranças por resultados sobre um futuro profissional incerto são maciças, e logo chegam as dores emocionais, típicas dos adultos. A partir daí, serão cinquenta anos de labuta diária, rotineira. E, na velhice, sem saúde, sem perspectiva, sem atenção, caminhamos para uma nova era, em dimensão nublada. Ou seja, passamos 80% das nossas vidas escravos do trabalho. Mark Twain (1835-1910) com a célebre frase “A vida seria infinitamente mais feliz se nós pudéssemos nascer com a idade de 80 anos e gradualmente nos aproximássemos dos 18”, motivou o escritor F. Scott Fitzgerald, ainda nos anos 1920, um conto sobre um homem que nasce velho e morre bebê. Recentemente, este pensamento fora retratado no filme intitulado de “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Considero muito coeso (mas improvável) esse raciocínio, pois somente assim teríamos a chance de aproveitar mais a nossa estada na Terra, viver mais intensa e longamente a maravilhosa fase irresponsável da vida e, como prêmio final, morrer na fase infantil, no colo materno. As crianças, com sua sinceridade, seu otimismo e sua naturalidade dão a nós, adultos, uma lição de como devemos lidar com os embaraços do dia-a-dia. Oscar Wilde chama essa questão, retratando que “Não quero adultos, nem chatos; quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa”. *Administrador – email: [email protected] ————————————— Coalizão e ética no segundo turno – Dirceu Cardoso Gonçalves Conhecidos os candidatos ao segundo turno, começa a maratona de realinhamento de forças. É o momento onde ocorrem as negociações e coalizões. Os concorrentes vencidos na etapa inicial serão chamados a se alinharem com um dos dois finalistas, somando os votos necessários à eleição. Espera-se que essas negociações ocorram todas em alto nível e visando exclusivamente o melhor para o país e a população. E que todos os participantes das ditas coalizões não estejam imbuídos apenas do desejo de poder, mas tomados pelo propósito de participar e servir a causa pública. Quem ajuda a eleger tem, mais do que o direito, o dever de participar do governo e esforçar-se para que os objetivos e programas sejam cumpridos. A coalizão, nesse momento, é normal, pois tem o objetivo de levar à eleição. Seus participantes devem ter mais responsabilidades do que direitos, pois não se deve esquecer que o exercício da política e da função pública tem de ser encarado como serviço relevante à comunidade. Já, quando realizada depois de concluídas as eleições, como tem ocorrido no Brasil das últimas décadas, cheira a estelionato eleitoral, pois leva os eleitos a traírem aquilo que prometeram na campanha e conduzem a postos-chave do governo figuras que postularam postos eletivos e foram rejeitados pela população. Nesse caso, fere-se o princípio da representação popular e elimina-se a salutar função fiscalizadora inerente aos membros do Poder Legislativo e aos líderes não eleitos. Como “empregados” ou “sócios” do governo, eles jamais o fiscalizarão. Além de mantidas as coalizões no nível ético – sem o loteamento prévio ou a criação de postos para acomodar os novos parceiros -, precisamos, no segundo turno, de uma campanha propositiva. Em vez de recorrer ao marketing da desconstrução do adversário, aplicado durante o primeiro turno, os dois candidatos restantes devem dizer claramente ao povo o que pretendem fazer para enfrentar aos grandes desafios nacionais e regionais. Não basta dizer que vão manter empregos, promover o desenvolvimento, dar escola e outras coisas do gênero. É preciso dizer como fazer isso. Dar mostras à população do que pretendem realizar para melhorar a vida de cada um dos brasileiros. Quanto aos casos de corrupção, desvios e outros malfeitos, basta garantir que o Ministério Público e a Justiça terão total liberdade para apurar e punir os responsáveis. Nada mais… *Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) ————————————– Contra a fome e a inflação – João Guilherme Sabino Ometto* Na pauta da campanha eleitoral de 2014 — marcada pela triste despedida do governador Eduardo Campos —, o agronegócio deve ser, necessariamente, um dos temas prioritários, considerando o seu significado para a segurança alimentar, exportações e a economia, com a participação de 23% no PIB brasileiro. Nesse sentido, é importante que todos os candidatos à Presidência da República deem máxima atenção às propostas que receberam das entidades representativas do setor. É preciso analisar em profundidade as suas demandas. O documento da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) recomenda a ampliação e diversificação dos investimentos em infraestrutura de transportes, ainda concentrados no modal rodoviário, aumento da capacidade de armazenamento, multiplicação das tecnologias para melhorar a produtividade e melhores estratégias relativas ao mercado internacional. Observa-se aqui, por exemplo, uma congruência com as reivindicações consensuais de toda a sociedade quanto à melhoria da infraestrutura de movimentação e logística das cargas. A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em interessante estudo elaborado por técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e coordenado por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, propõe ações baseadas em cinco princípios: sustentabilidade da produção, competitividade, produção orientada para os mercados e governança institucional. Os dois relatórios enfatizam um ponto em comum: segurança jurídica. Esta também é uma reivindicação que tem sido insistentemente colocada, há tempo, por todos os setores produtivos. Ouvir as vozes da agricultura, pecuária e de toda a cadeia produtiva do agronegócio é indispensável ao governante a ser eleito em outubro. A atividade é essencial para a retomada do crescimento econômico do Brasil em níveis mais elevados e também para que o País responda com eficácia a dois desafios atuais prementes: a segurança alimentar, considerando que a fome ainda flagela 900 milhões de pessoas no mundo, e o controle da inflação, que pode ser traduzido, no caso, como comida mais barata na mesa dos brasileiros. Os números do IBGE relativos à inflação, por exemplo, atestam a relevância do agronegócio: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de junho para julho, passando de 0,4% para 0,01%. O grupo de alimentação foi um dos que mais contribuiu para o resultado. Neste segmento, os produtos consumidos nas refeições em casa foram os que apresentaram maior queda. A taxa de crescimento dos preços dos alimentos na América Latina e Caribe também caiu pelo terceiro mês consecutivo, indica relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), tendo junho como base. A inflação do segmento na região subiu somente 0,5% nesse mês, ante 1% em relação a maio e 1,2%, em abril. Importante observar um dos destaques do documento: “Esse resultado responde em grande parte aos movimentos dos preços dos alimentos no Brasil e no México”. Considerando, porém, o volume da produção brasileira, com impacto efetivo no mercado global, os dados da FAO referentes ao nosso país têm uma dimensão ampliada. Além de atender à prioridade do preço e da oferta do bem mais essencial, o pão nosso de cada dia, a agricultura, pecuária e sua cadeia produtiva continuam sendo a grande base de sustentação da balança comercial brasileira: dentre os dez principais produtos da pauta exportadora nacional, no período de janeiro a julho de 2014, sete são do agronegócio, segundo análise da CNA, baseada em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). É muito clara, portanto, a necessidade de enfatizar o tema na agenda das eleições, momento maior da democracia. Que cada voto nas urnas de outubro seja uma semente de prosperidade socioeconômica! * Engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos – EESC/USP), presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade. —————————————— O respeito é o básico – Afonso Rodrigues de Oliveira “O elemento mais importante da vida em sociedade é o respeito que se tem pelo individuo”. (RichDeVos) Não há uma sociedade bem estruturada sem o devido respeito ao cidadão. E quando nos propomos a respeitar, não levamos em conta as diferenças sociais. Limites não são mais do que regras estabelecidas por mentes limitadas. Estamos começando a perceber uma relação relativamente boa entre as classes sociais. Está percebendo? Já tive o desprazer de assistir a cenas degradantes na falta de respeito ao individuo. Vou te dar dois exemplos banais, mas que servem de exemplo, se bem analisados. O primeiro foi em Copacabana. Alguém estava fazendo um filme que, pelo que me pareceu, era comercial. De repente, a modelo que era se não me falha a memória, uma Miss, descia do carro. Não estava sendo filmada. O motorista tentou ajudá-la na descida. Estendeu-lhe a mão, e ela a rejeitou, recolhendo a dela, como se dissesse: “sai pra lá joão-ninguém”. Olhei para as pessoas ao redor e vi alguns fazendo bico. O segundo caso foi aqui em Boa Vista. Foi na época em que eu frequentava muito a Assembleia Legislativa. Estávamos na sala de um deputado quando o telefone tocou. A secretária atendeu e falou para o deputado: – É a primeira dama. O deputado pegou o telefone, levantou-se da cadeira num pulo e perfilou-se. Cheguei a pensar que ele fosse bater continência. Não sabemos o que a primeira dama falava, mas o deputado ficou o tempo todo falando: – Sim, senhora!… Sim, senhora!… Sim, senhora!… Pode deixar, eu tô indo pra aí, agora mesmo. Terminou a ligação e o deputado saiu às pressas rumo ao Palácio do Governo. Exemplos típicos de falta de respeito, para com o outro e para consigo mesmo. Mesmo porque, quando não respeitamos o outro estamos nos desrespeitando. Será que estamos mudando suficientemente para evitar tais desmandos culturais? Pelo que estamos vendo nos resultados de nossa política, acho que ainda não. Continuamos despreparados para entender que nosso valor está em como exercemos nossos cargos e não no nosso cargo. Felizmente estamos vendo os engravatados dando mais importância às outras pessoas do que às gravatas. Sabia que já houve uma época em que para votar o cidadão tinha que ir engravatado? Analise tais comportamentos e você verá como os outros nem sempre foram vistos com o respeito que merecem. Mas temos que nos valorizar. O respeito está no valor que nos damos. Só quando nos respeitamos somos respeitados. Lute pelo seu voto facultativo, preparando-se para aprender a usá-lo com o devido respeito a você e aos outros. Pense nisso. [email protected] 9121-1460 —————————————- (((ESPAÇO DO LEITOR))) CODESAIMA Em relação à auditoria do TCE-RR (Tribunal de Contas do Estado de Roraima) na Codesaima (Companhia de Desenvolvimento de Roraima), o internauta Francisco C. Araújo comentou na página do Facebook da Folha neste fim de semana: “Quando o sindicato procura a empresa para acordar algum benefício para os efetivos dizem que não têm de onde tirar recursos. Está aí o porquê de não terem recursos”, observou. ASSEMBLEIA 1 Ainda sobre as demissões dos 1.200 servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE-RR), ocorrida na semana passada, o internauta Abílio Monção observa: “Ao todo, 1.200 cargos de livre nomeação e exoneração para um contingente de 24 deputados? Há pai que é cego!”, comentou. ASSEMBLEIA 2 “Se a lei não fosse descumprida, não haveria demissões, os servidores seriam todos concursados. É voto de cabresto que continua rolando solto, e, por conseguinte, voto comprado e com o aval das instituições públicas que deveriam fiscalizar”, criticou o internauta Jediael Roraima, também sobre o ocorrido na ALE-RR. INVASÕES 1 Sobre a última invasão de terras, na região do Bom Intento, zona rural de Boa Vista, a internauta Maria Glória Almeida da Silva comentou na página da Folha, no Facebook, que conhece pessoas que nem precisam de terra para morar, mas que estão no local para atuar nos negócios de imóveis. “Há muita gente que já tem casa. Só querem estar lá para vender ou trabalhar com aluguéis depois”, comentou. INVASÕES 2 “Eu também conheço pessoas que estão lá e não precisam. Há pessoas que moram em outro estado, inclusive”, afirmou a internauta Isabel Araújo, que publicou comentário na página do Facebook da Folha. INVASÕES 3 O internauta Fridman da Cunha Nascimento também comentou sobre a matéria no Facebook e fez uma observação: “Isso é orquestrado! A Polícia Civil poderia investigar para descobrir quem é o mentor desta ação”, sugeriu. RUAS “Quero denunciar o descaso da Prefeitura de Boa Vista com as ruas do bairro Jardim Tropical, onde a população sofre constantemente com poeira, lama, buraco e agora a situação está muito pior, pois, na semana passada, máquinas do Município fizeram uma raspagem nas ruas do bairro e deixaram a situação bem pior do que era antes, gerando muito mais poeira e deixando muitas crianças doentes. Na rua Flora, por exemplo, que ficou que as outras, não dá para entrar de carro com o atoleiro que foi criado no encontro com a rua das Hortas. Agora, até tubos de abastecimento de água ficaram expostos. As ruas estão sem a mínima condição de trafegar”, reclamou o internauta Washington Carvalho ([email protected]).