Opinião
Opiniao 14 10 2014 151
Lições da praia do sangue – Walber Aguiar* Resistir nunca será um equívoco Paulo Colina Era bem manhãzinha. Um tiro rompeu o silêncio e acordou a todos que estavam no forte. Gritos espavoridos, correria, armas, corpos caídos na beira do Rio Branco. Eram os gritos derradeiros dos índios que, escravizados, eram obrigados a trabalhar apenas pelas provisões diárias e sob acordos que quase sempre eram descumpridos. A praia estava cheia de sangue, as águas do Rio Branco tingidas de vermelho, enquanto os bravos de Macunaima tombavam um a um na tentativa de defender suas vidas, seus irmãos, sua dignidade. Ordenada a carnificina, a vida passou a valer pouco além de nada. Quem resistisse, fatalmente morreria, e seria mais um a engrossar as estatísticas do terror e da morte. Ora, as “praias do sangue” continuam até hoje entre nós. Só que mais ideologizadas, só que com uma violência mais sutil e menos escancarada. Trata-se da dominação pelo voto de cabresto, pela compra de votos, pela dominação política, onde poucos são donos de milhões e milhões são donos de migalhas. No processo de colonização do Vale do Rio Branco, depois Roraima, sob o slogan de “uma terra sem homens para homens sem terra, milhares de maranhenses, cearenses, paraibanos, piauienses, entre outros nordestinos, foram trazidos para o Acre, com a promessa de prosperarem através do trabalho nos seringais. Eram os balateiros, gente que explorava e era explorada, sob o látego da semi-escravidão, do endividamento diário. Depois de muito tempo os arigós foram migrando, até serem trazidos no governo de Ottomar de Souza Pinto. Eram carradas e carradas de nordestinos que chegavam todos os dias na Rodoviária do Estado de Roraima. Sob a aura da proteção e do assistencialismo, foram formados os bolsões de miséria na periferia da cidade de Boa Vista. Ainda outros migrantes se instalaram no interior. Depois outros foram migrando. Vieram as raças de puxa sacos, mortos de fome, subservientes; gente que rastejou e rasteja até hoje em busca de cargos comissionados, onde possam descansar à sombra dos politiqueiros e sua politicalha, seu lixo político. A praia do sangue, esse trágico episódio do século XVIII, ainda continua a trazer lições preciosas. Uma delas é a de que nenhum dominador, seja de Pernambuco, Maranhão ou qualquer outro estado pode tripudiar sobre os valorosos “macuxis” sem sofrer a represália e a devida resistência. A grande lição da praia do sangue é que somos trabalhadores, bravos e resistiremos até a morte, na tentativa de preservar nossa gente, nossa cultura e nossas riquezas. Aí livraremos o rio branco da podridão da mentira, do engano, das ideologias baratas e recorrentes. Avante, bravos de Macunaima. Ou nos ocupamos de viver ou nos ocupamos de morrer… *Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected] ————————————————————— Alôô, é do Samu? – Marlene de Andrade* Os trotes telefônicos para a polícia em geral, Samu e o Corpo de Bombeiros, são comuns em nosso Estado, aliás, no Brasil todo. Eles acontecem diariamente e atrapalham os serviços dessas instituições. Os trotes prejudicam esses serviços, pois congestionam as linhas telefônicas causando, inclusive, saídas indevidas de ambulâncias, viaturas policiais, ou ainda do Serviço do Corpo de Bombeiros. O Código Penal Brasileiro, no artigo 266, prevê detenção de um a três anos e multa àquele que perturba serviços telefônicos, mas mesmo assim esses trotes continuam ocorrendo. Será que a pessoa que passa trote, solicitando uma ambulância de “brincadeira”, não tem noção do ato perverso que está cometendo? Deslocar uma ambulância para um local no qual ninguém está necessitado de socorro é um atentado claro à moral, à dignidade e aos bons costumes. A Folha de Boa Vista informou que a Sesau implantará um equipamento de gravação telefônico. Segundo essa mesma informação, a gravação fará o registro de todos os atendimentos telefônicos recebidos na capital e no interior. Sendo assim, será possível identificar com clareza as falsas chamadas. Nesse caso, a implantação desse equipamento trará ônus para o Governo do Estado, o qual terá que pagar pela insensatez de pessoas inescrupulosas, as quais não possuem sensibilidade para entender que passar trote deslocando uma ambulância é um ato bárbaro e uma covardia sem precedenes. É um absurdo que pessoas deixem de ser atendidas devido à unidade móvel ter se deslocado para um local aonde não há ninguém passando mal. É por isso que eu chego à conclusão que o mundo está mesmo “virado de cabeça para baixo”. Tal fato é muito lamentável e inadmissível e nada tem a ver com educação escolar e sim pelo desmoronamento dos valores morais da família tradicional. A maioria dos trotes é passada por crianças, que ficam ocupando a linha telefônica enquanto proferem palavras torpes, impedindo assim que pessoas que necessitam desse serviço sejam atendidas. Por sua vez, a população precisa entender que o Samu é um serviço emergencial. Não se deve acionar uma ambulância para “socorrer”, por exemplo, uma pessoa resfriada. Há critério para solicitarmos uma unidade de emergência. Já pensou se há alguém em perigo de vida sem poder ser atendido porque o Samu foi atender um trote, ou um quadro clínico não grave? Alô papai e mamãe! Se liguem! Vocês que possuem filhos, os quais gostam de passar trotes, podem responder processo. Além do mais, alguém de sua casa também pode necessitar desse importante serviço em momento que alguém esteja passando trote. Não se esqueça, que existe a justiça retributiva. “O que cava uma cova cairá nela…” (Provérbios 26:27). *Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT Facebook.com/marlene.de.andrade47 ———————————————————————- Os revolucionários – Afonso Rodrigues de Oliveira* “A maior revolução da nossa geração é a descoberta que as pessoas, mudando a atitude interior do espírito, mudam os aspectos exteriores da vida”. (William James) É, talvez, a maior revolução. Porque quando mudamos revolucionamos, se não mudamos fazemos a revolução no retrocesso. É quando paramos no tempo e no espaço. Falando sério. A ciência está descobrindo, a cada dia, algo que já deveríamos saber a milênios. E o pior é que se não ficamos boquiabertos com as novidades arcaicas, somos chamados e classificados como céticos. Nem todos nós gostamos de mudanças. Elas normalmente nos trazem mal-estar. Até mesmo quando fingimos não estar nem aí para o incômodo. Pura tolice. O mundo precisa mudar, e muda. Nós é que fazemos uma força danada para não mudar. E vem daí a dificuldade na educação. Fica muito difícil um pai educar um filho sem as algemas do passado. É difícil pra dedéu. Você que é jovem pense nisso: se você tem quinze anos de idade, você nasceu no século passado. Já tinha pensado nisso? E, querendo ou não, você continua pensando e agindo com os mesmos pensamentos e ações do século vinte. Foi no século passado que você recebeu as primeiras orientações para a vida. E se se considerar esses dados, você tem muito que correr para mudar pensamentos e atitudes. Você está vivendo a segunda década do século vinte e um. O mundo é outro e você tem que procurar ser outro, dentro do mundo em que vive. Você não pode ser mais aquele garotão ou aquela garotinha do século passado. Cuidem-se. No início do século passado, quando seu avô nasceu, as crianças levavam de dois a três dias para abrir os olhinhos. Hoje, início do século vinte e um, elas já nascem sorrindo e piscando pra você. Vamos ser criativos. Ou mudamos ou não conseguimos nem mesmo mudar o sistema anacrônico e obsoleto de educar. As novidades que continuamos usando para a educação, já são obsoletas. Trazemos este conhecimento do século passado, mas ainda não aprendemos a usá-lo hoje: “O exemplo sempre foi e sempre será a melhor didática”. E foi no início do século passado que alguém escreveu: “A educação é como a plaina. Aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira”. O criminoso é um criminoso independentemente de ser um intelectual ou ter apenas dezesseis anos de idade. Viu como é simples encarar as mudanças? É só estar atento a elas. E elas vêm a todo instante. O universo vive em constante mutação, cara. Quando estiver se sentindo encantado com a beleza encantadora de uma rosa e achar que ela indica que a Natureza é perfeita, considere que se fosse, a rosa não murcharia. Pense nisso. *Articulista [email protected] 9121-1460 ———————————————————————— ESPAÇO DO LEITOR SEM TRANSPORTE 1 “Muitos pacientes não podem ir para Boa Vista em carros de saúde e ambulâncias porque a viagem é muito traumática devido às péssimas condições da estrada que liga a sede de Uiramutã até o entroncamento da BR-174. Os percursos de Uiramutã a Boa Vista, que eram para ser feitos em três horas, hoje são feitos em sete horas de viagem com muita trepidação. Engraçado que querem asfaltar a estrada até Georgetown (capital da Guiana), mas esquecem dos próprios roraimenses”, comentou uma leitora, que pediu para não ser identificada. SEM TRANSPORTE 2 Ela acrescentou que recentemente a Secretaria Especial de Saúde do Índio (Sesai) se recusou a mandar avião ao Uiramutã para atender um paciente que estava quase morrendo. “Só porque ele não era indígena. Ele estava com leucemia e um quadro greve de pneumonia”, denunciou. PROFESSOR “O ano de morte de Ottomar Pinto foi o último ano em que os professores receberam o resíduo do antigo Fundef, que era pouco. Passou a ser Fundeb, com muito mais recursos e nenhum aumento da folha. Na gestão de Anchieta jamais sobrou um centavo para os professores, e o Sindicado dos Trabalhadores em Educação de Roraima (Sinter) nunca se pronunciou a respeito. Já se passaram sete anos”, comentou um internauta que pediu anonimato. FERRO VELHO O morador Alinderbergue denunciou que, próximo a sua casa, no bairro Cinturão Verde, há um ferro-velho pondo em risco a saúde dos moradores do bairro. “Existe um risco de criadouro de dengue, propiciando a proliferação do mosquito. Há muitos ferros empilhados e o muro não é adequado para segurar o ferro-velho. Corre o risco de a pilha de ferro desmoronar a qualquer momento”, afirmou. PLANTÃO Uma leitora, que pediu para não ser identificada, relatou as condições de servidores lotados na Casa de Passagem no bairro São Vicente. “Os funcionários são obrigados a tirar plantões à noite mesmo não tendo energia, sujeitos ao calor e aos perigos da falta de segurança por não haver luz no local”, relatou.