Opinião

Opiniao 23 10 2014 187

Escureceu os olhos dela – Vera Sábio* Gosto muito do jeito que o articulista Afonso escreve na Folha, sempre pedindo que pensemos nisto…    E foi observando seu último artigo, com gosto de poesia misturado com homenagem aos membros do jornal, que está aniversariando, que pensei nisto… Nela, aquela que em plena juventude, com desejos de ficar mais bonita, atraída pelas pílulas práticas para deixar-lhes mais magra, compradas de formas baratas e fáceis na Venezuela, não enxergou que este seria o percurso rápido para lhe trazer a total escuridão. Antes ela enxergava as belezas e as feiuras, os traços e contrastes, o perigo e a segurança. Enfim, via tudo que os olhos alcançam, mas jamais imaginou que um simples remédio lhes deixaria presa e indefesa para um vírus que a maioria das pessoas tem em regiões que pouco as prejudicam. Porém, este vírus atingiu-lhe a retina, fazendo com que perdesse a visão. Por que lembrei-me dela? Porque ela já fez parte desta empresa de comunicação denominada Folha de Boa Vista, e agora deve estar em processo de aposentadoria por ter perdido a visão; ou pior, porque sua visão interna não a fez reabilitar-se, lutando para a inclusão nas páginas da sua história, fazendo destas, “a Folha”, ser recolocada no jornal da sua vida. Parabéns, família Folha, por este meio de comunicação.  Eu mesmo sem saber a quem abraço, não tendo amizade próxima com os membros da Folha.  Deixo meus aplausos à história que a permitiu chegar aqui. E quanto a “ela”, presa pelo véu da ilusão, não querendo reabilitar-se na esperança do milagre que ainda voltará a ver, mesmo contra o que a ciência diz no momento, escrevo-lhes esta reflexão: O milagre acontece de várias formas, e de diversas maneiras enxergamos a vida e tudo que nela existe. Quem pensa que só com os olhos pode enxergar perde a chance de verificar um coração bondoso, a sinceridade da honestidade, a partilha das experiências, e aproveitar as dores como nova visão de um aprendizado melhor. Seremos felizes a partir do momento que consigamos fazer das pedras do caminho, degraus para o sucesso. Porém,  é mais prazeroso agradecer pelo que temos do que lamentarmos pelo que não temos. No objetivo de reaprender sempre, possuindo a cada dia uma nova forma de enxergar… Pense nisto… *Psicóloga, servidora pública, esposa, mãe e cega  CRP: 20/04509 [email protected] Cel. 91687731 ——————————————————– Em quem votarei – Márcio Rosa da Silva* É preciso ter um pouco de serenidade no meio da histeria que tomou conta de muita gente nessa época eleitoral. Claro que a decisão é muito mais emotiva que racional, mas é possível refletir um pouco. Virou moda entre ilustradas figuras do mundo político o uso da expressão “atitude republicana”: “nosso partido terá uma atitude profundamente republicana ao analisar esse projeto de lei no Congresso”. Pois bem, minha decisão sobre quem vai receber meu voto será fruto de uma reflexão republicana. Para tanto, fui beber da fonte, do texto constitucional, aprovado por uma Assembléia Nacional Constituinte formada por um mix de partidos que ia muito além da atual polarização, bem anterior à era PSDB-PT. Como primeiro critério para escolha, quero um grupo político que esteja comprometido com a erradicação da pobreza, um dos objetivos da República, previsto no artigo 3° da Constituição Federal. Especialmente se tal grupo olha para os miseráveis, os que não têm sequer o mínimo para se alimentar, e que têm a urgência de colocar arroz e feijão sobre a mesa. Votarei em quem se empenhar em manter o Brasil fora do mapa da fome da ONU, façanha conseguida na última década, e, estranhamente, sem o destaque que deveria ter na grande mídia. O mesmo artigo da Carta Magna dispõe que outro objetivo da República brasileira é reduzir as desigualdades regionais. Por isso, votarei em quem se preocupa com as regiões mais pobres do país, não para financiar a indústria da seca no Nordeste, apenas para citar um exemplo, quando o dinheiro saía de Brasília mas não chegava até o povo pobre, ficando nos entrepostos controlados pelos coronéis oligárquicos de sempre, mas para empoderar as pessoas, transferindo renda diretamente para as mãos de quem precisa e estimulando a agricultura familiar e os pequenos empreendimentos. Fica bem claro que o constituinte sonhou com a emancipação das pessoas, o que só é possível através da educação. Então, votarei em quem continue a criar universidades públicas e escolas técnicas de qualidade, como na última década, em que foram criadas centenas delas. Além disso, não posso votar em quem reduza a verba destinada ao ProUni e ao FIES, que possibilitou a muita gente pobre e desfavorecida o ingresso no ensino superior. Quero votar em quem não discrimine ninguém e não estimule preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, religião ou orientação sexual, como ensina o mesmo artigo 3° da nossa Constituição da República. Então, não votarei em quem se alia a homofóbicos, teocráticos, racistas, e muito menos que ande com quem ao menos insinue que a violência é uma opção ou que a ditatura militar foi um bom regime. Todos têm direito aos mesmos direitos. Não quero dar meu voto de confiança em quem diz que o Brasil deve falar grosso com países pobres, mas afina diante de potências, além de ficar de joelhos para o FMI. Quero que meu país, mesmo ainda precisando de muitos investimentos, seja solidário com nações mais pobres. A solidariedade é um dos fundamentos da República, está lá, escrito na Constituição. Vou escolher alguém que teve uma história de luta e não quem recebeu tudo de mão beijada, sempre. Estes tem o péssimo pendor pela arrogância e, certamente, não terão empatia com quem tem de lutar de sol a sol para conseguir o mínimo para sobreviver. Por fim, não votarei em quem melhor agrada ao mercado, formado por um pequeno punhado de pessoas podres de ricas, que especula e lucra em cima do suor dos trabalhadores. Escolherei o que melhor agrada aos pobres, maioria absoluta da população do meu país e por muito tempo excluída do mínimo para se viver dignamente. *Professor Universitário ———————————————— Se planta colhe o que panta – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Há os que plantam a alface para o prato de hoje, e os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã”. (Rui Barbosa) Não podemos construir o futuro, presos ao presente. Viver o presente sem se preocupar com o futuro é ficar plantando alfaces para o prato de hoje. O que queremos para nossos filhos, netos e bisnetos, se não pensarmos no futuro deles? E não pensamos enquanto ficarmos presos às nossas necessidades no momento atual. Vá muito além dos seus passos atuais. O universo é infinito. E queiramos ou não, nós vivemos nele. Ainda ficamos olhando as estrelas como se elas fossem pequenos sinais luminosos na imensidão do universo. Ainda não aprendemos a pensar grande. Continuamos pensando no que nos dizem para pensarmos. Ainda não nos libertamos das amarras da dependência. Só quando nos conscientizarmos do poder que temos dentro de nós mesmos, seremos capazes de nos libertarmos como seres racionais. Porque o que realmente somos é seres de origem racional. E se essa é nossa origem, por que não nos conscientizamos e procuramos voltar a ela? Há vinte e uma eternidades chegamos por aqui. E vinte e uma eternidades é tempo pra dedéu. E o pior é que durante todo esse tempo progredimos quase nada. Todo nosso progresso não vai além de um progresso a regresso. Quase não saímos do lugar. E ainda pensamos que estamos progredindo. Durante a copa do mundo de 1970 a população do Brasil era de 90 milhões de habitantes. Hoje, quarenta anos depois, já ultrapassamos os duzentos milhões. E o que fizemos, em termos de educação, por exemplo, para receber esse crescimento populacional assombroso? Se você souber me digas. Eu não consigo ver nada que nos justifique como um povo preparado para seu futuro. Ninguém entendeu o pensamento do Rui Barbosa, à época. Nem sei se estamos entendendo hoje. Você não pode deixar de plantar a alface para o prato de hoje. Mas não pode, nem deve, menosprezar o carvalho para a sombra de amanhã. E é aí que a jiripoca continua piando. Quer uma sugestão de um amigo? Não leve esse papo para a gangorra de papo furado. É que não temos espaço suficiente para um papo mais longo. Ainda bem, pra você. Mas vá pensando nisso. No primeiro dia que tive o prazer de conhecer Boa Vista comentei com meu filho Alexandre: – Boa Vista foi projetada para ser uma cidade de primeiro mundo. Só não sei o que irão fazer com ela. E olha o que fizeram. Faça sua parte para corrigir o despreparo de administrações terceiro-mundistas. Plante o carvalho na sua família. Com certeza, ela vai colher o que ainda não conseguimos colher. Pense nisso. *Articulista [email protected]     9121-1460     ————————————————– ESPAÇO DO LEITOR ENERGIA1 “Quero denunciar as constantes quedas de energia no bairro Centenário, principalmente na Avenida Roma. Ontem tivemos três interrupções de energia. A Eletrobras disse que devíamos esperar até as 5h da manhã para o conserto”, relatou um morador que pediu anonimato. ENERGIA 2 “O que mais me deixa desgostoso com o serviço da Eletrobras Roraima é que os funcionários já estiveram aqui e disseram que o problema estava solucionado. Mas não é verdade porque agora estamos todos no escuro. Peço que resolvam esse problema”, complementou o morador. INTERIOR A internauta Gissela Regina Sehn comentou na página da Folha no Facebook que a energia em Rorainópolis, na região Sul do Estado, também está instável. “Em Rorainópolis, falta luz todos os dias, inclusive anteontem, quando a Suely queria fazer seu comício. É uma desgraça”, relatou. ‘VAQUINHA’ Alunos da Escola Estadual Maria das Dores Brasil, no bairro 13 de Setembro, reclamam da infraestrutura do colégio. “Somente algumas salas têm centrais de ar. Outros ainda não foram instaladas. Quando cobramos do diretor, ele disse que não é responsabilidade dele. Então nós, alunos, fizemos uma ‘vaquinha’ para comprar a fiação para a instalação das centrais”, relatou um aluno, que pediu para não ser identificado. Os alunos denunciaram que desde o início deste mês os bebedouros não estão funcionando. LEITOS “Como é que se constrói um bloco nas áreas internas de uma unidade de saúde sem as especificações preconizadas pelo Ministério da Saúde? É de se questionar os conhecimentos técnicos pelos gestores em saúde”, comentou o internauta Marley sobre o déficit de leitos nas unidades de saúde. SAÚDE “A nossa saúde continua em estado de UTI, mesmo com as belas propagandas. A grande maioria da população, que necessita dos serviços nas unidades de saúde do Estado, sabe do desrespeito no atendimento e que a falta de medicamentos é constante em todas unidades. A mentira, o desvio do erário, a incompetência de gestão, a falta de medicamentos e a irresponsabilidade são os incrementos adotados pelo grupo governista. Nem o estado de emergência contribuiu para uma pequena melhora aos usuários da saúde pública”, afirmou Carlos Roberto Bezerra Calheiros.