Minha Rua Fala

RUA MANOEL FELIPE Edicao de 24 10 2014 194

 

– Bairros Buritis e Asa Branca – Manuel Felipe Santiago foi um pernambucano que chegou a Boa Vista na década de 1940, com a esposa Joana Santiago e os filhos: Inácio, João, Miguel e Cândido Santiago. Em 1943 Manoel Felipe foi extrair Diamante no Garimpo às margens do rio Uraricoera e na Serra do Tepequém, onde montou uma Fazenda (“Fazenda Canto Escuro”) e uma usina de Açúcar. Tempos depois comprou um Caminhão para uso no transporte de pessoas e de mercadorias no trecho Boa Vista-garimpo. Como ainda não havia estradas, o jeito foi contratar homens para abrir uma picada por onde o caminhão pudesse passar. Com essas atividades, Manuel Felipe tornou-se um homem rico, dono de comércio, Fazendas, Ouro e Diamante. Manuel Felipe desenvolveu também a pecuária e o comércio varejista na área garimpeira, com mercadorias e gêneros alimentícios comprados em Manaus e levados para o garimpo no interior do Território. Com este trabalho ele gerou renda para os trabalhadores e contribuiu para o desenvolvimento da região do Amajari, Tepequém e comunidades indígenas. A esposa Joana Santiago ajudava na labuta diária da Fazenda, e os filhos: Inácio, João, Miguel e Cândido ajudavam no comércio, na fazenda e na Usina de Cana de Açúcar, e o Manoel Felipe ficou encarregado de dirigir o caminhão e transportar as pessoas e mercadorias. Com a morte da mulher, dona Joana Santiago, o Manoel Felipe casou-se, então, com a senhora Maria Rita (mas, não tiveram filhos). Os problemas surgiram quando numa de suas viagens a Boa Vista, Manoel Felipe se apaixonou por uma moça portuguesa que estava de férias na cidade e pertencia a uma rica família de Manaus. E, esta paixão tornou-se obsessão e daí em diante toda a sua riqueza foi sendo “presenteada” para este novo amor. Foi o começo do fim. Todo o seu dinheiro, seus bens e seus diamantes foram diminuindo até Manoel Felipe ficar sem sequer uma casa prá morar. O pouco que lhe restara, os filhos passaram a “administrar”. E, a ele, nada mais lhe restava, até o novo amor foi embora de volta à Manaus. Daí para a depressão foi um passo. Do homem altivo que era, tornou-se acabrunhado. Os cabelos tornaram-se branco rapidamente, o corpo, antes rígido, ficou alquebrado. Sua memória não era mais a mesma. Suas belas roupas passaram a ser farrapos e ele vivia das lembranças dos amores perdidos e da fortuna gasta.     Nos últimos anos de vida, o Manoel Felipe tornou-se uma figura melancólica e vagante pelas ruas de Boa Vista. Alquebrado, velho e solitário, passava o dia catando latas do chão e as colocava em um saco que levava às costas. Que pecado tão grande ele cometeu? Será que por amar demais foi castigado? Não!  Foi a confiança demasiada nas pessoas. Foi a solidariedade negada por aqueles que ele outrora ajudou. Foi a falta de amor paterno que não lhe permitiram voltar ao seio da família. Foi a falta da mão amiga de pessoas que tinham obrigação parentesca de ajudá-lo. Foi também a carga exagerada da paixão que encheu seu coração, transbordou em seu peito, e sufocou-lhe a alma atormentada pela falta de apoio e estima. Materialmente morreu pobre. Espiritualmente ainda vive na lembrança daqueles que, quando rico, ajudou, e que por ele sempre tiveram respeito. Ao grande Manuel Felipe, hoje um nome público denominando a principal Rua nos Bairros Buritis e Asa Branca, dedico-lhe esta homenagem pela parcela de trabalho despendido por ele e pela família, culminando no desenvolvimento da pecuária, do comércio e do transporte de pessoas e de mercadorias para o interior do Território Federal do Rio Branco. Hoje, restam poucos descendentes de Manuel Felipe, já que, além de viúvo, morreram seus quatro filhos. Há ainda duas netas, (uma delas é a senhora Alberta Santiago (conhecida como dona Nanã) filha do Cândido Santiago;  um bisneto e uma bisneta (Clotilde) e alguns tataranetos (um deles é o jornalista Pablo Felippe Santiago de Lima e a jovem Clotilde Domingues Santiago). A Rua Manoel Felipe nasce no início do Bairro Buritis, na confluência com a Avenida dos Bandeirantes, atravessa os Bairro Buritis e Asa Branca e termina na Avenida São Sebastião na entrada do Conjunto Cambará.