Opinião
Opiniao 31 10 2014 222
E agora, como será sem a participação social? – Vera Sábio* A Câmara dos Deputados acaba de revogar o Política Nacional de Participação Social – PNPS (Decreto 8.243/2014) por ampla maioria! Perdem os conselhos de direito, a cidadania e o controle social! A proposta consolidava importantes instrumentos para a sociedade intervir nas políticas públicas, de forma democrática. A votação do projeto (PDC 1491/14), que anula o decreto presidencial que criou a Política Nacional de Participação Social, com diversas instâncias para que a sociedade influencie as políticas públicas, foi realizado por votação secreta, após as eleições do 2º turno. E assim, sem a participação popular na fiscalização das ações públicas, como o controle social, o que acontecerá com nosso país? Morando aqui, na fronteira, é fácil perceber como o regime da Venezuela é mais penoso do que o do Brasil. Embora tantos problemas aqui existentes, ainda temos a liberdade de expressão e tantas outras leis que até então poderiam ser desenvolvidas a partir da participação social dos movimentos organizados. O medo, agora em mim, está mais presente. Já havia escutado muitos grupos religiosos comentarem nas redes sociais do perigo constante de continuarmos com o PT, e esta afirmativa fez algo muito diferente, conseguindo a união de várias denominações religiosas no mesmo objetivo. Percebi, no resultado das eleições, que a religião por muitos tão defendida é inútil quando sentem os direitos já adquiridos correndo o risco de serem instintos, pois desacostumados de lutar para a conquista do pão de cada dia, na certeza que bolsas são lhes doada, pensaram primeiro nesta falsa sobrevivência do que na antiga fé propagada. E agora, rapidamente, na surdina, um decreto tão importante com o da participação social foi derrotado… Aí tem!! Qual será o nosso futuro, o que será de nós? O otimismo enfraquecido pelas constatações é incapaz de ver uma luz ao final do túnel. Mas a esperança ainda existe, pois temos que sobreviver. Assim aguardo alguém mais preparado e conhecedor da política, para me explicar, aonde chegaremos. *Psicóloga, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/04509 [email protected] Cel.: 91687731 ———————————————— Mais educação e menos burocracia. Desafios para o novo mandato presidencial – Eduardo Thuler* Depois de uma das eleições presidenciais mais disputadas dos últimos tempos é hora de deixar os debates, cenários e previsões de lado e olhar para frente. O mercado de trabalho é sem dúvida um dos itens de destaque da lista de prioridades para os próximos anos. Embora existam avanços importantes, ainda há déficits históricos a serem corrigidos e certamente a educação e o investimento em criação de novas vagas são alguns dos principais desafios para o próximo mandato presidencial. Pesquisa realizada pela Catho no mês de outubro, com cerca de 700 profissionais, apontou que reduzir a burocracia e impostos das PMEs e oferecer cursos gratuitos de qualificação deveriam ser as prioridades do presidente eleito. O primeiro item foi escolhido por 61% dos respondentes e, o outro, por 14%. 9,2% acreditam que a criação de vagas deva ser priorizada, e 6,6% apostam que a necessidade principal é criar mais oportunidades para o primeiro emprego. Com relação ao segundo item escolhido pelos respondentes como prioridade do novo governo, da qualificação, vale ressaltar que houve um investimento relevante nos últimos anos. Em 2013, o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) firmou 556,5 mil contratos com estudantes brasileiros – um aumento de 47% em comparação com 2012, segundo dados do Governo Federal. Não é ainda a oferta de cursos gratuitos que pleiteiam os profissionais pesquisados, mas é uma oportunidade importante para milhares de brasileiros que ficavam de fora dos bancos universitários. Por outro lado, para citar algo mais direcionado aos resultados do levantamento, há outra inciativa de investimento em qualificação: a criação, nos últimos anos, de dezenas de escolas técnicas federais, que entregam ao mercado profissionais prontos para o trabalho e com a possibilidade de terem o ensino médio aliado ao técnico em um apenas um curso. Na prática, as duas ações têm repercussão direta no mercado de trabalho: mais profissionais disponíveis. É inegável que dar mais acesso ao ensino superior e criar novas escolas de ensino técnico são tentativas importantes para melhorar a mão de obra em vários níveis. O ponto, porém, é exatamente este. Será que estes profissionais estão realmente preparados para atender à demanda existente? Há uma qualificação adequada? Há um histórico de carência de mão de obra qualificada no Brasil. E este déficit não é apenas quantitativo, é também qualitativo. Ou seja, estas iniciativas citadas são importantes, evidente, mas há uma necessidade represada de investimento em um ensino médio e fundamental de qualidade e, também, no ensino superior. Este é sem dúvida um desafio não apenas para o próximo mandato, mas para os próximos. Além de oferecer educação de qualidade para ter candidatos mais preparados, a outra ponta, o empregador, também precisa de atenção especial. É necessário ter vagas para atender a demanda. E este é outro desafio. Há várias saídas para criação de vagas, mas, sem dúvida, dar atenção às PMEs é uma alternativa a ser considerada. E é aí que se encaixa o item mais citado na consulta realizada com centenas de profissionais do Brasil. É sabido que os altos impostos e a burocracia emperram milhões de empreendedores de avançar com suas ideias. O que é um contrassenso se considerarmos que são elas que empregam 2/3 da força de trabalho formal do Brasil. Vale lembrar que grande parte dos jovens que estão ingressando no mercado tem como meta de curto e médio prazo ter o próprio negócio. Ou seja, ter leis trabalhistas mais flexíveis e uma carga mais leve de impostos facilita o aumento da profissionalização e cria mais postos de trabalho. Não é fácil tapar este buraco que já existe há décadas. Contudo, as soluções existem. Os profissionais do mercado já sabem o que é preciso. Vimos pela pesquisa que eles estão bastante familiarizados com o que deveria ser prioridade na lista de políticas para melhorar o atual cenário do mercado de trabalho brasileiro. Faltam ações integradas e efetivas para, em definitivo, acabar com este gap histórico. É, sem dúvida, um grande desafio. Mas é necessário dar o primeiro passo. *Presidente da Catho ——————————————– Líder mandão não existe – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Líder é todo indivíduo que, graças à sua personalidade, dirige um grupo social, com a participação espontânea dos seus membros”. Por incrível que pareça, ainda não conseguimos entender quais as diferenças entre os líderes e os mandões. Ainda consideramos líderes aqueles que dão ordens. O líder não dá ordens. Ele diz o que quer que você faça porque você quer fazer. E não é tão difícil entender isso. O líder mantém seu grupo de trabalho em perfeita harmonia. Mas só consegue isso se houver entrosamento entre todos os membros do grupo. Um líder não permite que um elemento que não se harmoniza com os demais do grupo permaneça no grupo. Quando um membro do grupo está dificultando o desenvolvimento no trabalho, deve ser imediatamente substituído. Isso faz parte da boa administração. Vem daí a conexão entre o trabalho e a família. Uma empresa que mantém seus grupos liderados não pode se manter fora de contato com as famílias dos do grupo. Durante toda a década dos sessentas trabalhei numa empresa paulista que era tida, e continua sendo, como uma empresa modelo nas Relações Humanas no Trabalho e na Família. Durante o expediente na fábrica, a assistente social fazia visitas às famílias dos empregados da empresa. E as visitas eram feitas sem o conhecimento do empregado. E o comportamento na família tinha muita importância para a análise do funcionário. Porque, não se iluda, isso tem muita importância para a formação de um grupo liderado por um líder de verdade. E vem daí a importância da qualidade na formação do líder. Sempre dizemos que não se escolhe um líder pela maneira como ele manda fazer, mas como ele acompanha o que seus liderados fazem. E só se pode fazer isso quando se entende do assunto. Respeito se conquista não se impõe. É uma tolice pensar que estamos sendo respeitados pela força que impomos. Só quando não confiamos na nossa personalidade não somos capazes de ser afáveis. E não há liderança sem afabilidade. Quando um líder diz não, não deixa a outra pessoa constrangida. O importante é que ele saiba dizer, não. Porque se não souber, não é um líder, mesmo que esteja “liderando” o grupo. Será que o poder público entende isso e leva isso a sério nos concursos públicos? Pelo que vejo quase diariamente, pelos corredores, duvido muito. Mas o que mais me preocupa, é que o desequilíbrio está, também, nas grandes empresas privadas. Continuo com a mania de observar esse detalhe, diariamente, pelos corredores públicos e pelas lojas particulares. Vamos acordar para o desenvolvimento, sem o qual não seremos desenvolvidos. Pense nisso. *Articulista [email protected] 9121-1460 ——————————————— ESPAÇO DO LEITOR REAJUSTE 1 Sobre o aumento da tarifa de energia em Roraima, a internauta Francineuma Macena comentou: “Os moradores do Cantá, além de viverem um eterno enfeite de Natal (pisca-pisca), vão ter que pagar mais caro? Eita! Que presente de Natal!”. REAJUSTE 2 “A alegria da população roraimense durou pouco com a volta desse reajuste no valor da energia elétrica. Fazer o quê? Reclamar de novo?”, indagou a internauta Maria Daiane de Oliveira Ramos. REAJUSTE 3 A leitora Mônica da Silva Peixoto sugeriu: “Que tal usar esse aumento para acabar com a insegurança energética que há em Boa Vista?”. A leitora disse, ainda, que o reajuste é absurdo e que nem o salário mínimo tem um aumento nesse nível. CONCURSO “A política do concurso público, promovido pelo Estado a partir de 2002, foi a melhor medida efetiva para a regularização dos servidores públicos. A grande maioria procurou estudar para ascender numa carreira pública. E esse concurso do Detran-RR [Departamento Estadual de Trânsito de Roraima] vem regularizar um grave problema administrativo de décadas, pois não teremos analfabetos exercendo funções relevantes num órgão eminentemente técnico. Agora, na próxima gestão de governo, teremos os quadros administrativos e técnicos compostos de servidores concursados. Quem ganha com isso é a população, que verá um Detran desprovido da tutela política de deputados”, comentou Carlos Roberto Bezerra Calheiros. SEM ÁGUA 1 A leitora Vera Regina Carvalho denunciou as constantes quedas de energia no loteamento Santa Cecília, no Cantá, que ocasionam a queima de bombas de água. “Como a parte elétrica não tem aterramento e é tudo muito mal feito, quando há queda de energia, as bombas se queimam, deixando uma parte dos moradores daqui sem água. Já perdi as contas de quantas bombas já trocaram”, disse ao frisar que passou quatro dias sem água esta semana. SEM ÁGUA 2 “Ligamos para a Caer [Companhia de Água e Esgoto de Roraima] e eles jogaram a responsabilidade para a Cerr [Companhia Energética]. Ficam nesse jogo de empurra e quem sofre é a população. Há dois protestos meus no Ministério Público a respeito da instalação elétrica da Caer, mas nunca nada foi feito”, complementou Vera Regina.