Cotidiano

Mãe procura filha desaparecida há 30 anos

Em 1984, por conta das constantes agressões que sofria do marido, mulher teve que deixar a filha recém-nascida com os padrinhos

Existem coisas na vida que o tempo não pode apagar, principalmente as relações entre pais e filhos. Esse é o sentimento que move a vida de Dalva Magalhães, principalmente pela triste história de vida que a fez ir embora de Roraima e abandonar sua filha. Agora, a esteticista está em Boa Vista à procura da filha, com quem perdeu contato há mais de 30 anos.

“O meu ex-marido chegava bêbado em casa e sempre me agredia. No ano de 1984, alguns meses após eu dar à luz a minha filha, ele tentou novamente me bater, mas eu disse que não deixaria que fizesse aquilo comigo. Resolvi, então, denunciá-lo à polícia e ele acabou sendo preso em flagrante. No dia seguinte, eu fui novamente à delegacia e ele disse que me mataria assim que ele fosse liberado. Então, a minha preocupação naquele momento era proteger os meus filhos e a única alternativa que encontrei foi me afastar o quanto antes da cidade”, relembrou.

Dalva disse que após as ameaças do ex-companheiro, ela e os filhos buscaram abrigo na casa de um casal de amigos que morava, na época, no bairro Mecejana, na zona Oeste. Eles eram os padrinhos da criança. Temendo que o pior pudesse acontecer, ela decidiu deixar a cidade e estabelecer-se na capital do Estado vizinho, Manaus (AM). Foi a partir daí que o drama pessoal da esteticista teve início.

“Eles tinham uma oficina de lanternagem de carros e se chamavam José e Maria Araújo. Ela era apenas dona de casa, e ele, dono dessa oficina. Os dois me receberam muito bem, mas eu ainda estava com medo do que poderia acontecer. Como na época eu não tinha registrado ela [filha], disseram que iriam cuidar dela até que eu pudesse me recuperar, já que eu estava com malária. Eles, inclusive, me emprestaram dinheiro para que eu fosse embora para Manaus e eu acabei indo com os meus dois outros filhos”, disse.

Após se passarem três meses de tudo aquilo, Dalva Magalhães retornou a Boa Vista para tentar, enfim, levar a filha. Mas, para a sua surpresa, o casal de padrinhos não foi encontrado no endereço. “Decidi voltar para buscar minha filha, ignorando inclusive o risco de bater de frente com o meu ex-companheiro. Eles haviam se mudado e os vizinhos não sabiam para onde. Desde esse dia, eu nunca mais soube mais nenhuma notícia da minha filha”.

A esteticista relatou que antes de perder contato com o casal, ela obteve algumas informações sobre a menina. Segundo ela, as pessoas a chamavam de Adriana ou Alderineide. Os padrinhos teriam ainda outra filha de criação, chamada Rosa.

“Como o nome da minha outra filha era Andréa, eu queria que o nome dela também fosse com ‘A’. Eles tinham outra filha de criação, que se chamava Rosinha.

Provavelmente, um apelido para Rosa. Eu até fiquei desesperada, achando que eles tinham fugido com a minha filha, mas eu parei para pensar e acredito que não seria o caso, até pelo fato de ela não ter registro na época, tanto que esse foi um dos motivos que me impediu de levá-la comigo, já que na rodoviária eles exigem o registro de nascimento das crianças. Então, eles podem ter registrado depois e eu não sei o que aconteceu desde então”, complementou.

Desde aquela época, Dalva Magalhães vem tentando buscar informações que possam levá-la a encontrar a filha, que hoje está com 31 anos. Ela se diz esperançosa sobre a sua busca. “Essa é a terceira vez que venho à cidade e, desta vez, eu venho mais determinada, tanto que estou recorrendo aos meios de comunicação para ver se consigo alguma informação que me ajude a encontrá-la”, ressaltou.

Atualmente, Dalva está residindo em Macapá (AP) e permanecerá em Boa Vista até o dia 30 deste mês. Qualquer informação que possa ajudar a encontrar sua filha pode ser enviada pelos telefones (96) 99154-3123 e (96) 99118-1987, ou pessoalmente no Hotel Ideal, localizado na rua Araújo Filho, número 481, no Centro.

“O pior de ter uma filha desaparecida é que você não sabe o que aconteceu com ela. Existem várias coisas que preciso saber: se realmente contaram a verdade, como contaram ou se omitiram os fatos, se ainda está viva ou se já faleceu. Na época em que ela nasceu, tinha 2,71 kg. Então, não era tão frágil assim. Eu só gostaria de saber se ela está bem e, se possível, poder abraçá-la, saber se tem filhos, recuperar todos estes anos de ausência”, frisou. (M.L)