Jessé Souza
Enganacao Guri e apagao 18 11 2014 290
Enganação, Guri e apagão Jessé Souza* O que Roraima está passando, neste momento, com sérios problemas no abastecimento de energia fornecida pela Venezuela, é resultado de anos de descaso dos políticos locais com o setor energético. Embora tenhamos políticos muitos influentes em nível nacional, o Estado até hoje não tem uma matriz energética confiável, dependendo do humor e da política dos governantes venezuelanos. Desde a criação do Estado que as promessas de resolver a questão energética vêm sendo repetidas a exaustão, mas o tempo provou que tudo não passou de enganação, principalmente quando se apostou na hidrelétrica de Cotingo, localizada em terra indígena. Achando que poderiam resolver a questão indígena na base do gogó, os políticos não elaboraram um plano B, deixando o Estado no negrume da dependência energética no então país de Hugo Chávez. A hidrelétrica de Jatapu foi mais um desses projetos que consumiram milhões de reais para não suprir sequer a necessidade do Sul do Estado. Enquanto Roraima necessitava de uma ação arrojada para construir uma alternativa energética, os políticos ficaram defendendo suas fazendas e produtores de arroz, acreditando que poderiam chegar ao Supremo com suas influências de sempre, atropelando a tudo e a todos. Mas não foi assim. Com o Supremo Tribunal Federal definindo a questão indígena, a hidrelétrica de Cotingo ficou apenas nos discursos dos políticos, que se omitiram por anos para apontar outra alternativa livre de entraves. Já era previsto que a energia de Guri poderia sofrer um revés a qualquer momento. Aliás, Guri só chegou ao Estado de Roraima porque Chávez negociou com o então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). A Venezuela queria a BR-174 asfaltada e, em troca, traria energia para o Brasil. E assim foi e os dois presidentes inclusive vieram a Roraima inaugurar o asfalto e a energia. Enquanto isso, os políticos locais ficaram só na enganação e na embromação. Mentiram o tempo todo que iriam reverter a questão indígena e, de quebra, Cotingo, mesmo eles sabendo que o STF jamais iria dar uma canetada contra o artigo 231 da Constituição Federal. Porém, ficaram mentindo assim mesmo, transformando a questão indígena em uma cortina de fumaça, mantendo o povo desinformado e paranóico por uma suposta internacionalização, enquanto eles, os políticos, ficavam tratando de seus negócios e ficando ricos com a política desonesta. A consequência de mais esses sofismas políticos pode ser sentida na pele do roraimense, a mercê dos apagões de Guri, da ineficiência do sistema frágil das termelétricas roraimenses e do silêncio dos políticos. Se falta luz, falta água também. E sabemos que a estatal roraimense que abastece a cidade de água precisa de uma faxina, antes que seja tarde. Ou vão ficar enganando o povo, como sempre fizeram? *Jornalista [email protected]