Bom dia! O general Golbery do Couto e Silva fazia a cabeça de outros generais durante o Governo Militar que se instalou no País após o Golpe de 1º de abril de 1964. Com erudição clássica acima da média, Golbery foi a voz e a cabeça do governo Geisel, quando ocupava a chefia do Gabinete Civil da Presidência da República e comandou o chamado processo de abertura política no final dos anos 1970. Ele dizia, na ocasião, que a abertura política no Brasil deveria ser feita obedecendo a um processo de sístole e diástole. Ou seja, a abertura política permitida pelos generais teria movimentos de apertura (sístoles) e de abrandamento da repressão (diástoles). Se observarmos o momento em que o Brasil vive nos últimos anos com relação ao combate à corrupção fica fácil perceber que as regras do velho general parecem estar sendo seguidas. A apuração do mensalão – com Joaquim Barbosa à frente – foi claramente um movimento de sístole. Embora quase todos já estejam livres, leves e soltos, pelo menos, deu ao povo brasileiro um pequeno sentimento de que o Brasil começaria realmente a enfrentar a corrupção praticada desavergonhadamente por políticos de alto coturno. Uma rápida olhada no que estão fazendo as autoridades com relação ao escândalo da Petrobras – que deixou pianinho o mensalão – permite identificar que atravessamos um período de diástole no combate à corrupção. Embora um valente juiz federal do Paraná, Sérgio Moro, já tenha decretado a prisão de empresários, ex-diretores da petroleira e de alguns operadores do esquema, os políticos citados pelo principal delator, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, continuam zombando dos brasileiros e das brasileiras. Veja-se o caso dos senadores: Renan Calheiros, presidente do Senado; Romero Jucá, vice-presidente do Senado; e Ciro Aguiar, presidente nacional do PP. Continuam a todo vapor operando na cena política brasileira. Nada lhes constrange. Pelo contrário. Aos gritos, parecem querer dizer que a quem insinuar que eles devam ser punidos que nada lhes atinge e que têm poder de fogo na mão capaz de propiciar-lhes pular mais esta fogueira, das muitas que eles têm enfrentado durante suas vidas públicas. PREFERIDO Vale a pena reler a entrevista concedida pelo ex-governador Anchieta Júnior (PSDB), publicada na Folha de ontem (20). Com todas as letras, o ex-governador disse que Jucá já queria emplacar o filho Rodrigo Jucá como prefeito nas eleições de 2012. Anchieta resistiu e foi a salvação da atual prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), que não por coincidência é ex-mulher de Romero Jucá. MONTANHA Vazou para a imprensa uma cópia de uma relação encaminhada à Secretaria de Fazenda, contendo processos liquidados e que devem ter prioridade de pagamento. O que causa surpresa na relação é a montanha de dinheiro que o governo deverá pagar – se ainda não pagou – a uma empresa de propaganda e marketing. A coisa é escandalosa e atinge a casa dos milhões de reais. LEITURA O senador Mozarildo Cavalvanti (PTB) leu, ontem, na tribuna do Senado, na íntegra, a nota de esclarecimento publicada pelo Tribunal de Contas do Estado a respeito da decisão unânime daquela corte de afastar o secretário municipal de saúde Marcelo Lopes. Naquela publicação, os conselheiros, de forma sóbria e elegante, esclareceram as razões técnicas da decisão que tanto irritou o senador Romero Jucá. MILHARES As poderosas antenas da Parabólica captaram a informação de que já estão nas mãos da governadora eleita Suely Campos e do ex-governador Neudo Campos mais de 5 mil currículos de interessados em ocupar cargos no novo governo, que se instala a partir de 1º de janeiro de 2015. Isso é mais da metade dos presumíveis 9 mil cargos comissionados que existem na estrutura do Governo do Estado. LIMPEZA Também corre solta, nos bastidores da imprensa local, a informação de que o atual governo ainda pretende assinar contrato de conservação das escolas estaduais, cujo montante pode chegar à casa dos R$ 20 milhões. Se isto é verdade, é mais um abacaxi para a próxima administração estadual descascar. É SÓ ESPERAR Depois da reclamação do senador Romero Jucá de que o ex-governador Anchieta Júnior trabalha nos bastidores para colocar o vice-prefeito Marcelo Moreira (PSDB) no lugar de Teresa Surita no comando da Prefeitura de Boa Vista, bons tempos não devem esperar este último. Provavelmente, Moreira experimentará a perda de alguns privilégios que até então gozava. O tempo será o senhor da razão. ALE Segundo indícios captados pelas poderosas antenas da Parabólica, a governadora eleita Suely Campos corre o risco de ter um oposicionista, o deputado Jalser Renier (PSDC), na Presidência da Assembleia Legislativa do Estado. Na corrida por aquele cargo, Jalser está a alguns corpos à frente dos outros concorrentes. SEBRAE Outra derrota política da futura administração estadual, que se desenha no horizonte, é a recondução de Luciana Surita como superintendente do Sebrae-RR. As negociações estariam envolvendo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Roraima (Fecormércio), Airton Dias; o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima (FAERR), Almir Sá; e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Roraima (ACIRR), Jadir Correia. Os três teriam cinco votos no conselho, que, somados aos dois votos sob o comando do Governo do Estado e a cinco votos de órgãos federais, dariam folgada maioria à pretensão de Surita em continuar dando as cartas naquela instituição.