Bom dia, “Quando alguém assume um cargo público deve considerar-se a si mesmo como propriedade pública” – Thomas Jefferson SURREAL 1 O caso de Roraima é surreal. 2010 foi o ano que nunca terminou para os roraimenses. Reeleito naquele ano, o então governador Anchieta Júnior (PSDB) foi cassado duas vezes e terminou seu mandato este ano sob liminar, quando deixou o cargo para concorrer ao Senado. A ação que pedia a cassação dele ficou para o então vice, Chico Rodrigues (PSB), que perdeu a disputa eleitoral para a reeleição e findou cassado sem poder concluir sua administração. SURREAL 2 Com a cassação de Chico Rodrigues, quem assumiu interinamente foi o deputado Chico Guerra (Pros), presidente da Assembleia Legislativa do Estado, que por sua vez não conseguiu se reeleger porque teve sua candidatura cassada com base na Lei Ficha Limpa. É o que vem sendo chamado de “tempos de Francisco” em Roraima. SURREAL 3 A disputa deste ano também foi cercada de fatos inusitados. O candidato que aparecia despontado nas pesquisas para ganhar a disputa pelo Governo do Estado, Neudo Campos (PP), desistiu de sua candidatura porque também teve sua candidatura cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com base na Lei Ficha Limpa. O que se espera, com estas últimas decisões, é que o ano de 2010 encerre-se definitivamente em 31 de dezembro, para que o Estado passe a viver novos tempos na política.     DECISÃO A decisão que confirmou a cassação do governador Chico Rodrigues merece alguns questionamentos, já que permitiu que um governo chegasse ao fim sem que tenha fechado as contas para atender à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A Justiça Eleitoral demorou quatro anos para considerar ilegítimo um governo que gastou quase R$15 milhões, provocando um dano irreversível aos cofres públicos e à vida dos cidadãos. CUMPRIMENTO Diante deste quadro criado pela Justiça Eleitoral, cabe questionar quem será responsável pelo cumprimento das metas ficais impostas pela LRF, já que quem deveria fechar as contas foi sacado do cargo faltando um mês para terminar seu mandato. E quem será responsabilizado em caso de as metas não serem cumpridas? O governador tampão? Ou o governador cassado que não teve tempo hábil de fazer os ajustes necessários? Ou a nova administração que assumirá em 2015? INTACTO O que preocupa também é o fato de o titular da ação de cassação, o então governador Anchieta Júnior, que era o candidato em 2010, ter governado o Estado até abril deste ano e sequer foi responsabilizado por seus atos desastrosos e lesivos, permanecendo com os seus direitos políticos intactos. É como se a Justiça Eleitoral dissesse que o crime eleitoral compensa em Roraima. Além disso, o TRE decidiu que quem assume é um parlamentar que não tem condições de elegibilidade, o presidente da Assembleia Legislativa, Chico Guerra. DEMORA A Parabólica não quer se colocar no papel de defensora de Chico Rodrigues ou condenar qualquer outro político. Apenas analisa os fatos difíceis de serem explicados à luz da razão. Se a cassação tivesse sido decidida no tempo certo, há 4 anos, teria sido evitado o rombo milionário aos cofres públicos e punido quem realmente deveria responder pelos crimes eleitorais cometidos. DÍVIDAS Da forma que ocorreu o desfecho, o novo governo que se iniciará no dia 1º de janeiro de 2015 também será punido ao herdar uma administração endividada, que não consegue mais sequer pagar em dia todo o seu funcionalismo. Por isso, o dever da governadora eleita Suely Campos (PP) é cumprir a promessa de contratar uma auditoria, mostrar onde foi parar a dinheirama que sumiu dos cofres públicos e apontar culpados, para que responda por seus atos. E que não fique ninguém impune. CALOTE Pelo levantamento feito por sindicalistas, foram 3.174 pessoas enganadas pelo “golpe político” da PEC 111. Em troca de votos, havia políticos prometendo a cada pleito, desde 1998, que todas as pessoas que trabalharam para o Estado e municípios na época de Território Federal teriam o direito de ser contratadas nos quadros da União, para fazer parte de um quadro em extinção. Para isso, bastaria que comprovassem que trabalharam na época em que Roraima foi transformado em Estado, no ano de 1988. COMÍCIOS Os pais de família acreditaram no engodo, atenderam a chamados para entregar documento na Secretaria Estadual de Administração, pagaram taxas para sindicatos aliados desses políticos e participaram ativamente de reuniões políticas que eram transformadas em comícios eleitorais, quando a Folha era atacada só porque já alertava que a promessa de enquadramento por meio da PEC 111, que virou Emenda Constitucional 79, se tratava de um golpe eleitoral. Agora a verdade foi restabelecida. VÍDEO Depois de seu “inferno astral” na política local e no olho do furacão em nível nacional, ao ser citado na investigação sobre o escândalo da Petrobras, o senador Romero Jucá (PMDB) decidiu apostar em um trabalho para melhorar sua imagem. Ele publicou em seu perfil na rede social um vídeo que enaltece o seu trabalho e narra sua trajetória de vida desde a infância. O material vem sendo compartilhado e disseminado por assessores e agregados políticos. FAKES Depois da campanha eleitoral, não cessou a onda de fakes (perfis falsos) nas redes sociais, criados por empresas especializadas e bem pagas por políticos para os defenderem de críticas e atacarem adversários. Essas empresas também invadem contas de internautas que têm posicionamentos críticos, como forma de silenciá-los. O esquema é bem montado e não precisa dizer que os recursos para pagar esses fakes vêm dos cofres públicos.    FANTASMA A Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) só começou a demitir os funcionários fantasmas depois da cobrança feita pela imprensa. As edições eletrônicas do Diário Oficial do Estado dos dias 28 de novembro e 1º de dezembro, que só foram ao ar ontem, trazem as listas fantasmagórica de servidores que só recebiam salário sem dar expediente naquela empresa.