Jessé Souza

Tempos de Francisco 04 12 2014 354

Tempos de Francisco… Jessé Souza* O governador Ottomar Pinto morreu e não deixou herdeiros políticos, mas deixou ao povo a pior herança que Roraima poderia ter: o governo de Anchieta Junior (PSDB), a mais sofrível administração de todos os tempos, que consumiu mais de R$15 bilhões ao longo de dois mandatos, deixando ao contribuinte uma conta amarga para ser pagar até a próxima geração. Cassado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Anchieta terminou seu mandato de governador por meio de liminar e restou impune ao renunciar o cargo para poder concorrer ao Senado, não sendo atingido pela nova cassação decidida na semana passada pelo mesmo TRE, que puniu o seu vice, o então governador Chico Rodrigues (PSB). Ainda que não tenha conseguido se eleger senador, Anchieta saiu intacto de qualquer punição, enquanto o seu vice de 2010 foi cassado já sentado no cargo de governador e teve seus direitos políticos suspensos por oito anos. A Justiça Eleitoral acaba de criar a compensação a criminosos eleitorais, mostrando que abusar do poder político e econômico compensa em Roraima. Não sei como explicar isto aos meus filhos. Não saberia dizer por que um governador acusado de corrupção e de crime eleitoral conseguiu sair impune. Nem como a cassação de outro governador permitiu que um deputado comprovadamente “ficha suja”, cuja candidatura foi cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fosse governador, ainda que por um dia. Também não saberia explicar por que, em tempos de Francisco, com um Papa querendo consertar uma Igreja Católica combalida no mundo, em Roraima “tempos de Francisco” signifique trocar um governador Chico cassado por um deputado Chico cassado pela Lei Ficha Limpa, que devolveu o cargo para o primeiro Chico ainda cassado, mas desta vez pendurado por uma liminar.  Roraima mostrou-se muito forte mediante o pior ataque de galera política aos cofres públicos cometidos nesses últimos oito anos, com o serviço público vivenciando o caos na saúde, na segurança pública e no sistema prisional. E isso para mostrar apenas os casos mais gritantes. Tudo sob o olhar congelado e complacente da Justiça Eleitoral, que esperou primeiro o povo reprovar um governo desastroso nas urnas e um ex-governador querendo poder e imunidade parlamentar no Senado para só depois agir, como forma de dar alguma satisfação mediante um quadro de terra arrasada. O fato é que a herança de Ottomar Pinto nos empurrou para as eleições de 2010, o ano que ainda não terminou para nós, roraimenses. Estamos sem saber qual será nosso futuro na política mediante o suposto novo governo que assumirá no dia 1º de janeiro. Até porque o governador cassado nem fechou as desastrosas contas de seu governo. Isso significa que a nova administração  Neudely Campos (Neudo + Suely)  vai pegar uma bomba relógio para ser desarmada. E o que esperamos é que ao menos uma promessa de campanha seja cumprida: a de contratar uma auditoria séria, apontar quem foram os surrupiadores dos cofres públicos e puni-los exemplarmente. Se só isto for feito, Roraima ainda terá jeito. *Jornalista [email protected]