Jessé Souza

Cultura tranca rua 10 12 2014 378

Cultura tranca-rua Jessé Souza* Em Fortaleza (CE), as autoridades perderam o controle sobre a Feira da Madrugada, em frente ao Mercado Central, onde os vendedores de roupa passaram a ocupar toda extensão de uma das principais avenidas de acesso à beira-mar. No mês passado, precisou o batalhão de choque agir com bombas de efeito moral para evitar que a via fosse tomada. No Amazonas, a Avenida Eduardo Ribeiro convive há anos com uma feira aos domingos, obrigando o fechamento do tráfego. Lá a situação foi “pacificada” após longos anos de atrito entre trânsito e mobilidade. Em São Paulo, a famosa Avenida 25 de Março também é ocupada por vendedores e compradores que tornam aquela via impossível para o tráfego de veículos, fugindo do controle das autoridades. Em Boa Vista, temos a Feira do Garimpeiro, entre os bairros Tancredo Neves e Asa Branca, que começa a ser montada na noite de sábado, ao longo da avenida Ataíde Teive, uma das principais responsáveis pelo fluxo dos bairros ao Centro, e no domingo o local fica tomado por barracas de todo o tipo durante quase todo o dia. Essa feira já rendeu frutos, com o surgimento de outra, entre os bairros Silvio Botelho e Pintolândia, que também interdita a avenida que interliga o trecho sul da BR-174, a partir do bairro Raiar do Sol, aos demais bairros da zona Oeste, findando no Pintolândia. Sem que haja uma política efetiva para esta questão, todos estão se achando no direito de interditar uma rua ou avenida para eventos particulares. Igrejas são campeãs em interditar avenidas em frente de suas sedes para eventos. Uma entidade comerciária, no mês passado, fechou a avenida Mário Homem de Melo, via arterial importante sentido Centro/bairro, na altura do bairro Buritis, para uma de suas programações. Na semana passada, no domingo à noite, uma família fechou uma rua paralela à Avenida Centenário, no bairro Cinturão Verde, para realizar uma festa infantil, servindo aquela via pública movimentada para instalar os brinquedos para os convidados se deleitarem. E assim, todos vão se achando no direito de interditar vias públicas, em uma verdadeira cultura tranca-rua, como se fosse algo natural privilegiar a ação de alguns particulares em prejuízo ao público. Se as autoridades boa-vistenses não estiverem atentas para a questão da mobilidade urbana, chegará um dia em que as principais avenidas da Capital ficarão interditadas aos finais de semana, gerando transtornos à mobilidade urbana. E então a Prefeitura se sentirá obrigada a agir, como ocorreu em Fortaleza, há duas semanas, precisando da força policial para não permitir que uma via importante fique interditada até mesmo em dias de semana. É preciso pôr um fim nisso, já que temos um trânsito complicado pelo excesso de veículos trafegando e pela falta de planejamento de muitas ruas e avenidas nos bairros que surgiram a partir de invasões. O momento de agir é agora, antes que seja tarde. *Jornalista [email protected]