Um jogo de cena 17 12 2014 409

Um jogo de cena Jessé Souza* Não passa de jogo de cena o que fez o senador Romero Jucá (PMDB) ao retirar o projeto de lei que ele apresentou, ainda no final da década de 1990, para regulamentar a mineração em terras indígenas. Ele sabe que sua imagem política não anda bem desde as eleições deste ano, da qual saiu flagrantemente derrotado junto com seu filho, o deputado Rodrigo Jucá (PMDB), que era o candidato a vice ao Governo de Roraima. Sua atuação política era bem clara: pretendia ter o governo nas mãos na mesma medida em que seus negócios prosperavam. Não à toa ele foi acusado de querer implantar definitivamente sua oligarquia. E a aprovação da mineração em terras indígenas era somente mais uma de suas frentes de atuação. Seus planos desandaram na mesma passada em que os estragos do governo Anchieta Junior (PMDB) começaram a pipocar, considerada a pior administração de todos os tempos, com vastas denúncias de corrupção, principalmente na saúde, além das que estão sendo apuradas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal sobre apropriação de terras públicas. Então, retirar o projeto de sua autoria sobre mineração em terras indígenas foi uma tentativa de melhorar a imagem negativa e dar continuidade ao plano de, a partir de agora, tentar mostrar que ele “não quer ser dono de Roraima”. No programa do Jô Soares, na semana passada, ele já havia dado início a esse plano ao dizer exatamente isso, que “não queria ser dono de nada”. A retirada do projeto de Jucá não muda a sanha das mineradoras e do agronegócio em avançar a qualquer custo, sem querer ouvir ninguém, pois a PEC 215, que está sendo alvo de confusão no Congresso, é a nova arma da bancada ruralista para abocanhar todo o poderio econômico e minar os direitos indígenas garantidos no artigo 231 da Constituição Federal. O que faz Jucá é desviar a atenção sobre o que está acontecendo no Congresso e, de quebra, tentar limpar sua imagem em Roraima. Ele já disse publicamente, para o Jô Soares, que precisava agradar a opinião pública roraimense visando à campanha eleitoral de 2018, quando será candidato a reeleição, já que sucumbiram os seus planos de o filho ser governador naquele ano. Por tanto, o povo de Roraima precisa ficar atento a estes movimentos que estão ocorrendo. Os políticos que saíram derrotados nas eleições deste ano vão tentar de tudo para enganar a opinião pública a fim de que possam continuar mantendo seu poder nas eleições que estão por vir. Jucá sabe que precisa fazer muito mais se quiser se manter. Apenas retirar um projeto que não tinha mais peso algum no atual cenário não engana a opinião pública atenta. Ele terá de demonstrar o poder que mostra ter em Brasília para tirar Roraima do buraco – cratera esta que ele mesmo ajudou a cavar no governo Anchieta. *Jornalista [email protected]