Jessé Souza
Cupins de aco 08 01 2015 475
Cupins de aço Jessé Souza* A ação “Juntos fazemos mais”, anunciada pela Prefeitura de Boa Vista e o Governo do Estado, no ano passado, para a conservação do Parque Anauá, não passou de uma fachada para esconder o gasto estratosférico de R$5 milhões dos cofres públicos usados supostamente para reformar aquele local de lazer. O dinheiro sumiu e pouco se viu de obras de reforma, a não ser uma pintura de muros com cal, grades e paredes pintadas superficialmente, instalação de algumas torres de iluminação que realmente foram necessárias e uma maquiagem aqui e acolá. Com a “ação conjunta”, os serviços deram um novo aspecto ao parque, o que não foi conseguido torrando toda aquela dinheirama. O Governo do Estado, com a nova administração, desfez o convênio e então surgiram vozes afirmando que, com esta decisão, o parque vai ficar novamente abandonado. É preciso ser muito incompetente (como se mostraram os dois governos anteriores) para não saber administrar um parque cuja maior área é de lavrado e com poucas estruturas. A incompetência crônica que se abateu sobre o governo nesses últimos anos parece também ter acometido de tétano mental a cabeça de muitas pessoas. Ou adoeceu muita gente sã de epilepsia visual e auditiva, a ponto de essas pessoas não conseguirem mais ouvir e enxergar a realidade na qual os governos incompetentes e prezepeiros nos meteram. Não é necessário ser prêmio Nobel em administração pública para impedir que prédios públicos, locais de lazer e outros bens se deteriorem com o tempo. Para isso, basta querer administrar e cumprir com as obrigações básicas. Mas ocorre que os secretários e outros diretores, em vez de estarem trabalhando (cargos para os quais são bem pagos), ficam atrás dos governantes em solenidades públicas, seja para ficarem como “papagaios de piratas” ou para mendigarem assinatura para nomeações de apaniguados para cargos públicos. Se os chefes não trabalham, se não dão bom exemplo em seus respectivos cargos, é óbvio que seus subordinados também não irão mostrar serviço, uma vez que trabalho público se tornou sinônimo de não fazer nada e de ficar encostado tratando de seus assuntos particulares ou cuidando da vida alheia. E, se ninguém trabalha, os cupins de aço vão destruir o bem público. Vejamos: além da corrupção endêmica, por que a Saúde pública chegou a este nível? Porque, em vez de estarem trabalhando, os gestores largaram suas obrigações de salvar vidas para se tornarem cabos eleitorais, como ocorreu em 2010, indo de casa em casa nos bairros pedir votos. E esse é apenas um exemplo. Então, consertar esse Estado arrasado não é fácil, porém não é tão difícil como se apregoa. Requer apenas um fato bem simples: querer trabalhar e ter vontade política. Mas, ao que parece, em Roraima instalou-se a “política do cupim”, onde sequer os administradores públicos se preocupam em fazer faxina ou consertar o que está quebrado em seu próprio local de trabalho. E olha que nem estou falando de corrupção… *Jornalista [email protected]