Opinião
Opiniao 15 01 2015 504
Palavras x Ações – Vera Sábio* “Intenção sem ação é ilusão, tente e o poder lhe será dado.” (Lair Ribeiro). “É fácil ser uma carroça vazia”, como nos revela uma “estorinha” simples, que quanto mais vazia a carroça esteja, mais barulho ela faz. Existem, no contexto político, diversas pessoas que têm o dom de persuadir com suas palavras encantadoras, em que realiza toda necessidade daqueles que vivem iludidos por suas promessas. Ouvindo-se ao longe o barulho das “carroças” que, por não terem cargas concretas de boas ações, rangem suas palavras sem cessar, todavia estas palavras são pouco concretizadas, faltando praticamente tudo ao povo mais sofrido. Isto é fácil de comprovar, não tendo como justificar o óbvio no instante que sai o resultado do Enem. Como afirmarmos que temos educação de qualidade, ao comprovarmos que maior que a população de Roraima foi o número das pessoas que zeraram a redação deste exame? E, pior ainda: qual a vontade dos políticos em realmente dar “munição”, ou seja, educação para serem derrotados por ela? Um povo instruído é capaz de pensar, de aprender a pescar e não aceitar o peixe pronto, ainda quando ele é muito pior do que o que conseguiria com seu próprio suor. Um povo instruído enxerga alem das aparências, verificando nas entrelinhas o quanto os políticos enriquecem durante seus mandatos, e o quanto o povo não acompanha este crescimento. Um povo instruído acredita no seu poder de votar e revolucionar um país se preciso for, fazendo com que seus direitos básicos de saúde, educação, segurança e bem-estar, sejam cumpridos. Finalidade essencial de cada político que esta no poder para o bem da nação. Um povo instruído não é de memória fraca ou seletiva, não deixa que o egoísmo o domine, mas entende que todos estamos no mesmo barco e que um furo neste barco, mais cedo ou mais tarde nos atingirá. Porém, embora as palavras não possam concretizar-se sem a união, força e ação do povo, tão carente dela. Deixo aqui minha reflexão na esperança que aqueles que as lêem coloque-as na prática, sendo cada um o condutor da sua história, com as melhores ações que possam produzir. *Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega CRP: 20/04509 [email protected] Celular 991687731 ———————————— Segura a onda, Dorian Gray – Jaques Sonntag* Depois de vários anos resolvi passar mais de trinta dias sem cortar o cabelo. Por consequencia, apesar de loiro, fui alertado de que meus cabelos brancos despontavam na lateral. Ao me olhar no espelho, automaticamente exclamei “segura a onda, Dorian Gray”, referência direta à música de Humberto Gessinger, que, por sua vez, remete à obra de Oscar Wilde e ao filme “Retrato de Dorian Gray”, contando a história de um jovem ingênuo que vende sua alma para que um retrato seu envelheça em seu lugar. Gostei. Na ideia de manter-me conectado com a atualidade, usei a frase como status do Whatsapp, retratando meu estado de espírito. A escolha desencadeou uma séria de reações de meus amigos e alunos, pensando estar eu me referindo ao personagem de “50 Tons de Cinza”, sensualizando em razão de alguém. Esse é o doce sabor da experiência. Os jovens conhecem “Mr.Grey”, mas não conhecem Dorain Gray. Manuseiam whattsapp mas nunca vivenciaram o mistério do ICQ. Pouco imaginam a funcionalidade de uma embreagem. Fui pego em surpresa perante o estusiasmo do brinquedo do ET na Universal quando minha filha indagou quem seria aquele bichinho simpático. Até explicar que Drew Barrymore não era apenas um pantera, “Estatutos do Homem” já havia virado texto de publicidade midiática, sem jamais ter passado pela mão perfeita de Thiago de Mello. Culpa do Brainstorming, prática de copiar aquilo que dá certo. A vantagem de não se vender a alma em troca de uma imagem permanentemente irretocável é o fato de poder dizer coisas que antes pensávamos mas não erámos levados a sério. Saber que Julio Iglesias já jogou no Real Madri é poder não tolerar leviandades que antes se faziam necessárias em função da pouca experiência. Afinal, tivemos heróis pouco ortodoxos. Branca de Neve morava com sete anões sem qualquer conotação sexual. Donald e Mickey jamais casaram com suas namoradas. E Popeye sempre obteve força comendo uma verdura bastante suspeita. A Coca-Cola pintou o Papai Noel de vermelho. Segundo Mary Schmich, geralmente pescamos o passado, pintamos as partes feias e reciclamos tudo por mais que vale. Sim meus amigos, Pedro Bial apenas gravou a crônica de Filtro Solar. Alías, além do próprio filtro solar, a vantagem de poder falar o que se pensa constitui como benefício insenível do passar dos anos, com a desvantagem latente de se ouvir a cruel sinceridade das crianças. Rubem Braga suplica: “ouvi, senhora, esta confissão de um senhor ido e vivido, ainda que mal e tristemente”. Segura a onda, Dorian Gray. *Advogado ————————————- Tudo vem e está no ensino – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Na situação do ensino primário está o termômetro mais seguro da civilização de um lugar”. (Rui Barbosa) Não faz tantos anos, assistimos a um debate político, ali, na Associação Comercial, em Boa Vista. Eram candidatos ao governo do Estado. Quando fiz uma pergunta a um ex-governador e candidato ao governo, sobre a precariedade do ensino no interior de Roraima, ele me respondeu: “Eu trago essas garotas do interior do nordeste para cá, porque para ensinar a essas crianças do interior, o professor basta saber ler e escrever”. Eu não tinha direito a réplica e por isso tive que engolir o sapo. Mas o que mais me preocupou foi que o auditório estava superlotado e não houve, sequer, um gesto de protesto ao disparate. Mas o mais grave é que continuamos e vamos continuar sofrendo as consequências da irresponsabilidade de governantes que não estão nem aí para a melhoria do ensino. E qualquer coisa que eu venha a dizer aqui, e agora, você já conhece, até mais que eu. O que temos ouvido no falar, mas não dizer, das autoridades justificando e prometendo, preocupa realmente. Todos são treinados politicamente para falar e não dizer. Ontem senti que uma repórter da televisão local estava se esforçando para fazer o entrevistado dizer em vez de falar. Confesso que fiquei com dó da repórter. Pelo que vi, senti que ela estava como eu estaria se estivesse no lugar dela. E o assunto era a precariedade nas prisões em Roraima. E haja enrolação. Nada foi dito que já não saibamos e saibamos por quê. Mas o mais preocupante é que o cidadão, que é o responsável pela montagem do palco, não está preocupado com a qualidade. Foi preparado num ensino primário em que as autoridades achavam que o professor não precisava mais do que saber ler e escrever. E olha que esse pensamento anacrônico vem se arrastando desde a época do Território. E o pior é que se firmou e quase não tem mudado. Muitos daqueles professores ainda estão por aí, pensando como pensavam. Já lhe falei do dia em que fui lecionar numa das escolas do interior e encontrei na folha de presença, o nome de um dos alunos que era: “Alrelho”. Estranhei e perguntei ao garoto o nome dele e ele respondeu: Aurélio! E o Alrelho foi escrito ali pela professora a quem eu estava substituindo. E embora pareça, acredite, isso não é piada. Mas vamos melhorar, acredito. Mas cabe a cada um de nós, enquanto cidadãos, fazer sua parte. Ou nos responsabilizamos ou continuaremos sendo vistos como títeres de titeriteiros, mascarados de políticos. Construamos nossa liberdade com sabedoria e responsabilidade. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460 ——————————– ESPAÇO DO LEITOR SELETIVADO O leitor Antonio Pereira, residente no Município de Mucajaí, disse ser um equívoco do governo não renovar o contrato dos professores seletivados. Segundo ele, a Secretaria de educação não conseguirá colocar em sala de aula os efetivos, pois muitos estão buscando algumas acomodações para serem alocados em cargos de gestão, deixando assim a sala de aula para segundo plano e, com isso, os alunos acabarão sendo prejudicados. Ele afirmou ter conhecimento de pessoas que possuem dois contratos no município e, mesmo assim, ainda brigam para assumir outros cargos de gestão. TRÂNSITO Em relação à matéria sobre a instalação de novos semáforos, o leitor Carlos Calheiros comentou que o trânsito na Capital nunca foi administrado com procedimentos técnicos, projetos e planejamento, tendo em vista que os cargos de gestão sempre foram ocupados por pessoas sem conhecimento específico. “Em 2011, engenheiros elaboraram um laudo de vistoria de diagnóstico do sistema viário da Capital, sendo apresentado a toda imprensa e encaminhado aos órgãos responsáveis pela política de trânsito para servir de balizamento para os próximos 10 anos, mas foi completamente ignorado pelas gestões do município”, frisou. TRÂNSITO 2 “O laudo relacionou 92 pontos críticos para intervenções de engenharia, propondo soluções a curto, médio e longo prazos. Para sua efetivação se fazia necessária a elaboração de projetos, assim como um planejamento de ações para sua efetivação. Porém, o laudo ficou esquecido nos porões da burocracia e da incompetência de gestão. Agora, depois de dois anos, conseguiram descobrir apenas 25 pontos. Esse é o custo que a população paga, quando um cargo de alta relevância técnica é ‘preenchido’ por pessoas sem qualificação e conhecimento de Engenharia de Trânsito”, complementou. MATADOURO Aluízio Morais comentou que o que tem sido encontrado nas inspeções feitas pelo governo nos órgãos “reflete a realidade de um verdadeiro sucateamento de equipamentos e principalmente condições mínimas de prestar um atendimento digno à população”. “Um exemplo claro desta situação foi a recente visita de técnicos ao Matadouro Frigorífico de Roraima, em que os próprios servidores relataram a situação em que se encontra o único local de abate de animais em Roraima, sem contar nos riscos em que os servidores estão expostos a condições insalubres”, escreveu.