Opinião

Opiniao 17 01 2015 515

Instituição periclitante – Afonso Rodrigues de Oliveira* “Uma instituição, que renega a lei de sua origem, é uma instituição periclitante”. (Rui Barbosa) Sem espalhafatos. Você não está preocupado com nossa situação política, em nível nacional? Eu estou. E isso porque estamos nos acomodando a disparates que estão sendo praticados, mascarados de soluções. Falo sério. Mas deixem-me me posicionar no meu modo de ver. Sou responsável pelos meus pensamentos. Expresso-os com tranquilidade, sem a preocupação de não estar sendo entendido. Posso estar errado, e daí? Quem não erra não acerta. Mas vamos lá. Como você vê essa contratação de médicos estrangeiros para o Brasil? Somos um país com duzentos e dois milhões de habitantes. Não somos uma vila num interior. Será que não somos capazes de formar nossos próprios médicos? Acho que não. Se fôssemos não necessitaríamos de trazê-los de fora. Nada contra os médicos contratados. Todos são bem-vindos. O problema não está com eles, mas conosco. Temos um zilhão e tanto de problemas na saúde que, com certeza, não vão ser resolvidos com os médicos, vindos de fora ou não. Todos os dias, ouvimos no espalhafato da mídia televisiva, o alerta para que as mulheres façam a mamografia. Ela é necessária para prevenir câncer de mama. Minha esposa é rigorosa nesse critério. Faz o exame com frequência. E eu vou com ela. Passou a semana toda me torturando para eu ir com ela a um setor especializado, onde ela sempre faz o exame. Fomos, ontem, 16 de janeiro, pela manhã. Ela foi bem atendida. Recebeu a senha de atendimento n° 9. A atendente avisou à outra: – É preferencial! A outra atendeu, preencheu, nos entregou a ficha de inscrição e falou simpática: – Pronto… A senhora vai ser atendida no dia 09 de maio. Se se pensar que estávamos no dia 16 de janeiro, dá pra concluir onde está o problema na saúde pública. Que, com certeza, não é a falta de médicos. Os médicos, que tomem cuidados porque estão sendo usados como desculpas para o desmando administrativo. Não sei se a intenção é realmente essa, mas muito mais prejudicial é o resultado da intenção. Vamos mudar isso. E você tem o poder de fazer isso. Viu que estou usando muito as palavras do Rui Barbosa? Então vamos encerrar este papo com mais uma dele, em relação ao nosso poder, como cidadãos, no poder público: “A condição mais substancial do voto é a sua liberdade. Sem liberdade não há voto”. Quando será que teremos liberdade para votar conscientemente? Só aí teremos condições para resolver os problemas na saúde pública e, sobretudo, na educação. Sem esta não teremos saúde nem segurança pública. Pense nisso. *Articulista [email protected] 99121-1460     ———————————————- Mais escolas, menos quartéis – Jaime Brasil Filho* Vivemos realmente em um mundo estranho. Os níveis de manipulação da percepção da realidade chegaram ao extremo. A esquizofrenia parece ser uma doença coletiva, conduzidas pela mídia e pelas autoridades, serviçais do grande capital. Parece que as sociedades têm certeza de ver e ouvir coisas que não existem. Aceitam as explicações mais irracionais como se fossem naturais, porque são tratadas como tal, e porque são repetidas exaustivamente. As sociedades deliram em histerias e paranoias orquestradas pelo espetáculo virtual que manipula suas almas. Imaginar aqueles líderes mundiais comandando uma passeata contra o “terrorismo” em Paris, dentre ele Netanyahu, líder de Israel, que mandou bombardear o povo palestino há pouco tempo, matando crianças e idosos, é o mesmo que colocar Hitler comandando uma manifestação em homenagem à memória daqueles que foram mortos nos campos de concentração durante a Segunda Grande Guerra. E, na verdade, os tais líderes não comandaram a manifestação! Eles estavam em uma rua ao lado, cercados de seguranças e puxa-sacos. Mas, a mídia montou suas fotos e manchetes como se fossem eles a liderar a manifestação. A revista Charlie Hebdo, até onde sei, era uma revista anarquista e que criticava ferozmente a extrema-direita francesa. E lá estava ela, a extrema-direita, fazendo discursos islamofóbicos e racistas em protesto contra a morte de anarquistas. O mesmo aconteceu no Brasil, quando o Movimento Passe Livre (MPL) iniciou as manifestações em 2013 e logo a direita se aproveitou da iniciativa para reivindicar demandas que são o oposto ao que o MPL pleiteava: mais igualdade e justiça social. Aqui em Roraima vi gente de direita se manifestando, naquele ano, contra as terras indígenas já demarcadas e homologadas. Imaginem… A maior prova da esquizofrenia coletiva é pensar que aqueles que estavam nas ruas protestando contra o atentado aos membros da Charlie Hebdo diziam estar ali para defender o princípio democrático à liberdade de expressão. Ocorre que justamente muitas emissoras que estavam transmitindo as manifestações são justamente as que usaram os trágicos fatos para insinuar, abrir espaço para que dissesse, ou mesmo sustentar explicitamente, que o problema é a existência de muçulmanos e de imigrantes na França e na Europa. Em resumo: uma manifestação contra a intolerância se transforma em um palanque para se defender a intolerância. Para quem não sabe, a França teve várias colônias na África e Oriente, ela explorou e foi tão atroz e cruel como os demais países colonizadores. Os imigrantes que estão lá, e mesmo os filhos dos imigrantes na França, estão lá porque, antes, os franceses fizeram tudo de errado e de reprovável em suas terras de origem. Lembro-me de ter visto uma inscrição em um muro na periferia de Paris que dizia: “Nós estamos aqui, porque vocês estiveram lá”. Pois bem, na França há mais de 5 milhões de muçulmanos, portanto qualquer generalização é errada. O islamismo é uma religião abraâmica, igual ao cristianismo e ao judaísmo. As três têm o mesmo patriarca e princípios. Tem as mesmas bases. O fundamentalismo existente, existe em muito por incentivo das próprias potências do ocidente, como é o caso da Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos e da França. Como exemplo: de onde era Bin Laden? Quem Treinou Bin Laden? Ele era de uma rica família do petróleo saudita e foi treinado por agentes dos Estados Unidos. Aliás, o Taleban inteiro foi treinado pelos Estados Unidos. Mas, essa esquizofrenia tem suas bases, suas causas cotidianas e domésticas. O que pensar de um governo que transforma escola em quartel? Pois é isso que se ensaia em Roraima. E não é somente uma escola qualquer, é uma escola tradicional que leva o nome do primeiro Professor de ofício do Vale do Rio Branco. Isto porque antes do Professor Diomedes Souto Maior, todos os professores eram clérigos ou militares que se prestavam a levar a educação formal aos que aqui viviam. Diomedes Souto Maior foi o primeiro Professor de Roraima, e foi responsável pela formação de várias gerações de roraimenses. Não bastasse essa abjeção, segundo matéria veiculada aqui na Folha de Boa Vista, mais de um milhão de reais foram destinados à reforma da escola, e nada foi feito. A escola está em escombros. Onde está o dinheiro? O que o Ministério Público tem a falar sobre isso? É sintomático de uma sociedade em decadência: transformar escolas em quartéis de polícia. É justamente a falta de educação de qualidade para todos a causa do aumento da violência. Quanto menos escolas e quanto pior for a qualidade do ensino, mais policiais serão necessários para manter a ordem injusta que neste país viceja há séculos: a Casa Grande e a Senzala. Como disse Caetano Veloso na música Haiti: “Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado/Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos/Dando porrada na nuca de malandros pretos/De ladrões mulatos e outros quase brancos/Tratados como pretos/Só pra mostrar aos outros quase pretos (E são quase todos pretos)/Como é que pretos, pobres e mulatos/E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados”. É preciso transformar os quartéis em escolas. Escolas de humanismo, de civilidade, que ensine aos que lá estudam a história deste país tão desigual, e que devemos lutar pela justiça e igualdade, e não simplesmente manter uma ordem injusta e desigual, que blinda e protege políticos corruptos, enquanto os pobres são tratados como escravos na senzala. Na tentativa de reverter a “esquizofrenia” coletiva reinante, quando falamos em democratizar a mídia e acabarmos com os monopólios e colocar o conteúdo das TVs e rádios abertas dentro do que exige a nossa Constituição; o que fazem os donos da mídia em seus programas jornalísticos manipulados? Acusam-nos de censura! De querer cercear o direito de livre expressão. Mas, são os próprios donos da mídia, esses que criam e alimentam a esquizofrenia coletiva, justamente esses, os que censuram a verdade e não deixam existir o debate e a livre expressão. Assim como no massacre da Charlie Hebdo, a mídia no Brasil quer proibir a democracia em nome da democracia, quer impedir a liberdade de nos expressarmos em nome da liberdade de expressão. Precisamos de menos quartéis e mais escolas. Precisamos pulverizar as concessões de canais de tv e rádios, para que todos possamos expressar nossas opiniões, e não apenas sermos vítimas das falácias e mentiras que a grande mídia tenta nos impor todos os dias. *Defensor Público —————————————— O elogio aumenta as boas ações – Vera Sábio* Somos acostumados a criticar, mesmo quando na maioria das vezes estas críticas não possuem nenhum intuito de nova conscientização, evolução dos pensamentos e renovação para algo diferente e bem melhor do que o que esteja acontecendo. A crítica improdutiva é vazia de mudanças e só cria revoltas e fofocas, não servindo realmente para nada de útil. Porém as críticas construtivas dispõem de mecanismos, de novas ideias e pensamentos, capazes de transformar os atos errados em ações boas e geradoras de progresso… Todavia, é perceptível claramente, que nosso Estado chegou a um nível, onde há apenas duas alternativas:  – ou se repensa as ações e não se comete tanta corrupção, egoísmos e interesses escusos, que acabam de vez com o progresso e o bem-estar do nosso povo.  – ou a maioria da população, que não está envolvida na grande roubalheira que se tornou este Estado, sofrerá tanto, a ponto de deixar sua pátria, ou ficar na miséria e descaso total. Chegamos ao ponto final, onde não tem como correr das mudanças por mais que as mudanças nos deixem apreensivos e as dúvidas insistam em dificultar nosso avanço. É preciso observar a passos lentos e com paciência, elogiando cada atitude que possa melhorar a triste situação que nos encontramos. Por isto acho muito louvável a atitude de colocarem as reeducandas para produzirem suas refeições e mesmo as refeições dos hospitais ou até mesmo das escolas. O trabalho dignifica o ser humano; “mente vazia, oficina do diabo”. Parabéns novos administradores deste Estado por tão sábia decisão… Esperamos ao longo desses anos, termos muito mais a elogiar do que a criticar. Estamos carentes de boas ações; a fim de acreditarmos que ainda vale a pena ser honesto, otimista e cheios de esperança e um estado de Roraima que merecemos. Que logo possamos deixar aqui nosso enorme agradecimento por nos terem “vistos” com os olhos do coração e doado as condições necessárias para que a ADVIR (Associação dos Deficientes Visuais de Roraima) volte a funcionar. *Psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega ——————————————- ESPAÇO DO LEITOR OBRAS O leitor Wagner Paiva comentou que já virou rotina na história de Roraima o superfaturamento de obras e, com o tempo, elas simplesmente acabam se transformando em verdadeiras ruínas, sem que os gestores sejam responsabilizados pela má aplicação dos recursos. Na avaliação do leitor, o que acontece é uma morosidade dos órgãos fiscalizadores que em muitos casos fazem vistas grossas e a certeza da impunidade acaba por alimentar este ciclo vicioso. MOVELEIRO Sobre as obras de construção do Polo Moveleiro, localizado no Distrito Industrial, o internauta Aluizio Guedes acredita que com a sinalização da devolução de R$ 10 milhões que foram liberados pela Suframa e com o acompanhamento minucioso do Tribunal de Contas da União, é possível que este valor seja devolvido pelo Estado, uma vez que não teve sua aplicabilidade de forma correta, a exemplo de muitas obras que estão nesta mesma situação. “Quando os gestores começarem a entender que a destinação dos recursos deve ser aplicada de forma correta e o desvio destes valores começar a ser de conhecimento público, vivenciaremos outra realidade”, comentou. INSEGURANÇA O internauta A.C.R., morador do bairro Bela Vista, comentou que a insegurança no bairro é preocupante. Ele afirmou que nem as escolas escapam da ação de vândalos, que já promoviam um verdadeiro saque as residências. Recentemente a Casa Mãe Bela Vista foi prejudicada, pois os ladrões levaram os alimentos da despensa, o fogão, a botija e até as panelas. Por isso, a merenda escolar dos alunos não tinha como ser feita. RONDA Vários leitores estão observando que a frequência com que os carros do programa Ronda no Bairro percorrem os bairros tem diminuído nos últimos dias. Um leitor relatou que na semana passada os moradores do Conjunto Cidadão tentaram por inúmeras vezes solicitar uma viatura no local para tratar de uma ocorrência envolvendo uma briga familiar, mas não obtiveram sucesso. A expansão com que os assaltos têm ocorrido nos primeiros dias de janeiro talvez esteja relacionada a esta diminuição do número de viaturas que percorrem os bairros da capital, sugeriu o leitor. “É necessário o patrulhamento constante de áreas em que concentram o maior número de roubos. Não podemos dar trégua aos bandidos”, observou.