Jessé Souza
Numeros nao mentem 29 01 2015 560
Números não mentem Jessé Souza* Se alguém tem alguma dúvida ou acredita que eu esteja fazendo alarde sobre a ação de criminosos no Estado de Roraima (bandidos organizados ou não), vou apresentar alguns dados que a polícia talvez não queira tratar com detalhes perante a opinião pública. Vamos lá. Foram 17 assassinatos até o dia 26 de janeiro deste ano, dos quais pelo menos 10 apresentam sinais de execução. No dia 1º, um jovem foi morto no Conjunto Cidadão sem que a polícia tenha apontado um acusado. No dia 07, ex-policial foi assassinato dentro do carro o bairro Olímpico, também sem acusados. No dia 08, policiais militares encontraram um corpo em uma mata perto da praia da Polar, cujas mãos estavam amarradas. No dia 12, o corpo de uma mulher também foi encontrado com as mãos amarradas no igarapé Caxangá, nas proximidades de uma boca de fumo. Neste mesmo dia, o Instituto Médico Legal (IML) divulgava a existência de outro corpo sem identificação. No dia 15, um empresário foi alvejado com cinco tiros sem que tenha sido apresentado o acusado. A onda de crime seguiu. No dia 18, homem foi assassinado no bairro Raiar do Sol, também sem acusado. No dia 20, corpo de um homem foi encontrado boiando nas águas do Rio Branco também com as mãos amarradas. No dia 25, homem foi executado dentro de casa, também sem que tenha sido apresentado um acusado. E, no dia 26, o corpo de uma autônoma que desapareceu em Boa Vista foi encontrado em Caracaraí, sete dias depois, também com as mãos amarradas e com sinal de escalpo. Analisando os números, foram 2,6 mortes por dia até o dia 26 deste mês com sinais de execução. Embora a Polícia Civil tenha dado entrevista descartando ligação entre as mortes cujos corpos tenham sido encontrados com as mãos amarradas e que não haveria ligação de facção criminosa com esses crimes, a quantidade de mortes por execução, cujos acusados não foram identificados, é alarmante. Números não mentem e eles estão aí para serem analisados. Isso significa que está ocorrendo o que eu sempre vinha dizendo aqui: as polícias, incluindo aí o Ronda no Bairro, da PM, estão apenas correndo atrás de bandidos e não estão conseguindo combater a criminalidade. O Ronda no Bairro proporciona apenas uma sensação de segurança, mostrando presença na rua, espantando galerosos, acabando com brigas inclusive familiares, prendendo alguns assaltantes e tirando fugitivos de circulação (mas que logo fogem da prisão). Mas o grosso do crime passa longe da política de segurança pública do governo. O fato é que estamos inseguros e não se vê reação das autoridades. Ou o Estado reage à altura, ou o crime minimamente organizado vai montar um poder paralelo. Se é que este poder já não esteja governando Roraima. *Jornalista [email protected]