Jessé Souza

Nao e o fim 04 02 2015 583

Não é o fim – Jessé Souza* Não sou de dar conselhos. Até porque eu não ando querendo fazer as coisas certinhas que a religião manda, que a internet manda, que a propaganda manda, que o político manda. Nem o politicamente correto me agrada, a não ser para defender direitos coletivos e de minorias que precisam realmente de proteção. Porém, se tivesse que me dirigir aos jovens diante desse mundo novo que está surgindo, fundindo realidade com ficção, eu diria: não se contentem a ser binários, não queiram ficar achando que só existe o “certo” e “errado”, o “bem” e o “mal”. O mundo agora é da contestação e do múltiplo. Ninguém sairá ileso. Eu só não aceito (e nunca vou aceitar) os que contestam por meio da violência, da agressão e do achincalhe. Tudo está sendo contestado e confrontado: os refrigerantes e sucos pelo excesso de açúcar, os restaurantes pela comida com gordura e sal, o carro por causa da fumaça, o comediante por suas piadas que atingem minorias, a imprensa por suas ligações incestuosas com governos… enfim, o mundo nunca mais será o mesmo. Na internet, os “binários” ainda acham que dominam o mundo por serem radicalmente contra isto ou aquilo; e até existem os que falam em nome de Deus ou como se fossem os próprios escritores da Bíblia. E assim justificam suas ações contra o que eles acham “aberração”. Esses, diante das transformações, pregam o apocalipse baseados na ampliação das bizarrices que eles veem nas redes sociais ou WhatsApp; ou na violência vendida pela mídia televisiva para alavancar audiência. O mundo está mais violento, é verdade, mas toda tragédia que se previa para acontecer a partir de 2000, o “novo milênio”, não passava de paranoias ou invencionices de quem vive querendo achar o fim de tudo, até do papel e da mídia. Jovens, fujam dos papas da desgraça. Tem muita gente blefando nas redes sociais, dizendo que fazem e que acontecem, mas que não passam de mentirosos e derrotados querendo que o mundo seja um fracasso, insosso, violento, inabitável ou um inferno bíblico. Não é. A internet, se mal usada, suga a mente das pessoas para o mundo obscuro, que só leva a achar que nada mais vale a pena. Há tempo para tudo, nada está perdido, mas as mudanças estão exigindo pressa, instantaneidade. E quem se apressar muito ou se apressar pouco pode ficar para trás. Mas isto não quer dizer o fim. Então, parem de achar que os problemas vão ser eliminados com a criação de um novo aplicativo ou surgimento de uma nova plataforma. A solução está em enxergar as transformações e em cuidar da plataforma mental. *Jornalista [email protected]