Jessé Souza

Cadeados e cercas 26 02 2015 665

Cadeados e cercas – Jessé Souza* As cidades são violentas mesmo. Dependendo da hora, do local e da forma como a pessoa se comporta nos ambientes, a violência a encontrará fatalmente. Mas isto não significa que a vida não presta mais, que o mundo vai acabar amanhã, que o local onde moramos passou a ser simplesmente um inferno. É aquela história: “Acredite em Deus, mas ponha cerca elétrica no muro de sua casa”. Ladrão gosta de facilidade, logo ele irá procurar agir onde haja menos obstáculos e onde ele veja desatenção (o demônio também age assim). Não há mais como fugir do cadeado, dos alarmes, das cercas e de outros meios de proteção. Os programas policialescos de TV que passam ao meio-dia e à noite acabam contribuindo para uma paranoia que está adoecendo as pessoas, como se o mundo não prestasse mais para se viver. As pessoas se deixam tragar pelo circo da violência que é utilizado para alavancar audiência. Essa doença se torna mais crônica quando as pessoas mergulham no universo sombrio das redes sociais e do WhatsApp, onde passam a ser alimentadas diariamente com mais cenas de violência, bizarrices, corpos retalhados e muito sangue no asfalto. Sugadas pelo “buraco negro” do mundo sombrio da internet, as pessoas adoecem a mente e o coração.  É por isso que as crianças e os jovens, principalmente, que ainda estão em formação de seu intelecto e de seu caráter, precisam se prevenir, assim como as famílias são obrigadas a reforçar o cadeado em suas casas e em seus veículos para se prevenirem da bandidagem; ou evitarem andar em certos locais e em determinadas horas. Da mesma forma que a TV, por necessidade de audiência, amplia o alcance da violência, a internet também cria um mundo sujo e feio além do que ele pode ser. E o cidadão incauto passa a perder a esperança e a tratar o outro como inimigo em potencial. Evidentemente que a TV e a internet trazem a contradição em si próprias, uma vez que a sociedade deve usar essas informações do mundo violento como alerta e prevenção, não como uma verdade absoluta. Buscar refúgio na leitura de bons textos e bons livros ainda é (e continuará sendo) o grande remédio para combater o grande mal midiático, para não se deixar sugar pelo “buraco negro” do caos que se prega nos veículos de comunicação e no dispositivos móveis, geralmente de forma gratuita.  Aos jovens, peço que observem um fato importante: não existem grandes personalidades e grandes profissionais que não leiam, que não busquem refúgios em livros (mesmo que acessando pela internet) ou que não façam uma leitura crítica dos jornais impressos tradicionais. A internet é um mundo realmente fabuloso. Mas as armadilhas estão montadas para pegar aqueles não estejam atentos e prevenidos. Então, coloquemos uma cerca elétrica mental. *Jornalista [email protected]